Justiça procura empresário em ação sobre escândalo do Gisa na gestão de Nelsinho Trad

Projeto com mais de 15 anos é alvo de pedido milionário da Prefeitura de Campo Grande. Dono da empresa que criou o Gisa está ‘em lugar incerto e não sabido’, aponta decisão judicial

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Um dos principais investigados no episódio conhecido como “Escândalo do Gisa”, ainda na gestão do ex-prefeito e hoje senador Nelsinho Trad (PSD), o empresário Naim Alfredo Beydoun está “em local incerto e não sabido”. Assim, a Justiça optou por notificá-lo por edital a fim de se manifestar em ação civil pública. Em foco, o ressarcimento de mais de R$ 16 milhões aos cofres de Campo Grande.

Nelsinho Trad figura entre os citados em nova ação sobre o Gisa; empresário é procurado (Agência Senado, Arquivo)
Nelsinho Trad figura entre os citados em nova ação sobre o Gisa; empresário é procurado (Agência Senado, Arquivo)

Naim Beydoun figura como sócio-proprietário da Telemídia & Technology International Comércio e Serviços Ltda. Trata-se da empresa contratada pela administração de Nelsinho na Capital para desenvolver um sistema que visava a otimizar o Sistema Municipal de Saúde. Por ele, desde o acesso a prontuários e exames à trocas de informações por pacientes passaria por otimização. Assim, esperava-se tornar a prestação de serviço à população mais ágil.

Bem formatado no papel, o sistema não chegou a funcionar de forma efetiva. Como resultado, a administração de Campo Grande se viu obrigada a devolver ao Governo Federal, em valores corrigidos, recursos aportados no Gisa –conforme definido na administração de Gilmar Olarte.

Despacho da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos publicado em 8 de fevereiro no Diário de Justiça do Estado destaca que a requerente –a Prefeitura de Campo Grande– afirmou que Naim Beydoun “se encontra em local incerto e não sabido”, levando o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa a determinar sua citação por edital.

Dono da empresa que criou o Gisa tem 30 dias para se manifestar

Dessa forma, com base no Código do Processo Civil, Beydoun terá 30 dias para responder à citação. “Caso o requerido não se manifeste no prazo legal, desde já fica nomeado o Defensor Público que atua nesta Vara como curador especial”. No mesmo despacho, três veículos que tiveram restrições impostas pela Justiça tiveram a condição levantada, estando assim disponíveis para seus proprietários.

Trata-se de mais um capítulo na extensa e complexa novela que se tornou a gestação do sistema de Gestão de Informações em Saúde, o Gisa. Apresentado na gestão de Nelsinho Trad, que à época teve como secretário municipal de Saúde Luiz Henrique Mandetta –mais tarde eleito deputado e que chegou ao Ministério da Saúde–, o sistema foi alvo de denúncia do MPF (Ministério Público Federal) em fevereiro de 2015.

Nelsinho e Mandetta, além do sucessor do ex-secretário, Leandro Mazina, figuram entre os denunciados em ação civil pública patrocinada pela Justiça. Assim, ação com mais de 20 réus apontou irregularidades desde a licitação do sistema, supostamente direcionada para que a Telemídia se sagrasse vencedora, até a implantação do Gisa.

Gisa deveria reduzir filas na Saude, mas promessa se tornou investigação por fraudes (Jornal Midiamax, Arquivo)
Gisa deveria reduzir filas na Saude, mas promessa se tornou investigação por fraudes (Jornal Midiamax, Arquivo)

A instalação do sistema ocorreu de forma incompleta, com o programa particionado em módulos e funcionando apenas em caráter experimental. Apenas 4 das 12 funcionalidades contratadas teriam, de fato, chegado às mãos da Sesau, narram denúncias sobre o caso.

Inicialmente, o sistema, com contrato assinado em 2008, custaria pouco mais de R$ 8 milhões.

‘Jogo de empurra’, acordo para devolução e cobrança judicial

Nelsinho Trad, por sua vez, alegou na Justiça que foi seu sucessor, Alcides Bernal (PP) o responsável pelo fracasso do Gisa. Tal tese acabou corroborada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), que chegou a condenar Bernal por não colocar o sistema para funcionar.

Enfim, na gestão de Olarte, deu-se a rescisão unilateral do convênio com a prefeitura pelo Ministério da Saúde, visando a devolução do dinheiro do Gisa, diante de sua não instalação e das alegadas irregularidades na licitação. Aqui, a conta já superara a casa dos R$ 9,7 milhões.

Paralelamente, a Prefeitura de Campo Grande recorreu à Justiça cobrando os R$ 16 milhões em ressarcimento pelos problemas com o processo do Gisa –ação na qual o Judiciário procura Beydoun para se manifestar na decisão do juiz Ariovaldo Corrêa.

Assim, nesta, aparecem outras empresas que aparecem como parceiras ou fornecedoras de insumos para o desenvolvimento do Gisa. Por fim, já em maio de 2023 apontava-se dificuldade em se encontrar Naim Beydoun, que segue sem advogado constituído no processo.

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