O vereador licenciado de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), teve valores bloqueados de suas contas bancárias por determinação judicial para quitar prejuízos deixados em imóvel utilizado durante sua campanha eleitoral, em que ficou como suplente para vereador, em 2020.

O imóvel localizado no Jardim Bela Vista está nas mãos do PSDB desde 2011, quando a proprietária firmou contrato de locação com a pessoa física de Reinaldo Azambuja Silva, recém-empossado deputado federal e presidente estadual da sigla na época. (Reinaldo presidiu o PSDB de 2007 a 2013, depois voltou ao comando da sigla em 2022)

Primeiro contrato de locação foi feito em nome da pessoa física de Reinaldo Azambuja, que anos depois transferiu para o PSDB (Reprodução)

Depois, em 2016, Reinaldo transfere o contrato para o CNPJ do diretório municipal do PSDB, representado pelo então presidente da época, Lívio Leite. Dois anos depois, em 2018, o diretório passa a titularidade do contrato para o pecuarista ligado ao PSDB Marcelo de Araujo Schneider, tendo como fiador o então tesoureiro do PSDB, Volmar Dalpasquale.

Nesse intervalo de tempo, o partido chegou a ter o imóvel como sede do diretório municipal, que depois foi transferido para outro endereço, no Jardim dos Estados. Atualmente, tanto a sede municipal como a regional estão na Avenida Ministro João Arinos.

PSDB chegou a utilizar imóvel como sede por pouco tempo (Reprodução, Google Street View 2017)

Da cúpula do PSDB para a campanha de Claudinho Serra

No entanto, apesar de estar nas mãos da cúpula do partido, em 2020, o imóvel foi novamente transferido. Dessa vez, para o CNPJ da campanha para vereador de Claudinho Serra (PSDB), que assumiu todas as obrigações com o imóvel. Para este contrato, o tucano colocou o pai e a mãe como fiadores.

Conforme a proprietária, em abril de 2021, iniciaram o procedimento para a devolução do imóvel. Na ocasião, foi feita vistoria e a imobiliária responsável por administrar o imóvel em nome da proprietária identificou diversos reparos que deveriam ser realizados.

Em 2020, contrato original firmado com Reinaldo Azambuja é transferido para a campanha de Claudinho Serra (Reprodução)

No entanto, Claudinho Serra se negou a realizar os reparos dos estragos deixados no imóvel. “Cumpre salientar que em 02/08/2021 a Locadora, diante da recusa do locatário em realizar os reparos necessários”.

Por fim, a proprietária pediu que “nesse compasso, os requeridos são devedores da quantia de R$ 15.500,00 (quinze mil e quinhentos reais) correspondente aos reparos necessários para a retomada do imóvel em idênticos moldes quando do início da locação, devendo incidir sobre tal montante correção monetária e juros de mora de 1% ao mês, desde o inadimplemento”.

Em despacho de junho de 2023, o juiz Fábio Henrique Calazans Ramos deu 15 dias para Claudinho Serra quitar a dívida, sob pena de multa. Sem manifestação do tucano, o juiz determinou penhora de bens em nome de Claudinho e dos pais – fiadores no contrato – de até R$ 28.219,26, valor já atualizado e corrigido com a multa.

Nas contas bancárias em nome de Claudinho Serra, que exercia cargo de secretário municipal de Fazenda de Sidrolândia – quando segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) comandou esquema de corrupção no município -, a Justiça encontrou somente R$ 1.846,16 – em dez bancos.

Já na conta do pai de Claudinho, a Justiça conseguiu bloquear somente R$ 23,76. Por fim, o maior valor foi bloqueado da conta da mãe do vereador licenciado, que totalizou R$ 37.518,44. Isso porque, no pedido, o juiz manda bloquear o limite do valor da dívida para cada conta. No caso da mãe de Claudinho, foram encontrados os valores em contas diferentes.

Juiz mantém valores penhorados

A mãe de Claudinho chegou a pedir ao juiz para desbloquear os valores, que seriam usados para seu sustento. No entanto, o pedido foi negado na última terça-feira (6).

Juiz nega desbloqueio de contas da mãe de Claudinho Serra (Reprodução)

Procurado pela reportagem do Jornal Midiamax, o advogado que representa Claudinho Serra e a mãe dele no processo, Rafael Soares Rodrigues, declarou apenas que: “Se trata de uma questão de pintura e consertos em um imóvel alugado em 2020. Já está sendo solucionado, uma vez que o débito já foi sanado pela via processual”.

A reportagem também acionou o presidente do PSDB, Reinaldo Azambuja, que não retornou as ligações. O tucano visualizou as mensagens com os questionamentos, mas não respondeu até esta publicação. O espaço segue aberto para posicionamento.

O PSDB também foi acionado oficialmente, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.