Denúncias de terceirizadas sobre atrasos eram comuns
As interceptações telefônicas, autorizadas pela Justiça, no âmbito da Operação Antivírus, mostram o diretor-presidente do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), Gerson Claro (PSB), um dos presos pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) na última terça-feira (29), determinando adiamento de pagamento e quitação de valores com empresa investigada.
No diálogo com um servidor do órgão, identificado apenas pela alcunha de ‘paraguaio’, Claro cita pelo menos sete empresas prestadoras de serviços, e questiona o pagamento das notas. O direto orienta o adiamento do pagamento da ICE Cartões e cobra o pagamento da Pirâmide Central Informática.
A cobrança do chefe faz o servidor prometer ‘resolver de imediato’ o pagamento à Pirâmide. Para o MPE-MS (Ministério Público Estadual), é ‘nítida’ a ingerência direta de Gerson Claro na solução da pendencia com a empresa, inclusive acionando outros diretores para garantir a quitação de débitos.
Citada no diálogo, a ICE Cartões chegou a suspender alguns de seus serviços, como a emissão de CNH (Carteira Nacional de Habilitação), em junho deste ano, já que alegou que o Detran estava em atraso nos repasses referente ao contrato de R$ 152 milhões, válido até 2019. A empresa foi procurada para comentar o assunto, mas nenhum responsável retornou o contato até o fechamento da matéria.
O atraso no repasse de verbas a empresas terceirizadas que prestam serviço ao Detran, também gerou atraso no pagamento de salário de trabalhadores, o que colocou algumas empresas na lista das que respondem procedimentos no MPT (Ministério Público do Trabalho).
Contratada emergencialmente em setembro de 2016 por R$ 7,4 milhões, a Pirâmide Central Informática alegou que o custo do serviço, que durou seis meses, girava em torno de R$ 100 mil, mas recebia mais de R$ 816 mil, já que governo já pagou à empresa R$ 4,9 milhões, e pouco mais de R$ 800 mil já foram liquidados, mas ainda não pagos.
Temores
Ao requisitar as prisões e as buscas e apreensões, o Gaeco declarou à Justiça que os alvos da Operação Antivírus, funcionários públicos de alto escalão, poderiam ter amplo acesso a documento indispensáveis à conclusão da investigação.
Para o MPE, as provas colhidas até o momento indicam que os investigados são peças fundamentais em um ‘esquema criminoso’ dentro do Detran, um órgão com importância no governo estadual e com um ‘orçamento público milionário’.