Deputados petistas de Mato Grosso do Sul vão deixar a base do governador Eduardo Riedel (PSDB) na Assembleia Legislativa. O anúncio, que será antecipado em coletiva nesta sexta-feira, 8 de agosto, ganhou força após a manifestação do chefe do Executivo se posicionar em contrariedade às decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A saída da sustentação do governo deve implicar em perdas para ambos os lados. Enquanto petistas perdem espaço na gestão administrativa do governo tucano, Eduardo Riedel pode ter maiores obstáculos para acessar investimentos do Governo Federal com créditos para sua gestão.
A promessa da nova conjuntura petista sul-mato-grossense é para uma oposição crítica, responsável e programática. Nesta semana, os deputados estaduais Zeca do PT e João Henrique Catan (PL), oposicionistas declarados com histórico de embates acalorados por vieses ideológicos na Alems, protagonizaram ‘levantar de bandeira branca’ com promessa de se tornarem aliados quando o assunto for os enfrentamentos à administração de Eduardo Riedel.

Quanto o PT perde ao sair da base de Riedel?
Segundo os deputados petistas, as perdas para a legenda ao deixar a base do governo de Eduardo Riedel são pequenas e naturais.
“Hoje nós temos, dentro da Secretaria de Cidadania, algumas subsecretarias, mas é muito pequeno. O tamanho do PT dentro do governo é muito pequeno. São essas as relações que existiam entre o PT e o governo. Acho que o PT não perde tanto nesse processo, não tem muita secretaria”, disse a douradense Gleice Jane ao Jornal Midiamax.
O deputado federal Vander Loubet, eleito presidente estadual da legenda, disse que a perda de cargos faz parte do processo. “É natural a questão de deixar os cargos. Isso faz parte”, afirmou.

O que o PT fez pelo governo de Eduardo Riedel até aqui?
Segundo os parlamentares petistas, as contribuições da legenda de Lula foram fundamentais no processo eleitoral para Eduardo Riedel ser consagrado Governador de Mato Grosso do Sul, além da incorporação de políticas em setores que historicamente são ‘especialidade’ do partido.
Para Gleice Jane, a decisão de compor a base do governo ocorreu com o objetivo de garantir a derrota do então candidato Capitão Contar, que disputava o governo com Eduardo Riedel no segundo turno em 2022.
“A gente entendia que o Contar seria muito pior, então nesse processo eleitoral, o PT fez uma opção de apoiar o Riedel. Terminado esse processo, o PT se reuniu e discutiu, tinha a possibilidade de estar dentro do governo, mas mesmo assim sempre discutiu o fato de que nunca teve um compromisso de não fazer oposição. O PT colaborou muito no intuito de fazer inclusive uma ponte do governo do estado com o governo federal. Porque, basicamente, as entregas que são feitas de casa, as entregas de política pública, quem tem feito é o governo federal. Então, acho que a permanência do PT nesse processo ajudou muito nesse processo de transição e de fazer essa ponte e trazer políticas federais aqui para o Estado do Mato Grosso do Sul”, disse Gleice, afirmando que a legenda buscou posição independente, mesmo ocupando secretarias na gestão.
Já Pedro Kemp afirmou que membros do partido que estão ocupando cargos na administração estadual procuraram implementar políticas públicas nas áreas da agricultura familiar e na garantia de direitos de cidadania nas subsecretarias da Mulher, da Igualdade Racial, da Pessoa Idosa, da Comunidade LGBT e dos Assuntos Comunitários.
“Onde nosso partido sempre teve compromisso em lutar ao lado dos segmentos mais vulnerabilizados da sociedade”, acrescentou o parlamentar.
O presidente estadual eleito, Vander Loubet, lembra que graças à composição do PT ao governo de Riedel foi possível garantir a interlocução com o Governo Federal, permitindo ao nosso Estado ser contemplado com muitos investimentos.
“Como as mais de 3.600 moradias do programa Minha Casa Minha Vida e os recursos do Novo PAC — o próprio governo divulgou que está sendo atendido com recursos do Novo PAC nas áreas de infraestrutura, saúde, educação, habitação, cultura, saneamento básico, transporte e segurança energética. São cerca de R$ 29 bilhões”, destacou o deputado.
Vander ainda fez questão de mencionar o financiamento do BNDES de R$ 2,6 bilhões para o Estado investir na modernização das rodovias estaduais, além de “toda a articulação” que permitiu ao Estado receber do Governo Federal a autorização para colocar trechos da BR-262 e BR-267 no pacote de concessão da Rota da Celulose, que segundo o petista, representou “um gesto de pai pra filho por parte do presidente Lula em relação ao Riedel”.
“Importante destacar que a nossa saída do governo Riedel não vai implicar — pelo menos da nossa parte — em prejuízo ao Mato Grosso do Sul. Eu, a Camila (Jara) e nossos deputados estaduais temos compromisso com a população, por isso vamos seguir trabalhando e articulando recursos, investimentos e ações em favor do estado e dos municípios”, afirmou.

E o que esperar dessa oposição?
Segundo os correligionários, o PT não deve assumir postura ‘raivosa’. A nova articulação do partido após deixar a sustentação da gestão de Riedel na Alems será pautada por crítica responsável e alinhada aos interesses do sul-mato-grossense.
“Devemos deixar a base de sustentação do governo na Assembleia, fazendo uma oposição crítica e responsável, sem deixar de apoiar projetos de interesse da população do Estado, em especial daqueles que mais necessitam das políticas públicas de inclusão social”, disse Kemp.
Já Gleice Jane diz vê na nova conjuntura a ampliação de uma oposição, que segundo ela, tem sido feita de forma isolada pela petista. “Já venho fazendo essa oposição há algum tempo, ainda que isoladamente, muito fraco por conta de estar sozinha nesse processo, mas eu acredito que agora a gente passa a um trabalho coletivo de oposição ao governo e um trabalho de oposição com base em um debate sério para o Estado, que eu acho que essa é uma característica do PT, de trazer o povo, a luta da população”, afirmou.
Vander promete que os deputados estaduais Zeca do PT, Pedro Kemp e Gleice Jane serão oposição programática.
“Farão oposição dentro das propostas que entenderem que não atendem ao interesse público ou aos anseios da maioria da população. Nossos parlamentares têm responsabilidade com a população e com as ações que garantem benefícios ao povo do nosso estado e jamais adotarão uma postura de birra ou de oposição por pura oposição”, disse.
Ele destacou que na bancada federal, seu mandato e o de Camila Jara seguirão abertos ao diálogo e à construção de projetos que atendam as demandas dos cidadãos de MS.
A reportagem buscou ouvir também o ex-governador e atual deputado Zeca do PT, mas até o fechamento do texto o político não se manifestou.
O que diz Eduardo Riedel?
Por meio de assessoria, o Jornal Midiamax buscou também ouvir o governador Eduardo Riedel em relação às manifestações da bancada petista, mas até o momento não houve retorno. O espaço segue aberto para posicionamento.
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