Amorim está foragido e negocia se entregar à PF

A terceira fase da Operação Lama Asfáltica, Aviões de Lama, deflagrada nesta quinta-feira (7) foi realizada para evitar a pulverização dos bens dos envolvidos, segundo informações do delegado Cleo Manzzotti, da Polícia Federal. Ao todo, a Receita Federal, Ministério da Transparência e Polícia identificaram R$ 20 milhões em créditos, ou seja, bens não declarados de seis pessoas envolvidas em esquema de desvio de dinheiro de obras públicas. 

Deflagrada com base na documentação apreendida na Operação Fazendas de Lama, a investigação identificou que o grupo vendeu a aeronave PT-TSM, avaliada em R$ 2 milhões, para dificultar o rastreamento pela Receita de recursos. 

O modelo pertencia a ASE Participações, empresa que seria usada pelo grupo para lavar dinheiro entre os membros e que comprou o modelo com dinheiro desviado. O empreendimento, de João Krampe Amorim e Elza Cristina Araújo dos Santos, vendeu a aeronave em troca de R$ 550 mil em cheques e dinheiro e um avião de menor porte, avaliado em R$ 350 mil. O restante do montante ainda não havia sido pago.

O empresário que comprou a aeronave não terá o nome divulgado, segundo a Polícia, por não saber do esquema do grupo e não ter envolvimento na tentativa de fraude.

O dinheiro da venda da aeronave foi utilizado para pagar obras. e Flávio Scrocchio foram presos por intermediar a transação. Toda a operação e infomações sobre as vendas são oriundas da análise dos documentos apreendidos na Operação Fazendas de Lama.

A aeronave de R$ 2 milhões vendida pela ASE Participações estaria em Rondonópolis (MT), mas não foi encontrada pela equipe da Polícia Federal. Os policiais fazem buscas pelo avião no Mato Grosso. A de menor porte foi localizada e apreendida no Aeroporto Santa Maria, em .

Prisões

Ex-secretário especial do Ministério dos Transportes e ex-secretário de Obras durante a gestão de André Puccinelli (PMDB), Edson Giroto foi preso em casa nesta manhã, no Dahma, em Campo Grande. Flávio soube do mandado de prisão e se entregou na sede da Polícia Federal em Campo Grande.

João Krampe Amorim está fora de Mato Grosso do Sul e negocia se entregar à Polícia Federal. Ele é considerado oficialmente foragido, pois não foi encontrado em sua casa pela manhã, quando policiais federais chegaram com o mandado.

Apesar de divulgar que seis pessoas se beneficiam do esquema de desvio de dinheiro público, que somam R$ 20 milhões, a Polícia Federal não divulgou quais seriam os outros três envolvidos, que não foram presos. 

Receita

O Ministério da Transparência fez a análise dos documentos apreendidos na Fazendas de Lama, a Receita Federal rastreou o dinheiro e, assim, o grupo chegou a dilapidação do patrimônio do grupo.

Delegada adjunta da Receita no Estado, Adalgisa Fujita esclareceu que até a segunda fase foram identificados desvios de R$ 10 milhões e, após a análise dos documentos, foram identificados R$ 20 milhões em créditos – bens e dinheiro em posse dos envolvidos que não condizem com as rendas das empresas e nem dos seus salários.

Como ainda não foram analisados todos os documentos, apreendidos em grandes quantidades e que estão na sede da Polícia Federal, é possível que novas operações surjam em decorrência. “Eles burlaram a ordem econômica, dilapidando os bens que eles têm para dificultar o rastreamento”, explicou o delegado Cleo Manzzotti.

Ao todo, são analisados R$ 2 bilhões em recursos destinados ao MS Forte, programa de obras da gestão de André Puccinelli (PMDB). Desses valores, já foram detectadas fraudes em R$ 44 milhões. 

Operação

A Polícia Federal, Controladoria Geral da União e Receita Federal realizam a Operação nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, com o objetivo de desmantelar grupo criminoso investigado que desviava recursos públicos de contratos de obras públicas, fraudes em licitações e recebimento de propinas que resultou em crimes de lavagem de dinheiro.

Cerca de 20 policiais cumprem 3 mandados de prisão preventiva e 2 mandados de busca e  apreensão de aeronaves nos municípios de Campo Grande, Cuiabá (MT), Rondonópolis e Tanabi (SP), todos expedidos pela 3ª Vara Federal de Campo Grande – Especializada em crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de bens e valores e crimes contra o sistema financeiro nacional.

O motivo do nome da operação é em razão do modo de se desfazer da aeronave, já que o grupo utilizou de recursos públicos desviados de contratos de obras públicas, fraudes em licitações, recebimento de propinas e crimes de lavagem de dinheiro.