O vereador Rafael Tavares (PL) criticou nesta quinta-feira (13), durante sessão da Câmara Municipal de Campo Grande, a iniciativa experimental do uso de banheiros sem identificação de gênero na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Ele mencionou um caso de uma aluna que foi filmada em 2022 para embasar suas críticas.
Os “banheiros unissex” são uma prática temporária e podem ser utilizados até hoje no prédio Multiuso 1 durante o BioDiverCi (Simpósio Internacional de Ciência Inclusiva em Biodiversidade). Para o parlamentar, a medida coloca em risco a segurança das mulheres acadêmicas e docentes.
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“A gente percebe que a Federal tem muitos problemas, enquanto fica preocupada com militância progressista, né? A gente entende que isso aí é um ataque às mulheres, colocando-as em perigo, na mesma semana em que tivemos um professor da universidade condenado por estupro de uma jovem”, disse.
O parlamentar afirmou que irá protocolar um pedido de esclarecimentos na Reitoria da instituição.
Caso da jovem filmada em banheiro neutro
O vereador se referiu a um caso registrado na página Segredos UFMS, em 16 de agosto de 2022, quando uma acadêmica, de forma anônima, revelou que, enquanto utilizava um banheiro neutro — uma iniciativa da época — percebeu um homem filmando-a com o celular.
“Entrei, fechei a porta e, ao olhar para baixo, me deparei com uma mão masculina segurando um celular com a câmera em modo selfie, me vigiando”, contou. A vítima relatou que viu as partes íntimas refletidas na tela do celular. “Na hora, bati na parede e questionei por que ele estava me filmando.”
O homem teria retirado a mão e a vítima então abriu a porta e começou a bater na porta do banheiro ocupado pelo suspeito. “Saiu engomado, pai de família, casado, dizendo ‘não estava te filmando não’”. A vítima ainda pediu o celular do suspeito, que, segundo ela, “quis crescer para cima de mim”. Um colega da acadêmica passava por ali no momento e foi chamado por ela.
O homem acabou entregando o celular, mas não foi encontrado nenhum vídeo da vítima no aparelho. O caso foi levado à polícia e à reitoria da instituição. Na ocasião, o Midiamax solicitou um posicionamento da universidade, mas até hoje não obteve resposta.
Novamente, a redação solicitou um posicionamento da universidade, mas até o fechamento deste material não tivemos retorno.
Caso de estupro contra aluna
A UFMS afastou um professor de Biologia condenado por estuprar uma aluna da instituição, crime cometido há nove anos. O processo administrativo, que havia sido arquivado na época, foi reinstaurado.
Em nota, a UFMS informou que a reitora Camila Ítavo, com base em sentença proferida pela Justiça Estadual, determinou o afastamento preventivo do professor lotado no Instituto de Biociências e constituiu uma Comissão de PAD (Processo Administrativo Disciplinar) para apurar a responsabilidade do servidor, sob supervisão da Corregedoria da Universidade.
Ainda conforme a UFMS, a decisão se baseia no parecer da Procuradoria Federal da UFMS e revisa o ato administrativo de agosto de 2016, que havia decidido pela não apuração dos fatos pela UFMS na época.
Alunos da instituição estão organizando uma manifestação, com o tema “Não se cale! Sem mais casos de assédio”, às 14h da próxima sexta-feira (14).
Muitos relatos, pouca investigação
Após a condenação do professor, outras mulheres se sentiram encorajadas a relatar casos de assédio sofridos durante a vida acadêmica na universidade. Uma ex-acadêmica, que terá seu nome preservado, relatou em conversa com o Jornal Midiamax os anos de sofrimento devido ao assédio sexual de seu professor. Na época, a jovem tinha 20 anos e era bolsista em um projeto de extensão vinculado à universidade.
“Ele abusava de sua posição de autoridade para criar situações de constrangimento e intimidade inadequada com as alunas. Vivi muitas dessas situações ao longo desse período”, disse a ex-acadêmica. Em uma das ocasiões, o autor chegou a comentar sobre os seios da mulher.
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