Pequenos frigoríficos perderam mercado com chegada da empresa

Investigado pela Polícia Federal, que ontem, sexta-feira (17) deflagrou a “Carne Fraca”, operação que descobriu um esquema de pagar propina para vender carne estragada, o grupo JBS, gigante do setor de carne, recebe incentivos fiscais do governo de Mato Grosso do Sul. Até o ano de 2028, a empresa vai deixar de pagar ao Estado em torno de R$ 1 bilhão em impostos.

A cifra foi anunciada em dezembro de 2015, no primeiro ano da gestão do governo de , do PSDB.

O governador anunciou à época, numa coletiva de imprensa, em Dourados, que o grupo JBS tinha recebido incentivos fiscais por ampliar a produção no Estado.

Azambuja disse ao lado dos diretores do JBS que com a expansão da rede frigorífica o Estado arrecadaria R$ 17 milhões anuais de Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços, o ICMS, quantia que poderia atingir R$ 100 milhões sem os incentivos.

Ou seja, com a renúncia fiscal o Estado deixa de arrecadar, por ano, R$ 83 milhões. Essa conta segue até o ano 2028, conforme o combinado com a empresa. Somando, ano a ano, a abstenção atinge R$ 996 milhões. O incentivo foi prometido por 12 anos.

Já em 2015, o anunciado crescimento da rede JBS, com a ajuda do governo estadual, abalou o mercado da carne por aqui. Tanto que a empresa gigante passou a dominar o segmento e, com isso, espalhou-se uma quebradeira entre os pequenos e médios frigoríficos.

REPRISE

No dia 1º de dezembro de 2015, Azambuja foi a Dourados e lá conheceu uma das unidades da rede JBS. À época, a equipe de comunicação do governador produziu extenso material divulgando a solenidade. Veja a seguir a reportagem publicada no portal do governo.

O governador Reinaldo Azambuja visitou, na manhã desta terça-feira (1º), as instalações da JBS Foods Seara, na BR-163, em Dourados, acompanhado de acionistas e diretores da fábrica. Ele conheceu três setores da indústria de carne suína: de embutidos (fabricação de salame italiano), de corte especial de carne suína (carré); e de corte geral.

A JBS Foods S.A é a 2ª maior produtora e exportadora de frangos e suínos do País. Com sede em São Paulo e atuação global, faz parte do Grupo JBS, o maior produtor de proteínas do mundo, com dezenas de marcas reconhecidas no Brasil e no exterior.

Os produtos da JBS Foods são comercializados sob marcas amplamente reconhecidas como Seara, Rezende, LeBon, Agrovêneto, Doriana, Massa Leve, Excelsior, Frangosul, Confiança, Pena Branca, Wilson, Frango Santa Rita e Macedo. Adicionalmente, a Companhia exporta para mais de 700 clientes localizados em mais de 100 países, com destaque para o Oriente Médio, Europa e Ásia.

As operações da Companhia abrangem todo o território nacional e, até dezembro de 2014, contava com 60 plantas produtivas, sendo 37 plantas de abate e 23 plantas de processamento (dados do Anuário 2014 da empresa).

As plataformas de processamento são localizadas nos principais estados brasileiros produtores de aves e suínos (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, bem como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia e Mato Grosso do Sul – uma unidade de abate e processamento de suínos em Dourados e abatedouros de frango em Sidrolândia e Caarapó; agora com planta frigorífica de peru em Itaporã) e contam com uma grande rede de distribuição em âmbito nacional, com 17 centros de distribuição, que permitem realizar a entrega dos produtos com eficiência em, aproximadamente, 80 mil pontos de venda.

O governador participa nesta terça-feira da solenidade de anúncio do plano de investimentos da JBS para Dourados e região. As plantas industriais da empresa em Dourados, Itaporã, Sidrolândia e Caarapó vão receber investimentos de R$ 1.167 bilhões.

Em Dourados, a JBS tem uma unidade grande, de abate e processamento de suínos, que produz inclusive todo o bacon (produto diferenciado) utilizado pelo Mcdonalds no Brasil. O grupo vai construir uma segunda planta de suínos que irá dobrar a capacidade de produção já existente no município, gerando assim mais 1.550 novos postos de trabalho (empregos diretos). Com investimentos de R$ 554 milhões, a instalação da nova fábrica deve ser concluída no fim de 2016.

Já em Sidrolândia e Caarapó, o grupo anuncia novas linhas de produção que vão garantir incremento no volume de produção de frango em 1.398 e 315 toneladas/mês, respectivamente. A cadeia produtiva, que atualmente envolve 150 produtores, donos de 450 barracões de aviários, deve ser ampliada em 138 integrados e 533 galpões, o que deve gerar ainda mais empregos.

Em Itaporã, o grupo adquiriu antigo frigorífico Pedra Bonita para transformá-lo na maior planta industrial de perus da América Latina. O projeto de investimento prevê a revitalização e modernização da fábrica localizada na MS-270, além da construção de indústria de ração, incuba tório, granjas, galpões e outras estruturas. As operações estão previstas para começar em 2018, com o aporte de R$ 450 milhões. Todos os projetos contam com incentivos do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.