Durante audiência vereadores também questionaram alto número de comissionados da Capital

Pelo menos no próximo fim de semana não haverá corte de plantões para os servidores da saúde na Capital, resultado da pressão feita por servidores da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) durante audiência pública na Câmara Municipal, que reclamam de deficit de profissionais nos postos de saúde da Capital.

Os servidores afirmaram que já receberam escala de serviço com os cortes de plantão, e receberam do secretário de saúde, Dr. Jamal Salem (PR), promessa de que ‘não haverá cortes, mas sim remanejamento’.

Durante a audiência, ficou firmado a criação de uma comissão multidisciplinar, formada por vereadores e um representante de cada categoria profissional dos servidores da Sesau, que vai se reunir na próxima segunda-feira (23) com Jamal e o secretário de administração, Wilson do Prado, no paço municipal para discutirem opções de redução de gastos na pasta sem os cortes de plantão.

“Vou manter a mesma posição de reajuste e não de corte, de acordo com a necessidade de cada unidade. Às vezes o servidor não está mais em um posto e não foi cortado, foi remanejado”, afirmou Jamal.

O republicano também prometeu igualar o salário dos servidores do Cempe (Centro Municipal Pediátrico) aos das outras unidades de saúde do município, segundo ele para atender uma exigência legal.  O secretario, entretanto, não quis responder o motivo de a prática de pagamento de maiores salários ser estabelecida desde o início do funcionamento do Centro.

“Quem vê o paciente morrendo somos nós e não quem está no gabinete”, disparou Renato Figueiredo, representante do sindicato dos médicos que vai integrar a comissão multidisciplinar.

Segundo ele, as categorias da saúde já estão se organizando para apresentarem outras propostas à Prefeitura. “Se o Executivo tiver uma mágica que o corte de plantões não prejudique o atendimento, tudo bem”, disse Renato.

Servidores presentes à audiência pontuaram que já houve cortes na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário e que o mesmo pode acontecer nas unidades dos Bairros Vila Almeida e Nova Bahia. “Não vai ter corte sem o aval desta comissão (multidisciplinar). A minha preocupação é a falta de pagamento de salário dos servidores e também, caso tenha cortes, que isso afete o atendimento”, rebateu Jamal.

Prado argumentou que 77% da folha de pagamento do município é destinada ao pagamento de servidores da Sesau e da Semed (Secretaria Municipal de Educação), e afirmou que se não houver cortes nos plantões, a Prefeitura não terá caixa para fazer o depósito do salário de maio.

Comissionados

Diferente do que foi apresentado pelo secretário de administração, Wilson do Prado, de que existem ‘apenas’ 1.057 comissionados na Prefeitura, a vereadora Luiza Ribeiro (PPS) deu outros números.

“Tem muitos casos em que servidores comissionados recebem e não vão trabalhar. Estou recebendo denúncias de funcionários fantasmas”, afirmou ela. Luiza disse que até 17 de março, seu gabinete apurou a existência de 1.425 cargos comissionados, sem contar com diretores, por exemplo de escolas e postos de saúde, com eles o total seria de cerca de 2 mil, que geram gasto de aproximadamente R$ 13 milhões aos cofres do município mensalmente.

“Quem realmente não trabalha tem que ser exonerado, e não só na saúde, mas em toda a Prefeitura”, afirmou o presidente da comissão de saúde da Câmara, vereador Paulo Siufi (PMDB).

Já a vereadora Thais Helena (PT) cobrou uma auditoria do TCE (Tribunal de Contas do Estado) nas contas da Prefeitura de Campo Grande. “A administração está um caos. Para reduzir gastos é preciso cortar primeiro os comissionados”, disse ela, que também questionou qual a economia prevista pela Prefeitura com os cortes nos plantões da saúde. Thais não obteve resposta do secretário de administração.