Em oitiva na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Consórcio Guaicurus, o diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), José Mario Nunes da Silva, admitiu que não existem fiscais nos bairros. O representante afirmou que os fiscais não atuam nas comunidades para avaliar o serviço prestado pelas empresas do Consórcio, responsáveis pelo transporte público em Campo Grande.
Questionado pelo vereador Coringa (MDB) sobre o envio de fiscais para os bairros, o diretor-presidente disse que “para comunidade nunca foi. Vai em casos pontuais, como Todos em Ação e montamos o stand”.
Atuação nas ruas é essencial, aponta especialista
Então, contrariam ponto essencial apontado pela especialista que participou da primeira oitiva da CPI em 28 de abril. A engenheira e mestre em Mobilidade Urbana, Lúcia Maria Mendonça Santos, apontou que a falta de fiscalização impacta diretamente no valor das passagens. “Se tem falta de fiscalização, tem altos preços de passagem”.
Neste sentido, sugeriu que os fiscais atuem de forma prática no município, com locais alternados. “Não adianta ter fiscal para ficar no terminal. O fiscal tem que estar no ponto de parada do bairro, longe de onde estão as câmeras dos terminais”, disse.
Contudo, apontou que “evidentemente, também tem que ter fiscal no terminal, mas eles também têm que estar no trajeto dos ônibus”.
“Não adianta, evidentemente, que a gente tem que fazer um processo licitatório para contratar uma empresa. A gente tem que exigir dessa empresa”, disse.
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Fiscais na garagem
José Mario apontou que quatro fiscais atuam na Agereg. Sendo realizadas visitas nas garagens e terminais. “Como eu disse, estamos reestruturando. Estava uma situação bem caótica”, justificou.
Ademais, informou que a Agência possui R$ 9 milhões de orçamento anual e quatro fiscais para todos os contratos de concessão, entre eles, água e transporte público.
Na oitiva, afirmou que a última passagem dos fiscais na garagem foi na quarta-feira passada, em 30 de abril. Então, o vereador Coringa solicitou os nomes dos fiscais, bem como os relatórios das visitas. Além disso, pediu apresentação mensal com relatórios.
Logo, a atuação da Agereg foi resumida pelo diretor-presidente: “Notifica o Consórcio, caso não atenda, gera multa”.
Nos últimos quatro meses, disse que aplicaram sete multas ao Consórcio devido a elevadores de acessibilidade quebrados.
“A única função da Agência é multar”, destacou o vereador emedebista. Por sua vez, o diretor rebateu: “Tem muitas multas que não são aplicadas por nós, é a Agetran. Por exemplo, atraso na linha, é um trabalho conjunto”.
Consórcio não é transparente
O Consórcio Guaicurus não apresentou fluxo de caixa dos últimos 13 anos sobre as atividades do transporte coletivo em Campo Grande. A alegação é do diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), José Mario Nunes da Silva. Ele participa de oitiva na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Consórcio nesta segunda-feira (5).
“Até hoje o Consórcio não nos apresentou fluxo de caixa”. Assim, destacou que é “impossível saber se estão tendo prejuízo grande” sem os dados de comprovação.
O Consórcio insiste em apontar prejuízo financeiro e move ações judiciais na tentativa de aumentar o preço da tarifa dos ônibus. No entanto, os empresários de ônibus de Campo Grande são o verdadeiro exemplo do ‘mau negócio’ que rende milhões. Na verdade, bilhões.
O Midiamax noticia série de reportagens sobre a realidade dos ônibus de transporte público em Campo Grande. Goteiras, superlotação, frota sucateada e falta de acessibilidade estão entre os principais desafios enfrentados pelos usuários do Consórcio Guaicurus.