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Transparência

Filho tenta declarar na Justiça a morte de traficante rival de grupo criminoso liderado por PM

Adib Kadri e a esposa Camila Wazlawick estão desaparecidos desde 2018
Renata Portela -
PF na Operação Ferrari, que teve os irmãos Kadri como alvos (Divulgação, PF)

Casal originalmente dono de uma mansão em Mundo Novo, que passou a ser ocupada por Roseléia Teixeira Piovezan Molina Azevedo, ex do subtenente da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) Silvio Cesar Molina, está desaparecido desde 2018. Homem que declara ser filho de Adib Kadri, que há 5 anos não é visto, pede na Justiça a declaração de morte presumida.

O MPPR (Ministério Público do Paraná) confirmou que a mansão então ocupada por Roseléia e o atual companheiro, um advogado, pertencia a Adib e a mulher, Camila Wazlawick. O casal ainda é declarado desaparecido, mas as investigações apontam para uma possível execução.

Isso, porque Adib seria integrante de uma organização criminosa, alvo de operações da Polícia Federal, que tinha como rival o grupo liderado pelo subtenente Molina. O policial está preso atualmente, condenado por série de homicídios, entre outros crimes.

Enquanto isso, por conta do desaparecimento do casal e também da morte do irmão de Adib, Nasser Kadri, outros criminosos alienaram bens e imóveis da família com documentos falsos. Já na Justiça de Mato Grosso do Sul, filho de Adib luta para declarar a morte do pai e ter direito aos bens.

Morte presumida

A ação de declaração judicial de morte presumida, com alvará para levantamento de valores e administração de bens, com pedido de tutela de urgência, foi impetrada em junho deste ano. Os advogados relembram o desaparecimento de Adib.

Além disso, foi anexado aos autos o processo em que o filho pede a investigação de paternidade. A ação tramitou na 1ª Vara Cível de Chapadão do Sul e confirmou que o homem é filho de Adib.

Desta forma, foi emitida nova Certidão de Nascimento, acrescentando o sobrenome Kadri ao nome do filho de Adib, bem como constando o nome do pai no documento. O desaparecimento de Adib e da esposa foi registrado em janeiro de 2018.

Adib Kadri teria saído em direção ao Paraguai e não foi mais visto. A esposa também desapareceu e o pai dela registrou boletim de ocorrência.

Em decisão no mês passado, o juiz Guilherme Henrique Berto de Almada, da 2ª Vara de Mundo Novo, determinou que a defesa localize os pais de Adib. Isso porque eles ainda estariam vivos e têm preferência legal na nomeação como curadores dos bens do filho.

Alienação dos imóveis e prisões

Desde agosto de 2022, advogado e Roseléia Teixeira Piovezan Molina Azevedo estão presos em , após serem alvos da Operação Fauda, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Londrina (PR).

Recentemente, o advogado foi penalizado por uma transgressão cometida na Sala de Estado Maior, no Presídio Militar. Segundo divulgado pelo Gaeco, o advogado e Roseléia estavam morando em uma mansão em Mundo Novo, distante 469 quilômetros de Campo Grande.

Na época, jornais divulgaram a vida luxuosa que a mulher ostentava nas redes sociais. Acontece que a mansão era originalmente de um outro casal, que está desaparecido desde 2018 e foi dado como morto.

A morte teria sido encomendada pelo grupo criminoso alvo da Operação Laços de Família, da Polícia Federal. Essa operação investigou a organização criminosa que, segundo a PF, era liderada por Silvio César Molina Azevedo, então subtenente da Polícia Militar em Mato Grosso do Sul, marido de Roseléia.

Briga entre organizações criminosas

A operação do Gaeco, denominada Operação Fauda, foi deflagrada em 4 de agosto e cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão. Em MS, foram cumpridos mandados em Mundo Novo e .

Os criminosos são acusados de lavagem de dinheiro, extorsão, estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso e associação criminosa.

Em 2021, tiveram início as investigações, após uma mulher ser presa em flagrante pelo Gaeco, se passando por esposa de Adib Kadri. Adib é irmão de Nasser Kadri, executado em emboscada que teria sido ordenada por Molina.

Os dois irmãos foram alvos das operações da Polícia Federal, Zaqueu e Ferrari. A mulher estava num cartório de notas, tentando transferir um imóvel residencial de alto padrão pertencente ao criminoso.

