A comitiva brasileira de parlamentares que está nos Estados Unidos finalizou a visita nesta quarta-feira (30), destacando que os senadores foram ao país para estreitar e azeitar laços com o legislativo norte-americano, não para negociações com nenhum secretário ou o próprio presidente Donald Trump, que anunciou uma tarifa de 50% para produtos brasileiros.
“Conseguimos reaquecer a diplomacia, a necessidade de manter o canal de diálogo. Não temos como negociar diretamente, mas podemos abrir caminhos para conseguirmos uma relação e facilitar tratativas. Não tinha a intenção de sair daqui com tudo resolvido. Fizemos o que está conforme a nossa competência”, disse o senador de Mato Grosso do Sul Nelsinho Trad (PSD).
Tereza Cristina (PP) explicou que a comitiva abriu portas e quebrou o gelo com o parlamento e empresários. “A ideia é ver se agora esse tema chega à Casa Branca por eles, esse grupo que conversamos. Isso é só o início a essa série de medidas. Hoje temos sensação do dever cumprido. Todos nós. Viemos azeitar as relações com os parlamentares, fizemos um convite para que vão ao Brasil conversar. Esse não é um assunto que se encerra”, disse.
Missão
Encerra-se, nesta quarta-feira (30), a missão dos senadores de Mato Grosso do Sul e da comitiva com mais seis parlamentares que está nos Estados Unidos. O tarifaço anunciado por Trump pode começar a valer a partir de sexta-feira (1º).
Nesta terça-feira, em Washington, os parlamentares avançaram nas articulações políticas com congressistas norte-americanos, tanto aliados quanto opositores de Donald Trump, em busca de apoio para adiar a medida que pode gerar prejuízos econômicos ao Brasil.
Em nota, a senadora sul-mato-grossense Tereza Cristina, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, detalhou que, pela manhã, a comitiva brasileira se reuniu com os senadores democratas Ed Markey e Martin Heinrich.
Os parlamentares se mostraram abertos ao diálogo e sinalizaram apoio à reivindicação brasileira por uma prorrogação da tarifa e exclusão de determinados produtos da lista.
No período da tarde, os encontros foram com republicanos, partido do presidente estadunidense. A comissão encontrou o senador Thomas Tillis, e havia expectativa de reunião com Lindsey Graham, próximo a Trump, que não se concretizou nesta terça-feira.
A missão é liderada pelo também sul-mato-grossense Nelsinho Trad, presidente da CRE (Comissão de Relações Exteriores).
Segundo ele, a terça-feira foi marcada por reuniões intensas com deputados e senadores, tanto democratas quanto republicanos, para “distensionar a relação com os EUA no âmbito da diplomacia parlamentar”.
O senador afirmou ao Jornal Midiamax que a temperatura da crise foi “baixada” e que o grupo conseguiu “conectar contatos para o prosseguimento das tratativas”.
“Proporcionaremos futuras tratativas e convidamos a todos para conhecerem e visitarem o Brasil. Muito importante essas conexões para esclarecer dados técnicos da medida. Chegou-se à conclusão de que essa tarifa é ruim para ambos os países. É uma medida [a tarifa] perde-perde”, avaliou Nelsinho Trad.
A tarifa atinge produtos brasileiros como aço, alumínio, alimentos e manufaturados. Segundo estimativas da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), o impacto pode chegar a R$ 175 bilhões em perdas nos próximos dez anos.
“O Senado está agindo diplomaticamente para reconstruir pontes entre Brasil e Estados Unidos. Nossa missão é abrir caminhos para o diálogo e tentar evitar que tarifas injustas recaiam sobre quem trabalha e produz”, reforçou Tereza Cristina.
Apesar de reconhecerem que o congresso não tem competência direta sobre tarifas, os senadores brasileiros apostam no peso político da missão para reabrir canais de diálogo entre os dois países.
“Nenhuma ideologia pode falar mais alto que o bom senso e o compromisso com o bem-estar de brasileiros e americanos”, disse a parlamentar.
Carta pressiona Trump
Na véspera, segunda-feira (28), a comitiva já havia se reunido com representantes da U.S. Chamber of Commerce e de gigantes empresariais norte-americanas, como Cargill, Shell, Caterpillar, ExxonMobil, Johnson & Johnson, IBM, Kimberly-Clark, entre outras.
O encontro, articulado pelo Brazil-U.S. Business Council, contou ainda com a presença da embaixadora Maria Luiza Viotti e membros da missão diplomática brasileira.
Na ocasião, os senadores buscaram apoio institucional da Câmara de Comércio norte-americana para uma manifestação formal ao governo dos EUA pedindo o adiamento da tarifa.
O argumento central é de que a medida compromete a previsibilidade de investimentos e desorganiza cadeias produtivas binacionais, especialmente nos setores de alimentos, energia e insumos industriais.
Empresários norte-americanos indicaram disposição em pressionar pela suspensão temporária da sobretaxa, enquanto se constroem alternativas técnicas e diplomáticas.
Também foi sugerido que a Câmara de Comércio atue como intermediária em uma eventual conversa direta entre os presidentes dos dois países.
Lula e Trump
Apesar disso, o presidente Lula ainda não fez contato direto com Donald Trump. “O tempo corre, e enquanto o presidente Lula se recusa a se aproximar do presidente Trump, nós, como representantes responsáveis do povo, fazemos o possível e o impossível, nos Estados Unidos, para defender os interesses do nosso país”, declarou Tereza Cristina na segunda-feira.
Além dos senadores sul-mato-grossenses Nelsinho Trad e Tereza Cristina, integram a missão os parlamentares Jaques Wagner (PT-BA), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL) e Esperidião Amin (PP-SC). A iniciativa foi aprovada por unanimidade no plenário do Senado.
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