“Não se acredita em falha da imprensa quando a fonte é confiável”, disse o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul (OAB/MS), Leonardo Duarte, ao comentar a ação judicial que o senador petista Delcídio do Amaral move contra o jornalista do Midiamax Celso Bejarano e o Jornal, pedindo indenização e estabelecendo como valor da causa R$ 100 mil.
Para o presidente da Ordem, é necessário seguir com precaução, para não correr o risco de prejudicar pessoas que podem estar envolvidas injustamente. Com relação ao senador sul-mato-grossense, Leonardo lembra que “o investigado tem sempre legitimidade para pedir a própria quebra de sigilo”.
A reportagem foi veiculada originalmente no portal nacional Terra, que também está sendo processado, junto com o jornalista Ítalo Milhomem Zikemura. No texto, o repórter informa que trechos de escutas telefônicas realizadas para investigar o suposto esquema de desvio de verbas públicas em Dourados com autorização judicial contêm citação do nome de Delcídio do Amaral.
Na ação, o senador alega que não teria sido instaurado qualquer procedimento contra ele ao final da operação. Porém, o delegado da Polícia Federal Bráulio Gallone, que conduziu o inquérito da Uragano, nunca desmentiu a presença do nome de Delcídio nas conversas e já informou várias vezes que as citações de políticos em cargos federais foram encaminhadas para Brasília por uma questão de foro privilegiado.
Gallone reafirma, inclusive, que todos os trechos envolvendo parlamentares federais de Mato Grosso do Sul foram remetidos diretamente para o Ministério Público Federal, a quem compete tomar as medidas cabíveis. “Não posso mais me manifestar sobre esse assunto. O que eu disse antes foi o que aconteceu. Agora, é com o Ministério Público Federal”, resume.
A Ordem dos Advogados, uma das principais instituições brasileiras no processo de redemocratização e de luta pela defesa do estado democrático de direito, segundo o presidente da Seccional de Mato Grosso do Sul, sempre se posicionará pela liberdade de expressão. “A imprensa é fundamental no Estado democrático para que as instituições sejam aperfeiçoadas”, conclui Duarte.