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Política

Fórum em MS demonstra tom da agenda econômica e ambiental após a COP 30 no Brasil

A sobriedade ideológica em torno do tema é claramente um consenso entre as autoridades que marcaram presença no evento
Vinicios Araujo -
Bonito LIDE. (Foto: Madu Livramento, Jornal Midiamax)

, cidade sul-mato-grossense reconhecida por suas belezas naturais, consagrada como a capital do ecoturismo brasileiro, foi palco para antecipação de um debate internacional que promete mudar a forma como os países vão lidar com os desafios climáticos nos próximos anos. O Fórum Pré-COP demonstrou, ao longo da sua programação, nesta sexta-feira (30), qual é o tom que já vem sendo adotado na agenda econômica e ambiental, devendo ser regra após a Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre as Mudanças Climáticas, programada para acontecer em novembro, em Belém, no Pará.

Reunindo líderes empresariais, autoridades políticas e especialistas em sustentabilidade, o encontro mostrou a evolução do diálogo em torno da relação historicamente controversa entre meio ambiente e economia. 

Ao final de mais de oito horas de conteúdo técnico, sob vieses diferenciados, restou o compromisso de fazer das demandas ambientais uma prioridade também na pauta empresarial, sobretudo no campo e na indústria, que se veem cada vez mais pressionados a adotar estratégias de compensação dos seus impactos diante da busca por manutenção da lucratividade. 

A sobriedade ideológica é claramente um consenso entre as autoridades que marcaram presença no evento. Com a capacidade de colocar progressistas e conservadores, intervencionistas e liberais, na mesma mesa de debate, sem que se ‘virem os copos’, a agenda ambiental deve ser retirada do espectro político e ser colocada definitivamente como um assunto de interesse coletivo. Pelo menos é o que defende a ex-ministra de Meio Ambiente e copresidente do International Resource Panel da ONU, Izabella Teixeira.

“Tem temas globais, temas que ameaçam a vida, que você terá que ter dos atores a capacidade de fazer política. E política significa diálogo e construção de convergência de interesses. E a convergência não é o consenso, é a convergência. Convergência de interesse. Faz a gente sair de onde estamos e andar na direção certa. Política ideológica serve para você se manter no campo do seu problema e dizer que você soluciona tudo, o que não é verdade, se não já teríamos soluções. Eu acho que tem muita gente acumulando poder político em torno dos problemas. Eu quero acumular poder político de um país em torno de soluções. Para construir soluções, é preciso de todos na sala. Ninguém é dono da verdade. O Brasil é que é o dono da verdade”, afirmou a jornalistas.

É agenda governamental

Ao recepcionar o governador Helder Barbalho (MDB), do Pará, Eduardo Riedel (PSDB) reconheceu a responsabilidade de assumir como meta as questões que norteiam a agenda ambiental. Em coletiva, o governador de MS fez menção ao ex-presidente Michel Temer, presente no evento, acerca da definição de pautas claras na gestão governamental.

“Eu aprendi com o presidente Temer que a gente tem que ter uma agenda clara para o Brasil, e ele executou isso durante o período da sua presidência. E eu não sou diferente, nem vejo de forma diferente. A gente tem uma agenda clara para ”, afirmou.

O chefe do Executivo sul-mato-grossense enxerga na COP 30 a chance de colocar o Brasil na vitrine das referências mundiais em conservação de riquezas e compensações que serão essenciais para garantir o futuro seguro das cidades.

O governador acredita que o evento deve inspirar autoridades brasileiras a deixarem as margens da discussão e assumirem o protagonismo no centro do debate climático. Ele ainda defende a neutralização da animosidade política e do viés ideológico em torno do tema, e reafirma o compromisso em integrar a locomotiva dos estados que vão elevar o reconhecimento internacional do Brasil acerca das suas práticas de conservação ambiental.

“A partir da nossa vocação natural, recursos naturais e uma política pública que privilegia essa ação de mitigação de emissão ou atividades que absorvem carbono, a gente tem muita convicção de chegar a 2030 com o nosso balanço neutralizado”, afirmou Riedel, ao defender o conceito de prosperidade a partir de indicadores estáveis de sustentabilidade, inclusão e desenvolvimento tecnológico.