A partir da prisão dessa mulher, o Gaeco identificou um grupo criminoso de Arapongas (PR), que falsificava documentos para registrar procurações e escrituras públicas, se apropriando de bens de origem ilícita. Esses bens seriam imóveis, veículos e dinheiro pertencente ao casal, investigado por tráfico de drogas pela PF também nas operações Zaqueu e Ferrari.

O casal, Adib e Camila, está desaparecido desde 2018, supostamente após ter sido morto a mando do grupo rival de narcotraficantes, liderado pelo Subtenente Molina. Na época da operação, o PM já estava em presídio federal.

Molina foi condenado e também cumpre pena por homicídio qualificado, praticado contra diversos integrantes da organização criminosa investigada na Operação Zaqueu.

Como casal se apossou de mansão

Paralelo às organizações criminosas, o casal que está desaparecido teve uma fazenda e a mansão de Mundo Novo alienadas para Roseléia e outros investigados, mediante fraude. Ela estava vivendo na mansão quando foi presa na operação, em agosto de 2022.

Na casa também vivia o advogado, apontado como companheiro dela, atualmente detido no Presídio Militar em Campo Grande. Tanto a quadrilha de Arapongas como a quadrilha de Mundo Novo teriam se valido de familiares do casal desaparecido para facilitar as transferências dos bens.

Os investigados teriam movimentado, com as fraudes, ao menos R$ 4 milhões do casal que está desaparecido.

Transgressão no presídio

Atualmente, Roseléia cumpre pena no Irmã Irma Zorzi, enquanto o advogado está em Sala de Estado Maior, no Presídio Militar Estadual. Ele estaria preso temporariamente, com pedido de transferência para o Paraná, de onde foi expedido o mandado.

A transgressão teria acontecido na tentativa de contato entre os réus, por videoconferência. A princípio, o advogado teria contatado outro advogado que cumpre pena no mesmo presídio, mas em regime aberto.

Este segundo advogado foi detido na Operação Lobos, da Polícia Federal, acusado de crimes de armazenamento de vídeo e fotos de pornografia envolvendo crianças e adolescentes. Durante as investigações, houve acusação também de estupro de vulnerável.

Dessa forma, em abril foi encaminhado um e-mail ao Presídio Militar, do Presídio Feminino. No teor dizia que “Os atendimentos entre presos são realizados após autorização Judicial, mediante data e hora marcada entre as duas Unidades Prisionais”.

O e-mail foi enviado como cópia de uma resposta ao e-mail do advogado, que teria encaminhado requerimento pessoal do outro advogado, réu da Operação Fauda, preso em regime fechado.

No entanto, o advogado apenas teria encaminhado em anexo o que seria um requerimento para solicitar visita por videoconferência entre o preso e Roseléia. Não foi esclarecido qualquer detalhe, nem se já havia autorização judicial.

Foi constatado então que o preso teria requerido a visita, mas já na tentativa de transparecer uma pré-autorização, para ludibriar a administração da penitenciária. Essa conduta foi analisada pela direção do presídio como incompatível com as esperadas pelos internos.

Com a falta disciplinar, o (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu que o réu seja inserido em regime disciplinar diferenciado, transferido para um dos presídios de regime fechado da Gameleira.

O outro advogado também deve sofrer penalidade, já que, segundo a acusação, “claramente desrespeitou determinação da Direção do estabelecimento prisional e, assim, cometeu falta grave”.

A princípio, foi determinada a transferência do preso para o Paraná. O advogado tentou habeas corpus para o colega, mas teve pedido indeferido e, em decisão do dia 30 de agosto, os desembargadores da 2ª Câmara Criminal também negaram.

Disputa e assassinatos

Em 2018, Molina teria ordenado a morte de Nasser Kadri, o ‘Turcão’, já conhecido narcotraficante. Eneias Mateus de Assis também foi executado. Os corpos foram jogados em um rio e, em seguida, os indiciados roubaram a BMW das vítimas.

Molina e Kadri foram apontados na denúncia como líderes de organizações criminosas voltadas para o tráfico, rivais. Por isso, viviam em uma guerra para determinar quem comandaria o tráfico em estados do país.

Anos antes, Nasser e o irmão, Adib Kadri, chegaram a sofrer uma emboscada em Mundo Novo, mas sobreviveram. Como represália, em 2017 os irmãos Kadri teriam ordenado a morte do filho de Molina. Jefferson Piovezan Azevedo Molina, foi morto aos 25 anos.

Enquanto buscava os assassinos, Molina teria cometido crimes de tortura, pelos quais também foi denunciado e condenado.

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