Mostra percorre o MS

Juiz na comarca de Costa Rica, distante 384 quilômetros de Campo Grande, Marcus Abreu de Magalhães adora fotografia e aproveitou o seu hobby para retratar a realidade das mulheres após deixarem a Casa Abrigo. As imagens do projeto “Sobreviventes – Da Casa Abrigo ao recomeço” rodam o Estado e nesta sexta-feira (10) estão expostas na Procuradoria-Geral de Justiça.

O magistrado explica que a atuação no interior é ampla, mas que 40% dos casos julgados são referentes à violência contra a mulher.

Sensível ao tema, o juiz se encontrou com as histórias de vida das mulheres por meio do trabalho da sua esposa, promotora de Justiça Ana Lara Camargo de Castro, que atua na promotoria de violência doméstica e lançou o livro Exposição Pornográfica não consentida na Internet”, com Spencer Toth Sydow também nesta sexta.

As fotos retratam a alegria das mulheres superada a situação de violência, apesar de algumas carregarem registradas na pela as marcas do passado. A extensão e gravidade das cicatrizes marcam as fotos mais chocantes da mostra, como a de uma delas, cuja cicatriz atravessa o pescoço e é escondida no dia a dia com um colar.

Assim mesmo, o ex-companheiro ainda fez outras duas marcas, em épocas diferentes, com furos de faca no pescoço da vítima. Outra delas foi alvejada com seis tiros pelo ex-marido, que atravessaram seu corpo.

“É um trabalho sobre um problema que está interligado. Um adolescente que realiza o tráfico de drogas, e por vezes é usuário também, quando vamos analisar, vem de um lar em desequilíbrio. Onde ele vê a mão apanhando do pai, é um processo que influencia na frieza e crueldade. A reprodução da violência dele acaba sendo reflexo disso”, diz o magistrado.

V Encontro Estadual na Lei Maria da Penha

A mostra, lançamento do livro e palestra sobre ‘Escravidão Digital’ aconteceram nesta manhã durante o V Encontro Estadual na Lei Maria da Penha, uma realização do MPE-MS por meio do Nevid (Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher).

A exposição faz parte do projeto da Casa Abrigo para Mulheres em Risco de Morte da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast).