Terenos: Vereadores criticam atuação da Energisa

Escritório da empresa na cidade funciona quatro horas por dia no município

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Reunião da sessão deliberativa da Câmara Municipal de Terenos nesta segunda (25)
Reunião da sessão deliberativa da Câmara Municipal de Terenos nesta segunda (25)

Dez dias depois de espalhar estragos e notícias ruins por boa parte do Mato Grosso do Sul, o vendaval do dia 15 de outubro continua rendendo reclamações. Na noite desta segunda (25), durante a sessão semanal da Câmara, os vereadores de Terenos enumeraram vários problemas provocados pela tempestade e que ainda incomodam a população. O Jornal Midiamax acompanhou a sessão presencialmente. 

“Precisamos cobrar a Energisa. Ela vende cara a energia para nós e suspende o fornecimento se não pagarmos. Mas se ela não supre a falta de luz, que substituam a companhia. É inadmissível deixar os assentamentos sem energia. Ela ganha para isso”, protestou o vereador Clayton Cleone, o Caco (PP).

Durante a sessão, Caco lembrou que muitos animais morreram de sede. Segundo ele, há cerca de 20 assentamentos no município. “Não dá para a prefeitura comprar gerador para todos os assentamentos. Se a Energisa não tem condições de restabelecer a energia, ela deveria ceder os geradores móveis. E quem teve perda, deve acioná-la na justiça. Ela lucra para nos abastecer”, ponderou o vereador.

O líder do governo na Casa, Joilson Dias (MDB), foi outro parlamentar que não poupou críticas à concessionária. “É uma vergonha o tratamento que a Energisa dá para o município. Leva muito tempo para resolver os problemas encaminhados pela população. É desrespeitosa com os moradores, principalmente com aqueles da zona rural. A empresa demitiu muitos funcionários, o atendimento está péssimo”, reclamou Joilson.

De acordo com ele, o escritório da empresa na cidade funciona quatro horas por dia, das 7h30 às 11h30. “Quem chega à tarde encontra as portas fechadas, mas a Sanesul atende o dia inteiro”, compara.

Terenos está localizado a 28 quilômetros de Campo Grande e possui 22 mil habitantes. De acordo com o presidente da Câmara, Marquinhos da Van (PSDB), cerca de 60% da população do município vivem na zona rural.

“A Energisa sabe cobrar, mas quem está pagando a conta é a prefeitura”, avaliou o presidente da Casa. Ele é motorista e está no primeiro mandato. Mantém boas relações com o prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB). “A casa sempre trabalhou alinhada em todas as votações, mas não significa que todos os vereadores sejam da base”.

À reportagem do Jornal Midiamax, a Energisa esclareceu que a loja de atendimento, em Terenos, funciona meio período conforme estabelecido pela Resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a partir do número de unidades consumidoras existentes no município. A concessionário ainda informou que possui outros canais digitais de atendimento para facilitar o contato do cliente com a empresa. Além do 0800 722 7272 e aplicativo Energisa On (disponível no Google Play ou App Store do celular), o consumidor pode entrar em contato também pelo WhatsApp Gisa (67) 9 9980-0698.

 

A única vereadora

Lucilha de Almeida (DEM) é a 2ª vice-presidente da Câmara Municipal. Aos 44 anos, recebeu a maior votação da cidade, 565 votos, e é a primeira mulher a ocupar uma das cadeiras do Poder Legislativo local desde a legislatura 2004/2008.

“Sou a primeira vereadora em 12 anos”, afirma. Lucilha é pedagoga e produtora rural. Boa parte da votação ela colheu em oito assentamentos que reúnem 1.200 famílias (Patagônia, Paraíso, Campo Verde, Santa Mônica, Querência, Canaã, Guaicurus e Assafur). No município, foram essas pessoas que mais sofreram com a força do vendaval de 15 de outubro.

Lucilha se diz contente com as experiências nesta última década — de se eleger e de perder. Ela foi bem votada em outras eleições. Chegou a ter mais de 400 votos num pleito, mas viu concorrente com 100 votos assumir uma vaga e ela ficar de fora.

“Não era o momento. O momento certo foi agora, ano passado. Mas foi muito bom para minha evolução pessoal. Saber perder e continuar lutando foi muito forte para mim. Acho importante ter passado por isso. E agora estou bem ambientada. Eles são dez, mas me respeito. Fico surpresa às vezes porque temos harmonia nas nossas discussões”, avalia a vereadora.

A situação da zona rural após o vendaval foi o único tema que a vereadora levou para o Plenário nesta segunda (25). Ela relatou que muitos postes de luz acabaram derrubados, que ainda há famílias sem energia elétrica e tendo que se conformar com a perda de criações por falta d’água.

“Estou mais chateada com o executivo do que com a empresa. Se o acesso à concessionária está ruim para alguns, o acesso ao prefeito também está. Numa hora como esta que passamos, a gente precisa socorrer as pessoas. Mais de cem postes foram ao chão e há locais há dez dias sem luz. Daí mando mensagem e não recebo um retorno. Não sou da base dele, mas sei ser parceira. Está muito desconfortável não conseguir nem diálogo, nem respostas com a prefeitura”, afirmou a vereadora.

A “base” do governo municipal na Câmara é bem definida. Dos 11 vereadores, “pelo menos seis” votam com o Executivo local, estima o presidente Marquinhos da Van. “Nós sempre soubemos dialogar e chegar a um acordo. A vereadora Lucilha pode ter certeza que sempre vai ter vez e voz aqui dentro. Nós vamos sentar e conversar com o prefeito”, prometeu o presidente da Câmara antes de encerrar a sessão.

Lucilha de Almeida (DEM)

 

Marquinhos da Van (PSDB), presidente da Câmara Municipal de Terenos

 

Joilson Dias (MDB), líder do governo municipal na Câmara

 

Caco (PP)

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