A 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande restituiu o avião de Gerson Palermo, chefe de célula do PCC (Primeiro Comando da Capital) que operava tráfico internacional de cocaína a partir de Mato Grosso do Sul, além de carros de luxo e fazenda de acusados de integrarem o grupo do traficante. O despacho com a decisão foi publicado nesta sexta-feira (27) no Diário do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).
Segundo decisão do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, o MPF (Ministério Público Federal) não recorreu da sentença proferida nos autos da ação penal de crimes de lavagem de dinheiro e ocultação que apreendeu os bens, que não foram declarados perdidos em favor da União.
Serão restituídos 11 bens, Entre eles a aeronave Cessna, prefixo PR-WML, em nome de Gerson Palermo. Além do avião, serão devolvidos uma moto Honda HR-V EX CVT; uma Toyota Hilux CD 4X4 SR, 2005; um Volvo/FM12 340; um semirreboque Facchini ano 2006; um Hyundai/HB20 1.0 2015; um Toyota / Corolla Altis Flex, ano 2015 em uso pela Policia Federal de Campo Grande; um imóvel em Corumbá; a Fazenda Novo Paraíso, de Sidrolândia; um imóvel de Londrina/PR; e outros bens apreendidos e aparelhos eletrônicos.
Chefe do PCC em MS
Condenado a 59 anos de prisão, Gerson Palermo, chefe de célula do PCC (Primeiro Comando da Capital) que operava tráfico internacional de cocaína se apresentava como comerciante informal de luxo para venda de aeronaves e caminhões. Além disso, contava com rede de falsários para executar desvio de bens e lavagem de dinheiro.
Gerson foi investigado no âmbito da operação All In, deflagrada em março de 2017 pela Polícia Federal e que resultou na apreensão de duas remessas de mais de 800 quilos de cocaína em Cubatão (SP) e São Paulo (SP).
Durante as investigações, foi descoberto que o PCC teve à disposição pelo menos três aeronaves e cerca de 15 caminhões e carretas, além de vários veículos de passeio, todos oriundos de rendimentos do tráfico de drogas e registrados em nome de laranjas. O grupo ocultava e dissimulava a posse dos bens.
Gerson, por sua vez, se passava por comerciante informal de caminhões e aeronaves, desfrutando de alto padrão de vida sem que tivesse, de fato, qualquer bem em seu nome. Ele determinava a troca frequente da propriedade formal dos caminhões e aeronaves, tanto que o grupo tinha alguns de seus integrantes exclusivamente dedicados à compra, venda e transferência de bens.
Eles contavam também com despachantes, incluindo despachantes aeronáuticos, e tinham acesso a uma rede de falsários dedicada a obter documentos ou até empreender falsificações, justamente para dinamizar os atos de lavagem de ativos. Para legitimar a movimentação de lucros do tráfico, usavam contas correntes de seus próprios integrantes, familiares, amigos, conhecidos e mesmo empresários próximos, fragmentando as transferências em depósitos múltiplos, a fim de evitar os mecanismos de detecção de movimentações bancárias suspeitas.
Visando blindar as comunicações vinculadas ao tráfico, o PCC contava também com terminais telefônicos registrados em nome de terceiros (sem qualquer relação com os fatos), com a troca constantes destes mesmos números, com a preferência por realizar contatos por aplicativos ou chamadas audiovisuais e a utilização de códigos e apelidos.