A redução de queimadas é tema de saúde pública, defende o Superintendente Geral da FAS (Fundação Amazônia Sustentável), Virgílio Viana, durante o Fórum LIDE COP 30, em Bonito, nesta sexta-feira (30). O especialista explica que, para além da fumaça causadora de efeito estufa, os incêndios florestais precisam ser encarados como um problema coletivo de saúde.
“Qual o problema das queimadas, principalmente para as pessoas? É a saúde pública […] ao reduzir as queimadas, nós estamos tendo um benefício para os moradores do Mato Grosso do Sul. Ao plantar árvores, nós estamos tendo um benefício para os moradores do estado e, obviamente, para o restante do Brasil e do planeta”, afirma.
Mato Grosso do Sul ficou por vários dias com o horizonte tomado por fumaça em 2024 devido aos incêndios no Pantanal. A qualidade do ar chegou ao nível “muito insalubre” em monitoramento do do IQair (Air quality index), no mês de setembro, devido ao tempo seco e às queimadas. O bioma foi castigado por intensos incêndios no ano passado e milhares de hectares foram queimados pelo fogo.
Fumaça castiga moradores
O Midiamax mostrou como a qualidade de vida da população é afetada pelas fumaças, como a mãe que perdeu o filho para a fumaça em 2020 e se tornou a única brigadista mulher nos incêndios do Pantanal em 2024.
A reportagem também viajou ao Pantanal corumbaense e ouviu a história de Carmelita que, devido aos incêndios, foi obrigada a fechar as janelas de casa, às margens do Rio Paraguai, para que a filha acamada não sufocasse com a fumaça.
Viana frisa que é essencial que os governantes lidem com a questão ambiental como um assunto além das ideologias, visto que a sensibilização sobre a preservação e conservação do meio ambiente é de interesse geral da população.
Nesta semana, as disputas sobre meio ambiente estiveram no centro do debate político em Brasília. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi hostilizada por parlamentares na Comissão de Infraestrutura do Senado, no dia 27 de maio, enquanto participava como convidada para debater a criação de uma unidade de conservação marinha na Margem Equatorial, no litoral norte do Brasil. A Petrobras pretende explorar petróleo e o assunto tem sido alvo de diversões.
“Nós precisamos despartidarizar esse tema [carbono neutro], porque muitas vezes é dado um tom de direita e esquerda em algo que deveria ser suprapartidário”, garante o superintendente do FAS. Mato Grosso do Sul tem uma meta ambiciosa de se tornar carbono neutro até 2030.
Usando como exemplo a Amazônia, o especialista frisa que seria importante que recursos derivados do mercado de carbono sejam usados para melhorar os indicadores sociais e para o investimento e geração de renda com base na floresta em pé. Viana foi o primeiro secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, entre 2003 e 2008, responsável por reduzir o desmatamento em 66%.
“Eu acredito que ao colocarmos a ênfase em soluções econômicas, nós diminuímos a ênfase que hoje é dada internacionalmente a um único parâmetro, taxa de desmatamento. Felizmente, o Brasil tem feito um bom dever de casa, o desmatamento caiu na Amazônia, mas nós precisamos fazer com que a economia entre nessa equação. Vale lembrar que a Amazônia tem os mais elevados índices de pobreza do Brasil. Então não é sustentável a longo prazo nós fazermos só redução do desmatamento sem a melhoria da qualidade de vida das pessoas. E o carbono não é uma solução para tudo, mas ele pode ser algo relevante”, destaca.
Universalização do esgoto
O novo Marco Legal do Saneamento Básico, previsto na Lei nº 14.026/2020, determina que a universalização do esgoto tratado chegue a 90% e da água tratada a 99% da população até 31 de dezembro de 2031. No caso de Mato Grosso do Sul, o objetivo é atingir o indíce até 2027.
“Acho que esse é um indicador muito importante porque tem a ver com a centralização das emissões. Quanto menos esgoto in natura a gente joga nos rios, menos geração de gás efetivo”, elucida Viana.
COP 30
Anfitrião da COP 30 em Belém, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), avaliou Mato Grosso do Sul como referência para a economia verde no Brasil. Nesta sexta-feira (30), ele participou do Fórum LIDE COP 30, em Bonito — município reconhecido como capital do ecoturismo brasileiro, a 260 quilômetros de Campo Grande.
“Mato Grosso do Sul é uma referência para o Brasil, uma referência a partir do bioma do Pantanal, uma referência de buscar construir e fortalecer a economia verde”, disse, durante coletiva.
Além disso, pontuou que, a partir do biocombustível, é possível conciliar “as demandas de combustível de origem fóssil com a agregação do combustível limpo, a partir do incremento da biodiversidade”.
Outro apontamento foi a mediação “das estratégias de produção de alimento com preservação e responsabilidade”.
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