O pecuarista Alberto Soares solicitou à Justiça Federal de o desbloqueio de um apartamento na Rua 15 de Novembro avaliado em mais de R$ 1 milhão que teria sido comprado de Mirched Jafar Junior, dono da Gráfica Alvorada e réu da Operação Lama Asfáltica, mas teve o pedido negado em despacho publicado nesta segunda-feira (23) no Diário Oficial do (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).

De acordo com a decisão, Jafar e a esposa, Rossana Paroschi ainda seriam os donos do imóvel porque a transferência do patrimônio só se faz com o registro do título de imóvel. Assim, o apartamento de Jafar ainda deve permanecer bloqueado pela Justiça, apesar do pecuarista relatar que o habite-se do imóvel foi expedido somente no ano de 2018, onde mora desde então.

Segundo o pecuarista, o imóvel foi comprado em junho de 2014, antes do bloqueio, em julho de 2016. O valor total do apartamento é de R$ 1.108.974,40 e foi pago com R$ 230.000,00, à vista, através da troca em um veículo Mercedes Benz, modelo SLK 250, ano/modelo 2013/2014, em nome do filho do pecuarista, além de R$ 100.000,00 à vista, pagos com dois cheques de R$ 50 mil.

Outros R$ 433,8 mil foram pagos parceladamente com seis cheques de R$ 72,3 mil, mais R$ 120,9 mil com o pagamento das parcelas atrasadas junto à construtora e R$ 224,2 mil de saldo devedor. De acordo com o despacho, causa estranheza que o pecuarista tenha preferido realizar a transação milionária apenas por um contrato verbal, já que no ato da formalização do negócio era possível realizar o registro da matrícula do imóvel.

Lama Asfáltica

O empresário foi alvo da quinta fase da Operação, a Papiros de Lama, e condenado a cumprir medidas cautelares como a proibição de se ausentar da cidade por mais de 10 dias sem prévia autorização judicial; recolhimento noturno, a partir das 21 horas; proibição de contato entre os investigados e parentes mais próximos (pais, filhos e cônjuges) dos mesmos e comparecimento mensal em juízo para justificar as suas atividades.

A Gráfica Alvorada recebeu R$ 37.419.390,36 entre 2012 a 2014. O valor corresponde a 67,3% dos R$ 55 milhões gastos, ao todo, com livros didáticos naqueles anos, segundo relatórios da Polícia Federal.

Entre os livros comprados estão obras como “Caco” e “Caco – Orientações Didáticas”, “Tosco” e “Compreendendo o Tosco”, de Gilberto Mattje; “Cada um é do seu jeito, cada jeito é de um”, de Lucimar Rosa Dias, e três livros da procuradora de Justiça Ariadne Cantú, do MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), “O barato das baratas”, “O barato das baratas – Orientações Didáticas e “Mãos ao alto! Passa o boné”.

Boa parte do material didático ficou só nas prateleiras das escolas, como comprovou o Ministério da Transparência (Controladoria-Geral da União). Na Escola Estadual Padre José Scampini, no Coophavilla II, onde estudam cerca de 1,3 mil alunos do ensino médio e outros 400 de ensina fundamental, foram entregues quase três vezes mais exemplares que o número de estudantes, por exemplo.