Durou cerca de oito horas o depoimento de José Ricardo Guitti Guimaro, o Polaco, na sede da PF (Polícia Federal) em Brasília (DF). O depoimento aconteceu na terça-feira (10) e fechou a força-tarefa parte da , que intimou mais de 100 pessoas para serem ouvidas, entre testemunhas e investigados.

Polaco seria peça-chave da investigação e foi ouvido em Brasília por que não mora mais em . Atualmente, ele reside no Pará. Quem o acompanhou na sede da PF foi o advogado sul-mato-grossense José Roberto Rosa.

“Ele foi questionado sobre a investigação toda, ligações com o governador, filho do governador, outros políticos. Ele disse que é só um comerciante, corretor de gado, e que não tem ligação com nada daquilo”, explica o defensor.

Durante o depoimento, Polaco também foi confrontado a partir das falas das outras pessoas que foram ouvidas pela PF, na intenção de confirmar as informações ou encontrar contradições. “Ele foi firme e reafirmou que era só corretor de gado, apresentou elementos mostrando que não havia relação com crime de lavagem”, frisa Rosa.

Guitti Guimaro foi o 101º intimado pela PF e um dos últimos a serem ouvidos na força-tarefa realizada na terça (3) e quarta-feira (4) da semana passada, quando 79 pessoas foram ouvidas na sede campo-grandense da PF, enquanto outras duas prestaram depoimento em Dourados e 15 foram depor fora do Estado.

Quem determinou a realização da força-tarefa foi o STJ (Superior Tribunal de Justiça), sendo que as oitivas foram realizadas por delegados vindos de Brasília. Diferente do que ocorreu no ano passado, dessa vez não houve prisões. A lista completa de intimados, entre testemunhas e investigados, pode ser conferida neste link.

Operação Vostok

A Vostok completa exato um ano nesta quinta-feira (12). A operação foi deflagrada em 2018 a partir de investigação que tem como base delação premiada feita pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, donos da JBS. Na época, Polaco foi preso, assim como vários nomes que integram ou integraram a alta cúpula do Governo do Estado.

O suposto esquema citado pelos irmãos usava notas frias de compra e venda de gado para tentar esquentar o dinheiro oriundo de propina para conceder incentivos fiscais a empresas que operassem no Mato Grosso do Sul – caso da JBS.

Testemunhas ouvidas pelo Jornal Midiamax após os depoimentos feitos em Campo Grande na semana passada afirmaram que foram perguntados sobre uma conta bancária utilizada para realizar tais transações e que contava com R$ 12 milhões.

Já um dos investigados, o conselheiro do Tribunal de Contas e ex-secretário de Fazenda, Márcio Monteiro, teria respondido sobre empréstimos bancários realizados por ele dentro do período a que se refere as investigações da PF. Outro investigado, o ex-prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, afirmou que as perguntas foram repetidas.