A indefinição sobre o Executivo de Bandeirantes deixa aberta a janela para negociações políticas sobre uma possível eleição suplementar. O município está há quase seis meses sem definição da Justiça Eleitoral sobre a eleição e fica ‘nas mãos’ do interino, vereador eleito presidente da Câmara de Bandeirantes, a 74 quilômetros de Campo Grande.
Eleitores do município vivem déjà vu e apontam desânimo com a situação eleitoral da cidade. O Jornal Midiamax passou uma tarde em Bandeirantes, conversando com moradores da cidade e o prefeito interino, Marcelo Abdo (PP).
O município enfrenta cenário parecido com o pleito de 2020. Nas eleições municipais daquele ano, com votação em 15 de novembro, o candidato eleito também teve candidatura indeferida. A definição de um novo prefeito aconteceu quase um ano depois, em 7 de novembro de 2021.
Enquanto suplementar deste ano não sai, o interino se organiza para um possível pleito. Assim, acredita que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pautará o julgamento do prefeito eleito Álvaro Urt (PSDB) novamente dentro de um mês.
“Nós acreditamos que deve ser resolvido essa questão judicial aí dentro dos próximos 30 dias. Ter uma definição a nível de Tribunal Superior”, disse Marcelo.
Contudo, não prevê eleição para os próximos dois meses. “A marcação de novas eleições, os prazos a serem cumpridos, isso sim vai demorar um pouco. Nós sabemos que tem prazos que têm que ser cumpridos, mas eu acredito que antes de julho não saia nova eleição aqui em Bandeirantes. É para depois de julho”, palpitou o interino da cidade.
Do Legislativo ao Executivo
Marcelo Abdo assumiu como vereador em 1ª de janeiro, quando venceu as eleições da Câmara de Bandeirantes para ocupar o cargo de presidente do Legislativo. Logo após, seguiu para o Executivo como prefeito interino da cidade.
A passagem do Legislativo para o Executivo não pegou o candidato de surpresa. “A gente sabia que quem assumisse a presidência da Câmara viria para a prefeitura. Então, eu na qualidade de candidato a presidente na época sabia que teria essa possibilidade”, admitiu ao Midiamax.
Abdo destacou a maior dificuldade do papel de interino. “O maior problema é você assumir uma prefeitura sem ter uma transição. Porque geralmente um prefeito eleito tem 60 dias de transição, põe a sua equipe para saber como é que estão os andamentos da prefeitura”, explicou.
De volta às urnas?
Nas ruas de Bandeirantes, eleitores já especulam possíveis candidatos para suplementar na cidade. Entre eles, o interino e candidatos que concorreram em 2024.
“Nós não temos porque não encarar mais esse desafio. Então, tudo vai depender muito do nosso desempenho e da vontade da população na época da eleição”, disse Marcelo.
Marcelo Severo (Agir), também pensa na eleição suplementar. O candidato em 2024 afirmou que poderá concorrer na suplementar. No entanto, disse que está observando o cenário. “Vamos ver como vai fechar o momento”, informou ao Midiamax.
Negociações
A espera faz os candidatos pensarem em novas possibilidades de chapas ou então a criação de uma. É o caso de Marcelo Abdo, que não concorreu ao Executivo na Eleição Municipal de 2024.
Então, afirmou que absorver a vice da chapa do candidato impedido pela Justiça Eleitoral é uma possibilidade. “Eu não tenho problema com nenhuma ala política do município de Bandeirantes, nenhum deles. Acredito que nós vamos ter conversas boas e não teria nenhum problema de estar somando com outras forças”, disse.
A possibilidade vai além da absorção da vice e chega até as negociações de apoio político. Marcelo pontuou que é próximo de Álvaro. “Somos amigos, conversamos e temos um pensamento de desenvolvimento do nosso município, dentro de uma ideologia que é bem semelhante. Acredito que nós não teríamos problemas nenhum de estar somando forças aí num próximo pleito, sem problema nenhum”, finalizou.
Segundo colocado na Eleição de 2024, Celso Abrantes (PSD) também considera concorrer em uma suplementar. “Acredito que sou o que melhor chance tem, o interino é ruim de mais”, opinou. No mesmo sentido dos adversários, disse que ainda não pode confirmar se mantém a chapa ou quais mudanças acontecerão. “Isso depende muito dos partidos”, disse.
O Midiamax acionou todos os candidatos que participaram do pleito ao Executivo de Bandeirantes em 2024 — por meio de número cadastrado na Justiça Eleitoral. Contudo, não houve resposta dos demais até a publicação desta matéria. Reforçamos que o espaço segue aberto para manifestações.
Entenda o caso que corre na Justiça Eleitoral
Álvaro Urt (PSDB) concorreu e ganhou os pleitos de 2020 e 2024. Porém, a Justiça Eleitoral indeferiu a candidatura do político. O caso mais recente tem como justificativa pedido de impugnação, que apontou que o eleito passou por cassação no município em mandato passado.
Contudo, Urt recorreu da decisão em instância regional. Ou seja, pediu ao TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral) reavaliar a decisão e garantir a posse.
Mais uma vez, teve o pedido negado e a candidatura derrubada. Logo, legou o caso até o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Pediu aos ministros que reconhecessem “a decisão do TRE-MS que por unanimidade aprovaram o registro aqui [Bandeirantes-MS]”.
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Nova eleição para prefeito?
Em 11 de fevereiro, o relator, ministro André Mendonça, negou provimento ao agravo interno. Então, determinou uma nova eleição para os cargos de prefeito e vice-prefeito de Bandeirantes.
Contudo, o Ministro Nunes Marques pediu vista do processo logo em seguida.
Ademais, em 11 de março, o ministro Nunes Marques pediu a prorrogação do prazo do pedido de vista. O prazo da prorrogação termina em 11 de abril. “Até o momento, não há nova data definida para o retorno do processo ao plenário do TSE”, pontuou o TRE-MS.
Suplementares no MS em 2025
Eleitores de Paranhos voltaram às urnas seis meses após as eleições de 2024 para, novamente, escolher um prefeito. Isso porque a Justiça Eleitoral cassou a candidatura do eleito em 6 de outubro do ano passado, Heliomar Klabunde (MDB), devido às irregularidades nas contas de gestão anterior.
A eleição suplementar de Paranhos aconteceu em 6 de abril e terminou com a eleição de Hélio Acosta (PSDB), como prefeito, e Alfredo Soares (MDB), como vice. O novo pleito foi marcado pela Justiça Eleitoral em fevereiro.
