Pular para o conteúdo
Política

Liderada por sul-mato-grossenses: entenda papel da comissão que pode reverter ‘tarifaço’ de Trump

A comitiva tem compromissos em Washington, entre os dias 28 e 30 de julho
Vinicios Araujo -
Parlamentares estão otimistas em levar mensagem de diplomacia acima das divergências. (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)

Liderada por dois parlamentares sul-mato-grossenses, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE) assume, a partir deste fim de semana, papel central na mediação institucional da crise envolvendo os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Donald Trump (Estados Unidos).

A comissão é presidida pelo senador (PSD-MS) e tem como vice-presidente a senadora (PP-MS), ex-ministra da Agricultura. Ambos compõem a comitiva oficial que chega aos EUA neste sábado, 26, para tentar reabrir os canais de diálogo entre os dois países, a menos de uma semana para entrarem em vigor as tarifas impostas pelo governo Trump às exportações brasileiras.

A missão parlamentar busca solucionar os desafios que devem ser provocados pelo ‘tarifaço’ de 50% sobre produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos. O impacto atinge setores estratégicos da economia nacional, como o .

A comitiva tem compromissos em Washington, entre os dias 28 e 30 de julho, com reuniões previstas na Embaixada do Brasil, na U.S. Chamber of Commerce e com lideranças políticas e empresariais norte-americanas.

“Preservar empregos. Este é o nosso norte”, declarou o senador Nelsinho Trad, ao reforçar o caráter suprapartidário da missão. “Não viemos aqui para confrontar. Viemos para conversar”, afirmou o presidente da CRE.

Entenda o papel da Comissão de Relações Exteriores

No Senado, a Comissão de Relações Exteriores tem a atribuição constitucional de emitir pareceres sobre atos e relações internacionais, comércio exterior, indicações diplomáticas e questões relacionadas à soberania nacional, como defesa, fronteiras, declaração de guerra e tratados de paz.

Cabe também à CRE deliberar sobre a atuação do Brasil em organismos multilaterais e autorizar viagens do presidente da República ao exterior.

As reuniões ordinárias da comissão ocorrem às quintas-feiras, às 9h (horário em MS), mas a atual crise comercial tem exigido atuação contínua e articulada dos membros.

Segundo o regimento interno do Senado, é dever da comissão integrar missões ao exterior sempre que o tema estiver vinculado à política externa brasileira, o que reforça o papel do grupo liderado por Trad e Tereza Cristina.

Entre os ex-presidentes que já chefiaram a CRE, destacam-se José Sarney (AP), 1997 a 2000;
Eduardo Suplicy (SP), 2003 a 2004; Cristovam Buarque (DF), 2005 a 2006; Heráclito Fortes (PI), 2007 a 2008; Eduardo Azeredo (MG), 2009 a 2010; Fernando Collor (AL), 2011 a 2012 e de 2017 a 2018; Ricardo Ferraço (ES), 2013 a 2014; Aloysio Nunes Ferreira (SP), 2015 a 2016; e Kátia Abreu (TO), 2021 a 2022. Todos eles se reuniram recentemente para encontro de ex-presidentes que debateu os desafios e as perspectivas da comissão no cenário internacional.

Indisposto

O movimento do Legislativo brasileiro ocorre paralelamente às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem criticado publicamente a postura do presidente Donald Trump diante da indisposição do norte-americano em negociação.

Lula afirmou que está disposto a conversar, mas que não recebeu resposta formal dos EUA às propostas enviadas pelo Brasil desde maio.

Já o vice-presidente Geraldo Alckmin tem liderado o comitê interministerial criado para discutir contramedidas e mantém diálogo direto com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.

Diante desse cenário, o Congresso Nacional passa a exercer uma função estratégica. É o que explicou Nelsinho Trad em recente entrevista ao Midiamax.

O parlamentar afirmou que, apesar das divergências políticas entre governos, a intenção da comitiva será mostrar que o país está disposto a manter canais institucionais abertos e buscar soluções que minimizem os impactos econômicos das decisões unilaterais, superando as divergências ideológicas que marcam as sanções trumpistas aos brasileiros.

Nas redes sociais, a senadora Tereza Cristina considera a missão dos parlamentares o exercício de dever cívico. “É missão do nosso mandato tentar proteger os brasileiros das consequências de uma taxação exagerada e injusta, que prejudicará todos, sem exceção. Mantenho minhas convicções e sempre trabalharei para negociar e reconstruir pontes. É esse o nosso dever cívico”, afirmou.

