A taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, segue repercutindo entre parlamentares de Mato Grosso do Sul. O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) voltou a criticar o governo Lula e apontar falhas diplomáticas que, segundo ele, colocaram em risco milhares de empregos e um setor estratégico para o país.
“Esse é o resultado de uma diplomacia medíocre. O Lula vem atacando o presidente da maior potência mundial há tempos”, afirmou o parlamentar ao Midiamax.
Rodolfo, que tem base no agronegócio liderando a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, e atua na defesa da pauta armamentista, lamentou que o setor de armas, que cresceu sob o governo Bolsonaro, esteja sendo penalizado por disputas políticas e ideológicas.
A medida anunciada por Trump atinge empresas como a Taurus, maior fabricante de armas do Brasil, que tem nos EUA seu principal mercado. Cerca de 87% das vendas externas da companhia são destinadas ao país norte-americano, responsável por 83% da receita líquida da empresa.
A eventual manutenção da tarifa pode levar à transferência da produção para os Estados Unidos, o que colocaria em risco até 15 mil empregos no Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul.
Segundo o deputado, ao impor penalizações aos brasileiros, Trump estaria buscando, na verdade, “impedir que o Brasil continue nesse rumo das ditaduras”.
“Para que as relações do Brasil com os EUA voltem ao normal, é preciso que o Judiciário pare com as perseguições e que Lula e a esquerda deixem de judicializar tudo aquilo que perdem nas urnas”, afirmou o parlamentar.
Em 2024, os Estados Unidos responderam por 61,3% das exportações brasileiras de armas e munições. Os demais países têm participação marginal: Emirados Árabes (5,3%), Holanda (4,7%), Reino Unido (2,4%) e Burkina Faso (2,1%).
O cenário, segundo analistas ouvidos pela BBC News Brasil, aponta que a dependência excessiva do mercado americano aliada à instabilidade política interna criou uma armadilha para o setor. A Taurus, que havia mais que dobrado suas vendas entre 2018 e 2021, voltou em 2024 ao mesmo patamar de seis anos antes, refletindo o encolhimento da demanda e a mudança nas diretrizes nacionais.
Em São Leopoldo (RS), sede da principal fábrica da Taurus, a crise já é tratada como potencial catástrofe econômica. Estima-se que R$ 520 milhões das exportações da cidade estejam diretamente ligados ao mercado americano, o que representa 4,7% do PIB local.