O jato Embraer Phenom 100, ano 2011, prefixo PP-JJB é uma das aeronaves que aparece na lista dos financiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), divulgada na segunda-feira (19). ‘Cheia de Charme', como ficou conhecida a aeronave, foi comprada a partir do financiamento feito pela Mil Tec Tecnologia da Informação Ltda.

O financiamento foi feito em novembro de 2011, no valor de R$ 6.469.625,09 e com taxas de 6,5%. A aeronave polêmica foi apreendida durante a operação Fazendas de Lama, da 2ª fase da Lama Asfáltica, em 2016. ‘Cheia de Charme' era de propriedade do empresário João Baird, conforme divulgado na época pela Polícia Federal.

De acordo com a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Puccinelli, ex-secretário de obras Edson Giroto e ex-secretário de Fazenda André Cance utilizaram a aeronave entre os anos de 2013 a 2014 em troca de contratos. ‘Cheia de Charme', além de uma outra aeronave, foram utilizadas para voos entre , Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

'Cheia de Charme': avião de R$ 6,4 milhões usado por políticos de MS está na lista do BNDES
(Foto: Arquivo, Midiamax)

Familiares viajaram no avião de forma esporádica. No relato, um dos pilotos disse que se lembrava de ter ‘carregado' Puccinelli duas vezes, Giroto entre 3 e 4 vezes, Cance e o ex-prefeito Nelsinho Trad 6 vezes. As decolagens e pousos eram feitos no Aeroporto Internacional de Campo Grande e não eram obrigados a informar o nome dos passageiros à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Em depoimento à Polícia Federal na Operação Lama Asfáltica, Puccinelli, Giroto e Cance confirmaram que usaram os aviões, mas negaram irregularidades. De acordo com o MPE-MS, segundo pesquisa de mercado feita, voo fretado de Campo Grande a São Paulo custa em média R$ 50 mil ida e volta. Portanto, todos foram beneficiados com economia.

Em troca as empresas de Baird e Amorim conseguiram contratos com o Estado, na época governado por Puccinelli. Cance na função de titular da Fazenda e Puccinelli no comando do Estado, “adotaram diversas medidas em benefício da Itel Informática Ltda., hoje Mil Tec, e de outras empresas relacionadas ao requerido João Alberto Baird”, disseram os promotores da força-tarefa da Lama Asfáltica.