Inquérito conduzido pela 25ª Promotoria de Justiça apura suposto golpe que teria deixado prejuízo que pode chegar na casa dos R$ 10 milhões a investidores de Campo Grande. Além disso, correm processos na Justiça de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina sobre o caso.
O caso foi denunciado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por investidores que afirmam terem aplicado recursos financeiros através de plataforma, por meio de uma empresa, para aplicações em corretoras. No entanto, não conseguiram reaver os valores investidos, bem como os rendimentos.
Conforme consta nos autos, o grupo de investidores foi chamado para fazer parte da plataforma, em agosto de 2022.
Na denúncia, constam nove pessoas se apresentando como vítimas. No entanto, o número pode ser maior.
Promessa de altos rendimentos
Como consultor da empresa de consórcio por anos, empresário teria grande rede de contatos de pessoas com valores disponíveis para investimentos como pecuaristas e empresários.
Dessa forma, convidava esses potenciais investidores a aplicar recursos em uma nova plataforma, usando o nome da empresa, para dar mais credibilidade.
Conforme consta na denúncia, ele iria administrar uma carteira de investimentos para aplicações em corretoras.
A promessa era ousada, mas nem tanto. A supostas vítimas eram convencidas a aplicar grandes quantias para terem retorno de cerca do dobro do CBD, que é considerado muito osado por alguns especialistas ouvidos pela reportagem.
Saques começam a atrasar e sonho de investimento desmorona
Os investidores tinham acesso a uma plataforma em que poderiam acompanhar seus investimentos. Ainda, poderiam resgatar os rendimentos a cada três meses.
O resgate do valor total investido só seria liberado a partir de 12 meses depois.
O problema começou em novembro de 2023, quando a plataforma começou a atrasar os repasses dos rendimentos aos investidores. Até que em determinado momento, a empresa passou a não atender aos pedidos de saques. Um mês depois, o CNPJ da empresa é encerrado, conforme a Receita Federal por “encerramento liquidação voluntária”.
Indiciamento por estelionato
Consta nos autos do processo no MPMS o indiciamento feito pela PF (Polícia Federal) contra o empresário pelo crime de estelionato.
Então, a PF decidiu indiciar o suspeito após investigações apontarem que ele teria apresentado atestado médico falso ao banco em que trabalhava em Santa Catarina.
Ficou comprovado a falsidade do documento, bem como ele já estava atuando como consultor da empresa enquanto estava afastado por licença médica pelo banco.
Um grupo de investidores chegou a ser procurado pelo suspeito, para ingressarem juntos com uma ação, já que ele alegava também ser vítima da empresa.
No entanto, quatro investidores desistiram do processo. Outros três foram intimados a manifestar interesse na continuação da ação, o que ainda não ocorreu.
Suspeito ser vítima
À reportagem do Jornal Midiamax, o advogado do investigado enviou nota alegando que seu cliente também foi vítima.
“A tentativa de atribuir a responsabilidade pelas práticas do grupo (…) consiste em uma busca irresponsável por uma fonte alternativa de ressarcimento civil. Essa imputação é objetivamente falsa, contraria procedimentos investigatórios oficiais, conduzidos pelas autoridades de outros estados, e apresenta caráter calunioso e difamatório, o que já está motivando a adoção de todas as medidas policiais e judiciais cabíveis contra os envolvidos”, diz a nota.
Ainda conforme o advogado, o cliente compareceu ‘espontaneamente’ ao MPMS “antes mesmo de qualquer intimação para auxiliar nas investigações e nos colocar à disposição das autoridades”, explica.
Posicionamento
Após a publicação da matéria, a empresa se manifestou e informou que não manteve relacionamento com as outras empresas mencionadas. Assim, ressaltou que “as unidades de negócio licenciadas, bem como os seus consultores, estão autorizadas a comercializar exclusivamente produtos e serviços da marca”.
Por fim, esclarece que não possui nenhum vínculo com as atividades relatadas realizadas pelo empresário, bem como os atos denunciados perante o Ministério Público de Mato Grosso do Sul não se referem aos produtos e serviços da marca.
*Matéria editada em 11/03/2025, às 15h49, para remoção dos nomes das partes envolvidas