MS surpreendendo para além das belezas naturais

Ao sediar um encontro do nível do LIDE COP 30, Mato Grosso do Sul teve a oportunidade de prestar contas aos nomes mais relevantes da defesa ambiental sobre como tem atuado para mitigar os impactos da ação humana sobre a natureza.

Dentre os compromissos, a redução das emissões de carbono surpreenderam até mesmo quem milita sobre a causa há décadas, como o caso do superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável, Virgilio Viana, que já foi também secretário no Amazonas, coordenando o processo de concepção e implementação do Programa Zona Franca Verde, o Bolsa Floresta e da primeira Lei de Mudanças Climáticas do Brasil.

Em coletiva, ele afirmou ter ficado surpreendido ao saber que o Estado já se aproxima para universalizar o saneamento básico, o que, segundo o especialista, reflete diretamente na redução da emissão de gases que aceleram o chamado ‘efeito-estufa’.

“Eu fiquei muito bem impressionado aqui na interação que tive com o governador, quando ele deu o dado de que 75% do esgoto de Mato Grosso do Sul está sendo tratado e tem uma meta de atingir a universalização, que é 90%, até 2027. Acho que esse é um indicador muito importante, porque tem a ver com a centralização das emissões. Quanto menos esgoto in natura a gente joga nos rios, menos geração de gás e efeito estufa”, destacou.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também destacou o protagonismo de Mato Grosso do Sul na pauta ambiental e reconheceu o Estado como uma das principais referências do Brasil na consolidação de uma economia verde. 

Segundo Barbalho, o compromisso do Estado tem servido de exemplo para as demais unidades da Federação, especialmente na valorização do ativo florestal, nas ações de reflorestamento e na adoção de biocombustíveis como estratégia de transição energética.

“Mato Grosso do Sul é uma referência para o Brasil, a partir do bioma do Pantanal, de buscar construir e fortalecer a economia verde”, afirmou Helder, ao citar também a capacidade sul-mato-grossense de “mediar as estratégias de produção de alimento com preservação e responsabilidade”. 

Para ele, o Estado tem conseguido promover um modelo de desenvolvimento que será essencial para o Brasil se apresentar como líder global durante a COP 30.

Brasil caminha ‘adequadamente’, disse Temer

Para o ex-presidente Michel Temer, o Brasil caminha “adequadamente” na agenda ambiental. Segundo ele, o evento mostrou que é possível superar divisões ideológicas e construir consensos em nome do interesse coletivo.

Temer alertou sobre os efeitos da radicalização no cenário político brasileiro. Ao comparar o ambiente de diálogo do evento com a realidade nacional, Temer criticou a “raivosidade” que tem marcado o debate público e apelou por uma reconciliação institucional em torno de agendas de interesse coletivo, como a pauta ambiental.

“Lamentavelmente, o que ocorre é uma divergência, digamos, cruel, uma divergência geradora de uma certa raivosidade no país, uma divergência que separa brasileiros, que separa instituições, que separa corporações”, afirmou, ao destacar que o ambiente construído em Mato Grosso do Sul pode servir de exemplo para o Brasil reencontrar o caminho da convergência.

Para o ex-presidente, o debate democrático deve ser pautado por ideias e propostas, e não por antagonismos destrutivos. “As ideias têm que ser debatidas. Isto é o fundamento da democracia. Favor, ideias contra, para afinal se chegar à convergência. Mas nos últimos tempos, falando aqui do meio ambiente político, muitas e muitas vezes os debates todos levam à divergência, e não à convergência. Isso não é útil para o país.”

Temer concluiu reforçando que o encontro em marcou o nascimento de um “pacto muito sólido pelo meio ambiente”, e expressou o desejo de que essa disposição ao entendimento também inspire o campo político.

Evento terminou com acordo de cooperação

No encerramento do Fórum LIDE COP 30, o Governo de Mato Grosso do Sul e a Fiems (Federação das Indústrias do Estado) firmaram um termo de cooperação técnico-científica com foco na sustentabilidade industrial. 

O acordo prevê a destinação de US$ 100 milhões para ações voltadas à proteção ambiental e ao fortalecimento de práticas sustentáveis nas empresas sul-mato-grossenses. 

A iniciativa busca alinhar o setor produtivo às exigências da transição ecológica, reforçando o compromisso do Estado com a descarbonização da economia e a liderança nacional em desenvolvimento sustentável.

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