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Política

Soraya deve pedir segunda prorrogação para concluir relatório da CPI das Bets

Senadora sul-mato-grossense disse também que a CPI foi prejudicada pelas ausências de vários senadores do colegiado durante as reuniões
Celso Bejarano -
soraya
Senadora Soraya Thronike. (Saulo Cruz, Agência Senado)

A senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (). relatora da CPI das Bets, a 15 dias para a entrega do relatório final, enfrenta prazo reduzido para novos depoimentos. E isso tem mobilizado integrantes do colegiado que buscam um jeito para uma nova prorrogação da CPI.

De acordo com a Agência Senado, a relatora afirmou em Plenário, na quinta-feira (29), que a CPI tem direito a 130 dias de prorrogação, em razão de mais de um terço dos senadores (29, ao todo) terem assinado requerimento com esse objetivo que já estaria protocolado.

O documento ainda não está formalizado no sistema do Senado e depende da leitura em Plenário pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre, informou a Agência.

— Vou entregar o meu trabalho, mas não da forma como eu imaginava; vai ser da forma possível. Peço para o presidente Davi que nos dê mais alguns dias. Eu tenho condições de procurar o Supremo Tribunal Federal, eu tenho condições de impetrar um mandado de segurança, mas eu não quero judicializar isso. Eu acho que no diálogo a gente pode resolver todas essas questões — disse Soraya.

A CPI, que foi instalada em novembro de 2024 para investigar irregularidades no setor de apostas virtuais, já foi prorrogada por 45 dias no final de abril (para funcionar até o dia 14 de junho) após a aprovação do requerimento RQS 337/2025.

Cita também a Agência Senado, que no início de maio, Soraya afirmou que tinha apoiado esse requerimento por “medo de não ter nem um tempo a mais”, mas ressaltou que o prazo era insuficiente e que o resultado da decisão das lideranças partidárias teria ocorrido sem que sua opinião fosse ouvida.

Falta de quórum

De acordo com a senadora de MS, a CPI também foi prejudicada pelas ausências de vários senadores da comissão durante as reuniões. Para ela, essa é uma das razões para não haver mais aprovações de quebra de sigilo e de relatórios de informações financeiras dos investigados (RIFs). 

Os RIFs são documentos elaborados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que permitem apurar suspeitas de , sonegação de impostos e outros ilícitos. Menos da metade dos 192 requerimentos de informações sigilosas apresentados na CPI foi aprovada. O colegiado já recebeu 63 documentos do Coaf.

Soraya fez um alerta: a falta de quórum pode prejudicar inclusive a votação do relatório final, documento que consolida os trabalhos da CPI.

— Eu não consigo ter quórum para aprovar os pedidos de RIFs. Quase todos os dias nós estamos trabalhando sem quórum. Nós temos de implorar para ter quórum. Para mim, isso é muito estranho. Eu tive de pedir isso ao presidente: para que tenhamos quórum para votar o relatório. São 11 cadeiras de titulares e nós só temos dez titulares. Tem uma vaga lá.

Depoimentos

Com o total de 22 reuniões, a CPI já escutou 19 pessoas. Mas isso representa pouco mais de 10% do total de depoimentos aprovados — ou seja, a maioria ainda espera uma data para acontecer. Além disso, em diversas ocasiões os membros da CPI foram surpreendidos com a ausência dos convocados: seis pessoas não apareceram para depor.

As principais justificativas para a ausência foram viagens ao exterior e a proteção dada pelo Supremo Tribunal Federal para que os depoentes não se incriminem. Na última reunião, na terça-feira (27), por exemplo, o influenciador digital Luan Kovarik — conhecido como Jon Vlogs — não compareceu. Ele é apontado como um dos principais responsáveis por promover a divulgação das bets.

O presidente da CPI, o senador Dr. Hiran (PP-RR), afirmou na ocasião, segundo a Agência Senado, que as ausências são “um ato de desprezo pela comissão”. Ele aprovou a condução coercitiva de Jon Vlogs.

O senador Izalci Lucas (PL-DF), em pronunciamento em Plenário no mesmo dia, apoiou um maior prazo para a CPI, para que seja possível ouvir esse influenciador e outros depoentes.

— Nós ainda precisamos ouvir algumas pessoas para concluirmos o relatório. Se o objetivo, de fato, é apurar e melhorar a legislação, vamos precisar de um tempinho a mais — declarou Izalci.

O relatório final pode, além de propor mudanças na legislação, enquadrar pessoas em determinados crimes (indiciamentos) — nesses casos, o relatório é enviado para o Ministério Público ou a Polícia Federal.

Paralisação

Soraya informou que a CPI terá, na prática, apenas uma semana a mais de atuação oficial. Ela lembra que a comissão não vai se reunir na primeira semana de junho devido ao 11º Fórum Parlamentar do Brics, que ocorrerá entre 3 e 5 de junho. A relatora também criticou a demora de mais de um mês para a retomada da CPI neste ano — a primeira reunião ocorreu em 11 de março.

Das últimas cinco CPIs do Senado, duas não tiveram prorrogação. As três que tiveram foram estendidas, em média, por cerca de 107 dias. 

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) também defende a prorrogação. No entanto, na sessão plenária de segunda-feira (29), ele defendeu, como alternativa, aumentar a intensidade dos trabalhos.

— Parece que querem acabar [com a CPI] de todo jeito. Não sei se está chegando a algum poderoso, quais são os interesses que estão se movendo aí de outros projetos que possam vir… Nós podemos trabalhar no limite das nossas forças, inclusive no final de semana — disse ele.

Investigação

A CPI das Bets foi criada para investigar o impacto que as apostas on-line causam no orçamento das famílias brasileiras, apurar supostos vínculos com e identificar irregularidades na atuação de influenciadores que divulgam essas apostas.

O setor de apostas passa por uma abertura desde 2018, e sua regulamentação, elaborada pelo Poder Executivo, só foi efetivamente implementada em janeiro de 2025, após uma fase de transição em 2024. O período sem regras explícitas para atuação gera divergência entre especialistas quanto à legalidade de determinadas atividades do setor.

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