O PT aguarda o retorno do governador Eduardo Riedel (PSDB) da Ásia, após 18 de agosto, para tratar oficialmente da saída da base governista e entrega dos cargos que ocupa na administração estadual, afirma o ex-governador e deputado estadual Zeca do PT.
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O diretório do Partido dos Trabalhadores tomou a decisão, na última sexta-feira (8), depois de o tucano manifestar apoio público ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após a decretação da prisão domiciliar.
“Aguardar o retorno do governador, porque o comportamento mais civilizado exige isso, para nós comunicarmos a ele da nossa posição. É a minha posição”, afirmou Zeca do PT.
O deputado estadual crítica o ex-governador Reinaldo Azambuja — presidente do ninho tucano em MS e padrinho político de Riedel. Ele classifica como “desespero” as manobras políticas.
“O desespero de viabilizar a eleição dele [Azambuja] para o senado está reduzindo o governador e o governo do Riedel à estatura dele [Azambuja]. Eles acham que a eleição está praticamente ganha, acham que nesse momento o negócio lá do Bolsonaro, que está em declínio, vai fazer extrema direita aqui”, julga Zeca do PT.
O petista acredita que o PL — sigla para a qual Azambuja deve assumir em breve em Mato Grosso do Sul — está em declínio diante da prisão domiciliar e dos avanços dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro ligados à trama golpista.
Zeca do PT também fala que Riedel poderia ser influenciado por Azambuja, mas que a saída do Partido dos Trabalhadores da base governista seria atribuída à dupla.
“Eu atribuo [a saída] aos exageros da fala dos dois, mas eu acho que o Riedel, o que sempre foi muito mais sereno, foi estar sendo instigado pelo comportamento do Reinaldo, que nos leva a sair do governo”, atribui.
‘Divórcio‘
Contudo, o “divórcio” entre PT e o Governo de Eduardo Riedel (PSDB) parece definitivo, avalia Zeca do PT.
Questionado sobre haver chances de o partido voltar atrás após Riedel retornar da viagem à Ásia, o ex-governador acredita que o desinteresse em um acordo é mútuo. “Acho que não. Acho que nem eles nos querem mais”, afirmou Zeca do PT.
A opinião do ex-governador é compartilhada por outros colegas de partido, que veem a decisão como sem volta.
Vereadores de Campo Grande relembram que o PT apoiou Riedel no segundo turno das eleições para governador, em 2022, diante do outro adversário, Capitão Contar (PRTB), estar mais alinhado à extrema direita.
“O PT apoiou o Riedel para evitar que a extrema direita conseguisse vencer as eleições naquele ano. Eu acho que a alteração do partido para o PP ou PL faz o PT avaliar de forma coletiva, e coletivamente a direção decidiu nesse sentido. Temos novas eleições pela frente”, afirmou a vereadora Luiza Ribeiro.
O colega Landmark Rios endossou o discurso do deputado federal e presidente do PT em MS, Vander Loubet, de que o partido irá sair pela porta da frente. Ele acredita que os servidores serão realocados.
“Não são muitos cargos. Os agentes públicos são cargos efetivos. Estávamos em alguns espaços, seja da Agraer, seja da Cidadania, mas tivemos muita contribuição. São aproximadamente 12 e serão realocados”, disse Landmark.
Segundo o vereador Jean Ferreira, o PT tinha aproximadamente 20 indicações nas secretarias, mas os indicados não tinham estrutura para deixar a marca do PT, que é voltada às causas sociais.
“Nós vamos nos reunir. Nós entendemos que fizemos muitas articulações com o Governo Federal para trazer recursos para MS e que precisa ser concluído e dar os devidos nomes a todo o investimento que o Governo Lula está colocando no Estado. Estamos em um projeto de construção de candidatura própria. A gente entende que fizemos aliança porque o outro candidato era de extrema direita. Com o tempo, não foi tendo a entrega que queríamos”, reclamou.
PT entrega cargos
A legenda espera o retorno de Riedel para deliberar a saída dos servidores indicados pela bancada petista que compuseram o governo de Riedel, desde o início da gestão, em duas frentes principais: Secretaria Estadual de Cidadania e Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural).
A decisão de Riedel em apoiar ou não o palanque de Lula era o que ainda mantinha o PT na base governista. Após a prisão domiciliar de Bolsonaro, Riedel afirmou que a medida representa “excessos judiciais” que implicam na escalada da tensão política e jurídica no país.
A decisão das lideranças do Partidos dos Trabalhadores foi divulgada oficialmente na última sexta-feira (8), o que pode motivar a sigla a buscar lançar candidaturas próprias nas eleições de 2026.
O diretório, porém, não divulgou até o momento quantos cargos ocupa na administração estadual.
A sigla em Mato Grosso do Sul busca trazer nomes para fortalecer o PT no ano que vem. Entre os convites, estão o da ex-senadora e atual ministra do Orçamento e Planejamento, Simone Tebet (MDB) — para disputar o Senado —, e de Fábio Trad (sem partido) — para disputar o governo.
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