Chefe do MPE gasta até R$ 66,8 mil por ‘conforto psicológico’ no banheiro da PGJ

Gastos com banheiro do Procurador-Geral revoltam até servidores do MPE-MS

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Gastos com banheiro do Procurador-Geral revoltam até servidores do MPE-MS

Enquanto o Governo do EstadoAssembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e o Tribunal de Justiça apresentam projetos de reformas administrativas com cortes de gastos devido à crise econômica atravessada pelo país, o MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) realiza outro tipo de reforma: a do banheiro reservado do Procurador-Geral de Justiça, Paulo Cezar dos Passos.

Apesar do uso altamente restrito da área, quem paga a conta da suntuosidade projetada é o contribuinte. E não falta suntuosidade à obra, que pode custar até R$ 66.827.05.

Passos trocará as instalações por peças mais modernas e caras, projetadas sob medida em quartzo e em materiais descritos com riqueza de detalhes no projeto. O mínimo aceito na licitação do tipo concorrência é de 70% do valor orçado inicialmente, ou seja, um gasto certo de R$ 46,7 mil.

A decisão causou reação até no Ministério Público Estadual. Servidores entraram em contato com a reportagem indignados com o gasto. Segundo funcionários que têm acesso ao prédio do MPE, a área está visivelmente em bom estado de uso.

Fotos do próprio projeto no edital de licitação, deixam aparente que as instalações onde o chefe do MPE-MS faz suas necessidades reservadas (para não usar banheiro compartilhado com os demais servidores e membros) não tem problemas aparentes que justificariam os gastos, como vazamentos, entupimentos ou peças quebradas.

E Passos deixa claro que o dinheiro enterrado no banheiro dele não será usado para resolver um problema, mas sim para “melhorar as condições de conforto físico-psicológico do Procurador-Geral de Justiça, bem como dos usuários dos demais ambientes”, “visando maior funcionalidade e estética para o atendimento das necessidades pertinentes a esses ambientes”.

A justificativa utilizada para o projeto da obra não registra que haja falhas ou deterioração dos espaços, senão a ‘necessidade de humanização’, segundo relatório realizado pelo departamento de engenharia do órgão. Além do banheiro, será reformada a ala dos Procuradores-Gerais Adjuntos de Justiça Jurídica e Administrativa, que consiste apenas na troca das portas de acesso aos gabinetes, forro de gesso, troca de luminárias e piso.

Chuva de Verão no banheiro do PGJ

O MPE-MS trocará o piso atual, de 20 por 20 centímetros comum existente por ‘porcelanato Urban Quartzo, da marca Portinari’. O banheiro ficará na cor Chuva de Verão, da marca Suvinil. Há também a previsão de um quadro decorativo na parede oposta ao vaso sanitário de gravura abstrata (a ser definida, segundo o projeto).

Outros detalhes luxuosos a serem substituídos serão o atual porta papel-higiênico, de porcelana comum usada em residências, por um de pedra de quartzo. O mesmo será utilizado para uma nova bancada com cuba esculpida sob medida, produto que tem o maior preço individual do projeto, R$ 5.387,45.

Somente o vaso sanitário do Procurador-Geral de Justiça custará R$ 1.076,27, pouco mais de um salário mínimo do trabalhador brasileiro. Cada porta a ser trocada custará R$ 2.152,62, preço que não inclui o serviço de retirada da antiga e instalação da nova.

Em tempo, a abertura das propostas das empresas que queiram participar da concorrência será realizada no próximo dia 6 de março, segunda-feira, às 14h, ma sede da Procuradoria-Geral de Justiça, que fica na Rua Presidente Manuel Ferraz de Campos Salles, 214, Jardim Veraneio, em Campo Grande.

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