Com dívida de R$ 500 milhões e salários atrasados, Santa Casa elege nova diretoria nesta quinta
Votação irá renovar metade do Conselho de Administração, que escolherá novo presidente do Hospital Santa Casa
Gabriel Neves –
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A eleição para definir o novo Conselho de Administração que vai presidir a Santa Casa de Campo Grande acontece nesta quinta-feira (10). A votação está marcada para começar às 18h e duas chapas concorrem no pleito. Atualmente, o hospital coleciona episódios de atrasos salariais, greves e dívida estimada em R$ 500 milhões.
Os escolhidos para compor o conselho serão responsáveis por eleger a nova diretoria corporativa para o triênio 2023 – 2025. Ao todo, nove conselheiros serão eleitos, renovando metade do Conselho de Administração do Hospital.
A chapa intitulada “Por amor à Santa Casa” tem como candidata à presidência do hospital a advogada Alir Terra Lima, que ocupa atualmente o cargo de vice-presidente da Santa Casa.
Seus apoiadores e candidatos às nove vagas do Conselho são:
- Aleixo Paraguassu Neto
- Carlos Ricartes de Oliveira
- Eduardo Youssef Ibrahim
- Ivan Araújo Brandão
- Jary de Carvalho e Castro
- João Nelson Lyrio
- Marcos Alceu da Silva Villalba
- Mário Antônio Cavinatto de Melo
- Onésio Bueno Freitas
Além deles, também fazem parte os candidatos ao Conselho Fiscal:
- Antônio Urban Filho
- Edson Alceu Lazarotto
- Valdir José Dall’Angol Zanin
Para suplentes estão:
- Renato Antônio Pereira de Souza
- Renato Paganini
A segunda chapa, registrada como “Nova Santa Casa”, apoia o retorno ao comando do hospital o advogado Esacheu Nascimento, que já presidiu a Santa Casa entre os anos de 2016 e 2020. A base é composta pelos seguintes candidatos ao Conselho:
- Alcides dos Santos
- Antônio Morais Ribeiro Neto
- Carlos Roberto Taveira
- Marco Antônio Carstens Mendonça
- Maria (Eunice) de Souza Sá Silva
- Maria Amélia Cunha Figueiredo
- Renato Katayama
- Sinval Martins Araújo
- Tiago Souza de Campos e Martins
Além deles, também fazem parte os candidatos ao Conselho Fiscal:
- Alessandro Oliva Coelho
- Heber Xavier
- Wellington Luiz Cenze
Para suplentes estão:
- José de Oliveira Souza
- Paulo Roberto dos Santos Pereira
Por fim, após a eleição, os conselheiros eleitos serão empossados e juntamente com os Conselheiros de Administração remanescentes e elegerão a nova Diretoria Corporativa e a Comissão de Ética.
Salários atrasados e dívidas
O atraso no pagamento dos salários dos funcionários se tornou recorrente na Santa Casa de Campo Grande. Neste ano, foram diversos atrasos salariais. Agora, em paralelo às eleições, o hospital enfrenta nova crise relacionada a pagamentos, já que ainda não quitou os salários de outubro.
O hospital afirma aguardar o repasse do poder público, de valores estabelecidos em contrato. Entretanto, problema é antigo. Há cerca de dois meses, enfermeiros que atuam na Santa Casa aprovaram um indicativo de greve por falta de pagamento.
A decisão se estendeu para o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Na época, o hospital voltou a relatar déficit nos repasses dos poder público. Todavia, os repasses municipais ao hospital saltaram de R$ 5,4 milhões para R$ 6,2 milhões em cinco anos.
Em agosto deste mesmo ano, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) acusou o hospital de ingerência, resultando em desiquilíbrio financeiro e dívidas de R$ 500 milhões.
Na época, o impasse levou o hospital a suspender todos os procedimentos que não se caracterizam como urgência e emergência, além de deixar de atender novos pacientes ambulatoriais e de cirurgias eletivas.
Repasse extra não pôs fim aos problemas
No mesmo mês, o hospital recebeu um acréscimo de R$ 9 milhões nos recursos encaminhados pelo município. O valor, proveniente de emendas parlamentares, foi destinado a novos leitos de psiquiatria, pagamento de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, atualização dos valores pagos por produção e para investimento na área de hemodiálise.
Anteriormente, ainda nesse ano, a Santa Casa acusou o município de não reajustar os repasses desde 2019. Ao mesmo tempo, o hospital passava por turbulência causada pelo não reajuste salarial de enfermeiros, que pediam um aumento de 10,16% na base da categoria.
Do mesmo modo, no ano passado, o atraso nos pagamentos dos salários ocorreu por conta de atrasos nos repasses realizados pelo Governo Federal ao hospital. Assim como outras categorias, o Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos) chegou a emitir nota alertando por possível paralisação dos profissionais.
Superlotação forjada?
Ainda neste ano, pacientes acusaram a Santa Casa de Campo Grande de forjar superlotação. Um paciente afirmou ter ouvido de um profissional que o encaminhava para o corredor que tal medida estaria sendo tomada para o hospital ‘forjar lotação’.
Segundo o Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de MS), uma vistoria constatou diversos pacientes sendo transferidos para os corredores de alas diversas, mesmo com leitos vazios.
Conforme a denúncia, teriam nove pacientes no corredor do hospital, mesmo tendo vagas em leitos no sétimo andar.
O hospital chegou a emitir nota admitindo colocar pacientes nos corredores do hospital, apesar de possuir leitos vazios.
Na nota, o hospital alegou que os leitos vazios estariam reservados para casos como pacientes transplantados e de cirurgias eletivas, apesar de não informar a quantidade de leitos que já estariam destinados a esses pacientes.
Déficit acumulado se tornou ‘rombo’ financeiro na Santa Casa
O déficit financeiro da Santa Casa, que hoje chega a R$ 500 milhões, se acumulou ao longo dos últimos anos. Apenas em 2021, o déficit registrado foi de R$ 86 milhões.
Documento assinado pelo ex-auditor do TCE-MS (Tribunal de Contas de MS) e Sócio da Empresa Previsa, Antônio Elias Morais, aponta a falta de recursos para suprir despesas e até mesmo um planejamento financeiro e de fluxo de caixa capaz de promover ao longo dos anos a amortização deste saldo devedor.
O relatório contábil trazia que o hospital teve gastos avaliados em R$ 37.466.473,99 e receita de R$ 34.850.762,59, do qual R$ 28.240.860,43 foram repasses do SUS.
Ou seja, o hospital apontava um déficit mensal de R$ 2.615.711,40. Entretanto, o relatório não especificava quais gastos foram destinados para pacientes provenientes da rede pública de saúde.
A eleição desta quinta-feira começa às 18 horas no auditório do hospital.
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