O pré-candidato do PSDB à Prefeitura de Campo Grande, Beto Pereira, foi condenado administrativamente no TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) por irregularidades que cometeu quando era prefeito de Terenos – município distante 30 km de Campo Grande. Agora, o deputado federal tenta se ‘blindar’ contra a inelegibilidade que pode deixá-lo fora da disputa.

Além disso, para escapar de ficar inelegível, Beto entrou com pedidos em três processos no Tribunal de Contas referentes à época quando foi prefeito de Terenos. Dois deles caíram nas mãos de conselheiros indicados pelo ex-governador e atual presidente do diretório regional do PSDB, Reinaldo Azambuja.

Dessa forma, dois pedidos para suspender condenações de Beto Pereira foram concedidos pelos conselheiros Flávio Kayatt e Márcio Monteiro, ambos indicados juntos pelo então governador tucano Reinaldo Azambuja, em novembro de 2017. Vale ressaltar que Monteiro ocupava cargo de secretário de Fazenda no governo tucano e Kayatt foi deputado estadual pelo PSDB.

Os dois foram indicados por Reinaldo e aprovados com votos dos deputados estaduais, inclusive, do próprio Beto Pereira quando estava na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

Ao centro, na mesa, Beto Pereira que exercia mandato de deputado estadual no dia da aprovação de Flávio Kayatt e Marcio Monteiro ao TCE-MS (Divulgação, ALMS)

Os recursos apresentados pela defesa de Humberto Rezende Pereira, o Beto Pereira, são referentes a três processos que apontaram irregularidades enquanto prefeito de Terenos – cargo que ocupou entre 2005 e 2013.

Duas condenações tratam sobre irregularidade em licitação e outro em contrato de prestação de serviço. Todos resultaram em dano ao erário – prejuízo aos cofres públicos.

Um terceiro processo está com o conselheiro substituto Leandro Lobo Ribeiro Pimentel, que ocupa o lugar de Ronaldo Chadid, afastado junto com Waldir Neves – ex-deputado federal filiado desde 1995 no PSDB – por corrupção no TCE-MS. Ele também suspendeu os efeitos da decisão do processo até que haja novo julgamento do recurso.

Fraudes em licitações e irregularidade em prestação de contas

Com Márcio Monteiro está um pedido para anular decisão que condenou Beto Pereira a devolver R$ 33.981,42 aos cofres públicos de Terenos por irregularidades relativas ao exercício financeiro municipal de 2012.

Para derrubar a condenação administrativa que tornaria Beto Pereira inelegível, a defesa do tucano alega prescrição, já que o recurso ficou parado por mais de três anos até ser julgado.

Reinaldo Azambuja ao lado do seu ex-secretário de Fazenda e indicado por ele ao cargo de conselheiro do TCE-MS, Márcio Monteiro (Divulgação)

Outro recurso quer anulação de decisão que considerou irregular licitação de 2012 que resultou em contrato entre a Prefeitura de Terenos e a empresa Locatelli & Trentin Ltda. Isso porque o TCE-MS considerou que houve direcionamento da licitação, já que foram convidadas apenas três empresas, sendo que duas delas demonstraram ser das mesmas pessoas. Para isso, Beto Pereira foi condenado a devolver um total de 20% do valor total do contrato, que corresponde a R$ 15.478,00.

Apesar de Beto Pereira ter entrado com recurso – que foi negado – contra a decisão, alegou, agora, que o então presidente da Corte na época deixou passar mais de dois anos para analisar o recurso. Baseado nisso, o pré-candidato alegou “cerceamento da defesa”. Este pedido está sob análise do conselheiro substituto Leandro Lobo Ribeiro Pimentel.

Kayatt e Monteiro atenderam ao pedido de blindagem para Beto

Conselheiro do TCE-MS, Flávio Kayatt (esquerda) com Reinaldo Azambuja (Divulgação)

Por fim, o ex-deputado tucano Flávio Kayatt concedeu, no dia 15 de julho, a suspensão da condenação referente a uma irregularidade constatada em contrato entre a prefeitura de Terenos – sob a gestão de Beto Pereira – e a empresa Tecvia Engenharia e Serviços Ltda. para asfaltar algumas ruas do município.

Isso porque, o TCE-MS constatou que a empresa teria executado somente uma parte do serviço. Então, Beto foi condenado à devolução de R$ 30.970,16 aos cofres públicos.

Assim como nos outros casos, o ex-prefeito de Terenos tentou recurso – e perdeu. Nesse caso, a defesa do tucano diz que não foi devidamente intimada, perdendo a possibilidade de interpor um pedido de revisão.

Beto Pereira cobrado na Justiça por não pagar multa do TCE-MS

A PGE (Procuradoria-Geral do Estado) ingressou com cobrança judicial, em 2017, após Beto Pereira (PSDB) não arcar com pagamento de multa do TCE-MS, no valor total de R$ 12.816,37.

No decorrer do processo, a PGE chega a pedir penhora dos bens do pré-candidato para quitar o débito. Em março de 2020, a Justiça mandou bloquear total de R$ 8.102,26 das contas de Beto Pereira, mas só encontrou R$ 504,75 em contas no nome do tucano em seis bancos diferentes.

No entanto, após o ‘puxão de orelha’, o tucano resolveu fazer acordo e parcelar a dívida em prestações de R$ 675,19 e pediu o desbloqueio da conta.

Denunciado por improbidade

Ação de improbidade administrativa movida pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) denunciou Beto Pereira por irregularidades em contrato de 2011 com a empreiteira VBC Engenharia por superfaturamento em contrato para obra no centro de Terenos.

No entanto, no decorrer do processo, o MPMS removeu Beto Pereira da ação após fazer acordo com o proprietário da empreiteira, que assumiu a responsabilidade das irregularidades.