Prioridades
Enquanto Campo Grande enfrenta problemas graves na saúde e no transporte público, os vereadores da Câmara Municipal destinaram cerca de uma hora da sessão desta terça-feira (8) para debater uma moção de apoio à anistia dos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Debate acalorado
De autoria da bancada do PL, o texto da moção gerou controvérsias e discussões entre os parlamentares. Totalmente contrária à aprovação, a bancada do PT se mobilizou para tentar barrar o debate e a votação.
Questionamento
A vereadora Luiza Ribeiro questionou o presidente da Casa, vereador Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), sobre se a moção havia sido protocolada antes das 16h do dia anterior à sessão, conforme determina o regimento interno da Câmara — documentos protocolados após esse horário não entram na pauta.
Tema relevante
Papy utilizou a prerrogativa da presidência, também prevista no regimento interno, para autorizar o debate, mesmo com a moção tendo sido protocolada após o prazo. Segundo ele, o assunto é de relevância e, por isso, o debate deveria seguir.
Ameaça
Enquanto o presidente consultava sua assessoria jurídica, o vereador André Salineiro (PL) ameaçou convocar apoiadores para lotar a Câmara caso o debate sobre a moção fosse adiado para a próxima sessão, marcada para quinta-feira (10), pressionando a decisão do presidente — que, ao final, cedeu.
Passou das 13h
A discussão empurrou o encerramento da sessão para depois das 13h. Além disso, duas categorias marcaram presença em peso no plenário: guardas municipais (em razão da votação de um projeto de lei) e funcionários e representantes do Sicoob (um deles utilizou a palavra livre na tribuna).
Anistia parcial: sim
Parte dos vereadores não concordou totalmente com o teor da moção. Carlão (PSB) votou a favor, mas afirmou que a anistia deveria valer apenas para 50% dos acusados e condenados. Para a outra metade, defendeu a prisão. Ronilço Guerreiro (Podemos) disse não gostar de extremismos e, assim como Carlão, criticou a dureza das penas. Ressaltou que o direito não pode ser aplicado igualmente a todos os envolvidos. Também votou a favor.
Anistia parcial: não
Já Delei Pinheiro e Beto Avelar, ambos do PP, votaram contra a moção. Eles criticaram a severidade das penas nos casos mais leves, envolvendo pessoas que participaram do movimento, mas não invadiram os prédios dos Poderes. Ainda assim, foram categóricos ao afirmar que não se pode anistiar quem cometeu crimes.
Sem anistia
Além da bancada do PT, também votaram contra Luiza Ribeiro, Landmark, Jean Ferreira, Marquinhos Trad (PDT) e Flávio Cabo Almi (PSDB). Luiza Ribeiro criticou duramente o texto e afirmou que a anistia, na verdade, busca livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu grupo, denunciado por tentativa de golpe de Estado.
Em defesa
Os vereadores Herculano Borges (Republicanos) e Professor Juari (PSDB) saíram em defesa do governador Eduardo Riedel (PSDB), fortemente criticado por parlamentares petistas após declarar apoio à anistia. Apesar da reação, o partido decidiu permanecer na base de apoio a Riedel — porém, com a condição de afastamento de figuras da extrema-direita bolsonarista.