O que era para ser apenas mais uma singela votação de moções se transformou em troca de farpas na Câmara Municipal de Campo Grande nesta quinta-feira (06). A congratulação ao diretor Walter Salles, aos atores Fernanda Torres e Selton Mello, e todo o elenco do filme Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, foi proposta pelo vereador Jean Ferreira (PT).
Durante a justificativa da moção, que foi aprovada por 20 votos favoráveis e 3 contra, o petista reforçou o destaque internacional que o cinema brasileiro conquistou com o alcance e a repercussão do filme, lembrando também dos personagens que inspiraram o longa.
“Conseguiu mostrar a verdade para a população brasileira sobre o que foi a ditadura militar, em respeito e honrando a história de Eunice Paiva e Rubens Paiva, que foram grandes lutadores deste período sombrio da nossa história”, disse.
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Logo após a fala, o vereador Rafael Tavares (PL) solicitou à mesa da Casa que a votação fosse nominal e, durante seu tempo de fala, afirmou que votaria contra a moção por não ter assistido ao filme e por considerá-lo ideológico.

“Eu não assisti ao filme, eu não posso dizer se ele é bom ou se ele é ruim, mas a crítica diz que é um filme que tem um viés ideológico muito grande. Então, por receio da minha parte, eu não vou votar favoravelmente à moção antes de assistir a esse filme”, revelou.
O caldo entornou para os vereadores do PL quando o petista Landmark assumiu a fala e ao defender a proposta proferiu palavras de ordem contra a anistia dos envolvidos no 8/1. “Eu vi com a minha família, recomendo que todos assistam esse filme e vou votar com louvor e só pra deixar registrado. Sem anistia”, enfatizou.
Os vereadores Ronilço Guerreiro (PODEMOS) e Professor Riverton (PP) utilizaram a palavra para elogiar o cinema brasileiro sem entrar na polêmica gerada após a fala do colega.
Ao criticar a proposta, o vereador André Salineiro (PL) disse que inicialmente pensou em referendar a indicação de Jean Ferreira, mas que voltou atrás após a justificativa de Landmark.
“Vou votar não depois da fala infeliz do vereador Landmark, porque ele provou que tem realmente um cunho ideológico ao falar ‘Sem Anistia’. Gente, a anistia é uma ditadura que nós estamos vivendo hoje no Brasil, só não vê quem não quer. Se coloquem na posição daquelas pessoas que lá estavam para falar que não é ditadura. Todo o preceito jurídico foi rasgado, a Constituição Federal foi rasgada, e nós, como parlamentares, não podemos aqui falar ‘Sem Anistia’. Isso é um crime que estaremos cometendo. Então, em virtude disso, eu voto não”, rebateu.
A fala do petista também incomodou o líder da bancada Liberal, Rafael Tavares, que voltou a usar a palavra para, mais uma vez, declarar seu voto. “Para declarar meu voto após a fala do vereador do PT dizendo ‘Sem Anistia’. Apenas relembrando a história, esse filme retrata a própria ditadura. E, depois desse regime militar, os petistas conseguiram a anistia. Então, de forma incoerente, o PT diz ‘sem anistia’, votando favoravelmente a um filme que defende a anistia”, enfatizou.
Mesmo com as divergências, apenas a bancada do PL votou contra a proposição. Os vereadores Júnior Coringa (MDB), Delei Pinheiro (PSD), Marquinhos Trad (PDT), Neto Santos (REPUBLICANOS) e Silvio Pitu (PSD) não participaram da apreciação.
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