Mundo repercute: ‘Chocante agressão’

A imposição das tarifas sobre as exportações brasileiras gerou ampla repercussão na imprensa internacional. A medida foi classificada pela revista britânica The Economist como uma “chocante agressão” e comparada a uma das interferências mais profundas dos EUA em um país latino-americano desde o fim da Guerra Fria.

Segundo a publicação nesta semana, o gesto foi motivado por razões políticas e ideológicas e teria sido desencadeado após a cúpula do Brics realizada no , nos dias 6 e 7 de julho.

A revista destaca ainda que o impacto do tarifaço recai especialmente sobre regiões do Brasil onde o ex-presidente Jair Bolsonaro possui forte apoio, e que até mesmo setores tradicionalmente bolsonaristas, como a confederação de agricultores, condenaram a medida.

O The Economist aponta que a ofensiva de Trump está gerando efeito contrário ao esperado, com aumento da aprovação de Lula e união do Congresso Nacional, majoritariamente conservador, em torno do atual governo.

O New York Times descreveu a situação como uma “guerra comercial repentina” e repercutiu a resposta do presidente Lula, que prometeu retaliação com base na Lei de Reciprocidade Econômica. O jornal também destacou que Trump justificou a decisão alegando que Bolsonaro é alvo de uma “caça às bruxas” no Brasil.

Para o Washington Post, o tarifaço representa uma “forte escalada” na disputa diplomática entre os dois países e ressaltou que o governo brasileiro prometeu medidas de retaliação.

O britânico The Guardian alertou para os riscos da “estratégia comercial errática” de Trump, que pode elevar a inflação nos Estados Unidos. Já o argentino Clarín relatou um “aumento drástico” das tensões bilaterais e mencionou o apoio declarado da Casa Branca a Bolsonaro.

Na Alemanha, a Deutsche Welle destacou o caráter político do tarifaço e a resposta do governo brasileiro, que rebateu o argumento de déficit comercial dos EUA. O francês Le Monde também reforçou o viés político da medida, afirmando que Trump “usa tarifas” para apoiar Bolsonaro. Por fim, o espanhol El País afirmou que o presidente norte-americano ultrapassou os limites com suas ameaças comerciais, atingindo também outros oito países.

💬 Receba notícias antes de todo mundo

Seja o primeiro a saber de tudo o que acontece nas cidades de Mato Grosso do Sul. São notícias em tempo real com informações detalhadas dos casos policiais, tempo em MS, trânsito, vagas de emprego e concursos, direitos do consumidor. Além disso, você fica por dentro das últimas novidades sobre política, transparência e escândalos.
📢 Participe da nossa comunidade no WhatsApp e acompanhe a cobertura jornalística mais completa e mais rápida de Mato Grosso do Sul.

***

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Por R$ 2,5 milhões, Miranda terá nova creche e escola em 2026

“Se cair, mata alguém”: moradores da Capital temem queda de árvore em chamas

Vai sair? Confira as interdições deste fim de semana em Campo Grande

Vem aí? Britney Spears é cotada para megashow gratuito em Copacabana

Notícias mais lidas agora

Maracaju diz que indústria chinesa ‘abandonou’ crédito de R$ 1,4 milhão em ISSQN

‘Fruta do momento’: sítio na Capital produz morango há mais de 2 anos em cultivo orgânico

VÍDEO: Colisão que terminou com morte teve moto arrastada por ambulância em rodovia

Carreta carregada com carne tomba no trevo de anel viário em Nova Andradina

Últimas Notícias

Trânsito

Equipe de ambulância envolvida em acidente com morte de jovem na BR-163 é afastada

Em nota, prefeitura de São Gabriel do Oeste disse que o motociclista atravessou repentinamente a pista

Famosos

Ana Maria Braga revela mágoa de Leonardo: ‘Não fala mais comigo’

Durante o Mais Você, Ana Maria Braga pegou todos de surpresa ao revelar uma briga com o cantor Leonardo; entenda o suposto motivo

Política

Bolsonaristas manifestam em Campo Grande e Dourados contra Moraes e Lula

Enquanto na Capital faixas marcam cruzamento de avenidas, em Dourados vice-prefeita adesiva carros

MidiaMAIS

VÍDEO: Mistérios cercam hotel desativado que ganhou fama de mal-assombrado em Dourados

Hotel foi desativado nos anos 2000 e hoje parece até cenário de filme de terror