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Transparência

Foragido por fraude no Detran-MS é réu em ação penal e já foi acusado de integrar quadrilha de furto de carros

Além disso, David Hoffaman é réu em ação penal que investiga roubo de R$ 300 mil no contexto da Operação Vostok
Gabriel Maymone -
David tem mandado de prisão em aberto contra ele (Reprodução)

O despachante – e empresário – David Cloky Hoffamam Chita, foragido após ser implicado em operação policial como mentor de fraudes no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), possui passado envolvendo quadrilha de roubo de veículos, falsidade ideológica, além de ter sido implicado no contexto da Operação Vostok, deflagrada em 2018 contra esquema de pagamento de propinas da JBS a autoridades estaduais.

Em um dos processos contra ele que corre na Justiça, David é apontado por praticar crime semelhante ao que resultou em mandado de prisão o qual ainda não foi cumprido: fraude em documentação de veículos no Detran-MS.

Na ocasião, em fevereiro de 2014, denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) apontou que David agiu em conluio com um servidor do Detran-MS para regularizar ‘kit xênon’ em uma Saveiro – item proibido pela Legislação de Trânsito (com exceção aos que já possuam de fábrica). Assim, o juiz Waldir Peixoto Barbosa designou audiência de instrução e julgamento para o dia 5 de maio de 2025.

A forma de agir era semelhante à identificada em fevereiro deste ano, após investigações do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) apontarem que ele cooptou servidora do órgão de trânsito para dar baixas em caminhões com restrições em troca de pagamentos. Ele recebia informações sobre veículos restritos e cobrava R$ 10 mil dos proprietários para fazer liberação. A operação rendeu, segundo relatório policial, cerca de R$ 290 mil em apenas um dia. O valor pode chegar a R$ 2 milhões, já que a polícia aponta que o número de veículos liberados clandestinamente pelo grupo pode chegar a 200.

Outra ação – a qual David foi absolvido na Justiça Federal – aponta que ele teria sido contratado por R$ 12 mil para ‘limpar multas’ que ultrapassavam os R$ 397 mil de caminhonete comprada por empresário que foi flagrado em barreira da PRF (Polícia Rodoviária Federal). O esquema seria o mesmo: o despachante agiria em conluio com servidores do Detran-MS para apagar irregularidades e emitir um documento falso. No entanto, o juiz federal Ney Gustavo Paes de Andrade absolveu David por falta de provas.

Em 2014, a Polícia Civil divulgou que David faria parte de quadrilha de furto de carros em pátio de concessionária em Campo Grande. O papel de David seria atuar na questão documental para simular a compra e venda dos veículos.

Além disso, David possui empresas em variados segmentos como padaria no bairro Pioneiros, transporte rodoviário de carga (com sede em sua própria residência no Amambaí), segurança e vigilância no Imá, Revenda de veículos na Júlio de Castilho, oficina de motos no Guanandi e seu despachante (que também tem sua residência como sede).

Vale ressaltar que David não possui condenação transitado em julgado.

Confira a nota do Detran-MS sobre a operação que resultou no mandado de prisão de David:

“A investigação em questão corre sob sigilo de justiça, de maneira que, como determina o devido processo legal, afastamentos e demais processos administrativos, cíveis ou criminais, devem ser tratados como prevê a legislação.

O Detran-MS reforça que colabora com os órgãos de controle, interno e externo, para garantir apuração célere e punição rigorosa de eventuais servidores envolvidos em quaisquer práticas ilegais e/ou criminosas.

Reiteramos que a identificação de atividade ilícita que culminou com as investigações em curso, só foi possível graças ao monitoramento ininterrupto feito pelo Departamento de Trânsito, que identifica ações ou operações atípicas dos servidores, gerando alertas para os departamentos responsáveis investigarem mais a fundo.

Com relação ao despachante citado, ele foi descredenciado do Detran-MS”.

Operação já havia identificado mesmo esquema no Detran-MS

No ano passado, David foi alvo de buscas em operação também realizada pelo Dracco contra fraudes no Detran-MS. No contexto da ação chamada 4º Eixo, David também não havia sido localizado. Contudo, não havia ordem de prisão contra o despachante.

Basicamente, o modus operandi é o mesmo. Com colaboração de servidores de dentro do Detran-MS – que recebiam propinas – o grupo burlava restrições a caminhões, mediante ‘extorsão’ aos proprietários, que pagavam determinado valor para o grupo liberar seus veículos.

Réu na Operação Vostok

David é um dos réus da Operação Vostok, em ação penal que tramita na Justiça estadual. Envolvido em outras ações com ele, Luiz Carlos Vareiro é considerado peça-chave da Operação.

A operação foi deflagrada em 2018 a partir de investigação que tem como base delação premiada feita pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, donos da JBS.

A ação investigou grupo que roubou R$ 300 mil que seria fruto de propina destinada ao corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o ‘Polaco’, em novembro de 2017, na BR-262. O suposto esquema citado pelos irmãos usava notas frias de compra e venda de gado para tentar esquentar o dinheiro oriundo de propina para conceder incentivos fiscais a empresas que operassem no Mato Grosso do Sul.

Conforme as investigações, David teria intermediado o suposto crime, contratando seu conhecido, o ‘Véio’, para o roubo do malote, conforme as investigações da PF (Polícia Federal).

Ligação com ‘Véio’

A operação ressaltou a ligação entre David e Vareiro. Em denúncia de 2019 do MPMS contra Vareiro, a 13ª Promotoria de Justiça de apontou que Vareiro teria aplicado “diversos golpes financeiros nesta capital”.

Ação na Justiça denunciada pelo proprietário de um imóvel em Campo Grande acusa David e Vareiro de atuarem em esquema de falsificação de procuração para vender um imóvel que seria desse proprietário.

Conforme inquérito policial anexado aos autos, Vareiro teria procurado um corretor de imóveis com a procuração, dizendo ser dono do sítio. Então, a propriedade foi alienado por R$ 90 mil a uma mulher e, depois de seis meses, o imóvel foi vendido pelo dobro do preço para David.

Em maio de 2022, o juiz Atílio César de Oliveira Júnior chegou a anular a venda do imóvel, alegando o uso de documentação falsa. No entanto, David recorreu na Justiça e conseguiu a anulação da sentença, mantendo assim a propriedade do imóvel em seu nome.

O advogado de defesa de David, Wilson Tavares, foi procurado pela reportagem e disse que enviaria uma nota com posicionamento sobre as acusações que pesam contra seu cliente. Mas, até esta publicação, a nota ainda não havia sido enviada. O espaço segue aberto para posicionamento.

A defesa de Luiz Carlos Vareiro também foi procurada pela reportagem, mas não emitiu posicionamento até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

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