A Câmara Municipal de Campo Grande avaliará na próxima semana um requerimento para abertura de uma CPI (Comissão de Inquérito Parlamentar) para investigar as finanças da Santa Casa de Campo Grande, maior hospital público do Estado. O documento será apresentado pelo vereador Rafael Tavares (PL).
Se aprovada a ideia, seria a segunda CPI criada num curto prazo de tempo. Em curso, os parlamentar tocam a CPI do Consórcio Guaicurus, investigação acerca do transporte público na cidade. O comando do hospital anuncia há semanas que as finanças beiram o colapso e que já não tem como admitir novos pacientes. Caso, inclusive, foi parar na polícia, onde dirigentes da Santa Casa disseram que há pacientes correndo risco de morte por de recursos.
O vereador explica que nesta quinta-feira (27) apresentou um requerimento solicitando informações a respeito do balanço financeiro e de todos os contratos mantidos pelo hospital. “A gente precisa dar respostas à população. Por que a Santa Casa está colapsando? A população cobra somente o município, mas vem muitos pacientes de fora de Campo Grande. Nós temos quase 1,4 milhão cartões SUS referenciados na Capital, mas nossa população não chega nem a um milhão”, disse.
Tavares revela que já conversou com alguns pares que sinalizaram que vão apoiar o pedido. “É um requerimento robusto, construído com o auxílio dos vereadores para se fazer uma investigação séria”, completa. O parlamentar ainda cobrou a presença dos deputados estaduais, federais e senadores no debate e disse que todos têm a responsabilidade de ajudar o hospital.
“As recentes acusações, inclusive de médicos, de que 70 pessoas correm risco de vida. O colapso financeiro que vive a Santa casa é um problema recorrente. A gente vê, ano após ano, mais repasse de dinheiro, mais recursos, e a Santa casa não consegue fechar a conta. A população precisa saber para onde está indo esse dinheiro, com quem são esses contratos e a qual custo está sendo estes insumos e todo o balanço financeiro”, disse.
O líder da prefeita Adriane Lopes (PP) na Casa de Leis, vereador Beto Avelar, afirmou que há um alto número de internações neste período por síndromes respiratórias. Para ele, o momento não é de se procurar culpados, mas sim, soluções.
“Ontem recebi a informação que de 170 pessoas estavam esperando vagas para tratamento. Acredito que não é hora de ficar procurando culpados, e sim, de buscar soluções que atendam a situação apresentada agora e ao longo prazo”, disse.
Avelar sustentou que a Santa Casa, por ser referência e o maior do Estado, atrai pacientes de outras cidades e isso contribui com a ruína financeira e a superlotação. “Hoje sai muito mais barato para os prefeitos do interior comprar ambulâncias e mandar os pacientes para cá, do que investir na saúde dos municípios. Temos perto de 1 milhão de habitantes, mas temos em torno 1,4 milhão de cartões SUS, essa conta não fecha”, ressalta.
O parlamentar rebateu as críticas de que os problemas da Santa Casa sejam culpa da atual gestão. “O problema é sério porque envolve vidas, mas isso não é problema da gestão Adriane Lopes, isso se arrasta há muito tempo. Sem a ajuda do Governo Federal estamos fadados ao fracasso”, completa.
Avelar sustentou que a Santa Casa, por ser referência e o maior do Estado, atrai pacientes de outras cidades e isso contribui com a ruína financeira e a superlotação.
Já o presidente da Comissão Permanente de Saúde da Câmara dos Vereadores, Vitor Rocha (PSDB), disse que está acompanhando as reuniões entre a Bancada Federal, Prefeitura, União e Estado para tratar do assunto e destacou que contrato com a Santa Casa precisa ser atualizado.
Vereadores ouvidos pela reportagem já sinalizaram apoio ao requerimento para abertura da CPI para investigar a questão.
Com pronto-socorro lotado, Santa Casa de Campo Grande para de receber pacientes

A Santa Casa de Campo Grande divulgou ofício na segunda-feira (24) pedindo a paralisação no envio de novos pacientes à unidade de saúde devido à superlotação do hospital. O pedido foi encaminhado à Coordenadoria de Urgências, ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), à Central de Regulação Hospitalar, à Central de Regulação Estadual e à 32ª Promotoria de Justiça de Campo Grande.
“A Diretoria Técnica da Santa Casa de Campo Grande comunica que o pronto-socorro da instituição enfrenta uma situação de superlotação, operando atualmente além de sua capacidade máxima“, diz comunicado divulgado à imprensa.
“O setor de urgência e emergência, originalmente projetado para acomodar 13 leitos, encontra-se neste momento com mais de 80 pacientes internados, conforme os dados atualizados às 9h de hoje”, completa o texto.
Segundo o hospital, esse cenário gera sobrecarga “acentuada em toda a cadeia de serviços prestados pelo hospital”. Uma das maiores dificuldades acarretadas pela superlotação é o uso de insumos, que está em “situação crítica de escassez”.
Risco de morte na ortopedia
Médicos do setor de ortopedia foram à polícia de Campo Grande. Em boletim de ocorrência, eles afirmam que não há insumos para cirurgias e 70 pacientes correm risco de morte ou sequelas graves.
Conforme o registro policial, três médicos e um advogado estiveram na delegacia para registrar um BO de preservação de direito, onde relatam falta de condições de trabalho. Segundo eles, no momento não existe nenhum material ortopédico disponível para a realização de cirurgias de urgência e emergência.
Chefe do setor de ortopedia da Santa Casa, o médico João Antônio Pereira Mateus relatou à polícia que o hospital tem 70 pacientes que estão em situação iminente de morte e/ou sequelas, devido à falta de insumos e próteses para cirurgias.
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