22,4 mil estão inscritos no bolsa-família

Pelo menos 93 mil pessoas que declaradamente possuem baixa renda ou ganhos incompatíveis às doações eleitorais que fizeram doaram mais de R$ 300 milhões a candidatos nas eleições municipais, segundo o último balanço do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) antes das eleições no domingo (2).

Destes, 22,4 mil doadores estão inscritos no Bolsa Família, e injetaram R$ 21,1 milhões em campanha. Outros 46,7 mil desempregados teriam contribuído com R$ 52 milhões em doações – o TSE encontrou um doador desempregado que doou R$ 100 milhões a um candidato a prefeito de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Outra contrariedade apontada pelo TSE foi que dentre os doadores de campanha estão 143 pessoas registradamente falecidas, que doaram juntas R$ 272 mil a campanhas, até a segunda-feira (26).

Os números aumentam as suspeitas do Tribunal de que pessoas físicas podem estar sendo usadas para engordar o caixa de candidatos com doações irregulares feitas por empresas. A doação por parte de empresas é proibida pela legislação eleitoral atualizada, pela primeira vez na história das eleições brasileiras.

Doações Estimativas

Contribuições e doaçõesestivmativas são computadas igualmente no cálculo do TSE. No caso das estimativas, os voluntários prestam serviços para o candidato, que mesmo que não pague, deverá registrar o valor estimativo do serviço na Justiça Eleitoral.

A corrupção também acontece nesses casos, como cita Gilmar Mendes, presidente do TSE. “Você pega um caso, como vimos, de alguém que recebe Bolsa Família e presta um serviço de produção de vídeo de R$ 68 mil. O sujeito está na linha da pobreza e faz um serviço desse valor, de graça?”.

A Justiça Eleitoral continuará levantando casos como esse mesmo após as eleições. Os dados obtidos serão passados ao Ministério Público e a juízes eleitorais, que deverão avaliar a abertura de investigações. Caso sejam constatadas fraudes eleitorais os candidatos podem ter seus registros cassados