Universitários denunciaram a situação ao Jornal Midiamax em agosto de 2014

A 29ª Promotoria de Justiça de vai aprofundar as investigações sobre o uso de um Hyundai I30, veículo oficial, pelo secretário estadual da Juventude de Puccinelli, Jaber Cândido, para ir à faculdade. O procedimento preparatório foi convertido em inquérito civil pela 29ª Promotoria de Justiça de , segundo publicação do diário oficial do MPE (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) desta segunda-feira (13).

A conversão foi feita pela promotora substituta Bianka Mendes. O Jornal Midiamax recebeu a denúncia em agosto do ano passado e Jaber foi acusado por universitários de usar um carro oficial de placas NQE-7772, para frequentar as aulas de uma universidade particular de Campo Grande.

O caso

O automóvel estava acautelado pela Justiça para a Secretaria Estadual da Juventude, para a qual Jaber foi nomeado pelo governador . Carros acautelados são entregues para uso do poder público depois de serem apreendidos com drogas, por exemplo.

Na secretaria, o assessor Marcos Silva confirmou que há automóveis acautelados sendo utilizados pela equipe, e informou ainda que, no caso da foto, se trata de um veículo de traficante que ainda estaria com as placas originais. “Neste carro nem trocamos as placas, estamos com a placa original, no nome do traficante, de fora”, disse em telefonema à redação.

As imagens do carro no estacionamento da Unaes (Centro Universitário de Campo Grande) foram feitas por acadêmicos no estacionamento da Unaes (Centro Universitário de Campo Grande). Questionado pela equipe de reportagem, o secretário estadual admitiu que era ele quem estava com o carro no local, e que é aluno da instituição, matriculado justamente em curso noturno. Mas, garantiu que estava na faculdade apenas para um ‘evento oficial’.

No entanto, segundo a denúncia, ele estaria utilizando o automóvel frequentemente. “Lá na Unaes todos comentam isso”, frisou uma das colegas do secretário estadual. Jaber confirmou que é aluno matriculado e frequenta um curso superior na faculdade.

Outra aluna, que também prefere não aparecer, diz que não acha justo essa atitude. “Não se pode fazer isso, é patrimônio público”, ressaltou a .

‘Sem horário’

Mesmo admitindo que é aluno matriculado e que frequenta regularmente aulas na universidade onde o carro foi flagrado, Jaber assegurou por telefone, em ligação gravada, que esteve no local a serviço. “Fui à faculdade para firmar um convênio com o curso de direito, em que os alunos deste curso fariam uma assistência jurídica nos bairros mais necessitados de Campo Grande”, justifica.

Na faculdade, a informação foi apenas de que realmente o secretário teria conversado rapidamente com uma pessoa da coordenação do curso de Direito e ‘combinado’ uma à secretaria para acertar detalhes de um convênio. Não houve nenhum documento assinado e nem registro oficial.

Apesar da explicação, Jaber também disse que usa o carro porque, como todos os secretários de Estado, ‘não tem horário de trabalho definido’ e pode ser convocado a qualquer hora. “Os secretários trabalham interinamente. Então, a qualquer horário, está a serviço”, disse Cândido.

Já o MPE (Ministério Público Estadual) afirmou que o artigo 37 da Constituição Federal e o artigo 312 do Código Penal proíbem que o patrimônio público seja utilizado em atividades particulares.