Revogação de Lei será investigada pelo MPE

Em 2012, três dias antes de deixar o cargo de prefeito de , Nelson Trad Filho (PTB) inseriu na chamada Lei do Lixo um artigo que nada tinha a ver com o assunto, mas serviu para revogar a lei de 1990 que criou a TATP (Taxa de Administração do Transporte Público). Na prática, a ‘manobra' livrou as empresas que exploram o urbano da Capital de uma taxa que existiu durante 22 anos, desde que o SIT havia sido criado por Lúdio Martins Coelho.

Segundo a Lei 2.790, de 28 de dezembro de 1990, a taxa de organização, administração e melhorias no transporte coletivo urbano era arrecadada de acordo com a quantidade de passageiros que circulam nos ônibus do Consórcio Guaicurus semanalmente.

Mas o dinheiro deixou de ser recolhido porque o decreto que criou a TATP foi revogado com um artigo discretamente ‘plantado' na Lei Complementar 209, de 27 de dezembro de 2012, que instituiu o Código Municipal de Resíduos Sólidos e Disciplina a Limpeza Urbana no Município de Campo Grande.

Perdido em uma lei que não tinha nada a ver com o tema, o artigo não teria passado sequer por discussão específica para a aprovação por parte dos vereadores. Apesar da ‘jogada', na teoria o projeto passou por análise da Câmara de Campo Grande que, à época, era presidida pelo primo de Nelson Trad Filho, o vereador Paulo Siufi (PMDB).

Quatro anos depois, a manobra está sendo questionada pelo vereador Eduardo Romero (Rede) e pode fazer parte de longo processo que teria, segundo denúncia de servidores públicos e funcionários do setor, levado os terminais de ônibus ao abandono atual, supostamente para garantir economia às empresas.

A arrecadação servia para garantir a manutenção também dos terminais que, atualmente, sequer cumprem as leis de segurança vigentes. Das oito unidades, apenas a das Moreninhas atende a itens básicos das Normas de Segurança Contra Incêndio, Pânico e outros Riscos, estabelecida pela Lei 4.335, de 10 de abril de 2013.

Desde a última negociação para aumentar a tarifa do transporte coletivo em Campo Grande, não há informações sobre a exclusão da TATP da planilha de custos. Ou seja, o valor pode estar sendo repassado aos passageiros mesmo após o fim da taxa.

A denúncia encaminhada ao Ministério no último dia 23 de março pede parecer ministerial sobre a legalidade da revogação da Lei sancionada por Lúdio Coelho, providências em caso de irregularidades e quer saber como fica o recolhimento da taxa de transporte entre os anos de 2012, quando a lei foi revogada, e o ano de 2016.