A família de Sophie Emanuelle Viana, de cinco anos, protestou na Câmara de Campo Grande nesta quinta-feira (5). Com a presença dos familiares em luto, vereadores aprovaram requerimento que pede informações sobre a morte da criança para a Santa Casa — hospital que liberou a pequena após acidente.
Por unanimidade, os vereadores aprovaram o requerimento assinado por Rafael Tavares (PL). Assim, cobram o relatório médico completo da paciente, referentes aos atendimentos realizados entre os dias 25 e 29 de maio de 2025.
Ademais, solicitaram a escala médica dos profissionais médicos e de enfermagem que estiveram de plantão no mesmo período, protocolos de atendimento e providências adotadas. Os parlamentares pedem detalhes das medidas administrativas e clínicas tomadas pela instituição após o falecimento da paciente.
Após aprovação, realizaram na Casa um minuto de silêncio em luto pela morte da criança. “A família da menina Sophie precisa de respostas quanto aos fatos ocorridos que culminaram na tragédia. A população precisa de transparência quanto às providências adotadas e medidas de responsabilização”, aponta a justificativa do requerimento.
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Família questiona
Mãe de Sophie, Maria Aparecida Viana ressaltou que os médicos “falaram que ela tá com um sangramento que não tem importância. Não é nada grave”, lembrou. Porém, a criança veio a falecer após liberação do hospital.
Então, a família da criança denuncia negligência. “Espero que os culpados paguem, porque, quando uma pessoa faz uma faculdade de Medicina, eu acredito que ela faz para salvar vidas e não retirar. Se ele está ali, ele está ali para trabalhar, para atender, e ele tem que fazer com amor”, disse Maria.
Por fim, Maria Leonice, tia da criança, também pediu justiça e se emocionou na Câmara. “Nós estamos aqui hoje pedindo justiça, pedindo que abracem a todas as mães, todas as famílias que estão hoje com lágrimas de sangue por injustiça e erros médicos”.
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Últimas horas de vida e sofrimento
Dentro da Santa Casa, Sophie não largou a mão da mãe em nenhum momento. Mas, com o passar das horas, o agravamento da situação e sofrimento da criança começaram a ficar insustentáveis.
Em 29 de maio, o estado de saúde dela piorou e o sangramento na cabeça passou a ficar mais intenso. “Por volta das cinco e pouquinho da manhã, ela acordou e falou para mim assim: ‘Mãe, está escorrendo’. Eu falei ‘O que está escorrendo, filhinha?’. Eu levantei, acendi a luz do quarto e olhei. Estava com muito, eu não sei dizer se era sangue, o que era. Estava saindo muito, que a toalha que estava embaixo da cabeça dela estava completamente encharcada”, relata a mãe de Sophie.
No período da tarde, o pescoço da menina já estava todo inchado e ela não conseguia mais falar. Foi só aí que outra médica orientou a levar, com urgência, a criança para ala de emergência.
“Por volta das 18h40 foi que Sophie subiu para ala de emergência e, pouco tempo depois, o médico avisou que ela teve uma parada cardíaca, mas conseguiram reanimar. O problema é que seu quadro já era grave neste momento e o coração funcionava por conta da medicação“, contou a mãe.
Shopie chegou a ir para cirurgia, mas não resistiu a uma segunda parada cardíaca e morreu, por volta das 21h de quinta-feira (29). “Todo mundo tem família. Então, não é só a pessoa que vai partir, que sofreu ali. Tem a família que fica, que vai estar enlutada para sempre”, disse Vailza Costa Viana, tia de Sophie.

Desassistência era anunciada
No dia 24 de março de 2025, a Santa Casa de Campo Grande emitiu uma nota à imprensa relatando superlotação do pronto-socorro, e um ofício, pedindo a suspensão do recebimento de novos pacientes. Na época, relatou grave desabastecimento, atendimento acima da capacidade máxima e sem possibilidade de novas admissões.
O ofício foi encaminhado às autoridades municipais de saúde e à Justiça. Mas não foi o único. Desde então, os comunicados da Santa Casa sobre a situação se tornaram frequentes. Ainda em março, médicos da ortopedia foram à polícia dizendo que não havia insumos para cirurgias e 70 pacientes corriam risco de morte ou sequelas graves.
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Até que exatos dois meses depois (23 de maio), o maior hospital de Mato Grosso do Sul emitiu outro ofício, comunicando o bloqueio do pronto-socorro adulto e infantil. Assim, na nota, afirma que, “devido às restrições físicas, tornou-se impossível manter condições mínimas para o atendimento adequado“.
A Santa Casa admitiu que, diante do cenário e apesar dos esforços em conjunto, “as condições atuais não garantem um atendimento seguro e adequado“. Sophie chegou ao hospital, pela primeira vez, dois dias após esse último anúncio e morreu em 29 de maio.
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