Judiciário coeso

O discurso do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, durante comemoração do décimo aniversário do Colégio de Ouvidores da Justiça Eleitoral, foi direcionado àqueles que insistem em desqualificar o Judiciário e a Justiça Eleitoral.

Era da pós-verdade

Toffoli foi o último a discursar. Até então, evitou a imprensa e se comportou protocolarmente. Recebeu, inclusive, uma comenda honorífica. Mas quando abriu a boca, deixou claro que não veio a Campo Grande apenas para receber medalha. “O trabalho das ouvidorias eleitorais mostra-se ainda mais relevante nessa era da pós-verdade. A cidadania é exigente e conectada. É também alvo constante de campanhas de desinformação, de intolerância e de ódio”.

Engenheiros do caos

Citou, inclusive, o italiano Giuliano de Empoli, autor do best-seller “Os engenheiros do caos”. “A cidadania é vulnerável a manipulações orientadas por algoritmos e por discursos políticos que alimentam o sectarismo, o tribalismo, a animosidade e o medo em relação ao diferente”.

Big lies

Toffoli também fez referência à invasão do Congresso dos Estados Unidos, em janeiro deste ano. “E não nos esqueçamos que a invasão do Capitólio foi provocada pelo que a mídia da América do Norte chamou de ‘big lies', a grande mentira, sobre a lisura do processo eleitoral naquele país. Mentira que lá ainda continua a ser disseminada pelos derrotados e seus aliados”.

Dulce de leche

Inspirado, o ex-presidente do STF ainda encontrou termos para citar os ‘hermanos'. “Falar em diálogo e consenso nos dias atuais é tentar nadar contra a corrente. Ou numa imagem que os argentinos usam para definir algo muito difícil: ‘remar em dulce de leche'. Estamos remando no Brasil, há alguns anos, em doce de leite. Gastamos mais energia para galgar distâncias que antes cumpríamos com maior facilidade”.

Auditável, sim!

E, inevitavelmente, como também presidiu o TSE, defendeu o sistema eleitoral brasileiro, dizendo que, só mesmo na ‘era chamada de pós-verdade' pode prosperar uma campanha de desinformação contra o voto eletrônico. Ele é, sim, auditável e reconhecido internacionalmente como uma referência, disse.

Plateia de peso

Contundentes, as declarações ocorreram no auditório do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral do MS), diante do presidente do TRE-MS, Paschoal Carmello Leandro; do presidente do (Tribunal de Justiça do MS), Carlos Eduardo Contar; e do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Reynaldo Soares da Fonseca.