Deputada Gleice Jane defende procedimento administrativo em caso Vanessa
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A deputada estadual Gleice Jane (PT) disse à reportagem que é necessário abertura de procedimento administrativo para investigação em relação ao atendimento recebido pela jornalista Vanessa Ricarte, na Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher), vítima de feminicídio em Campo Grande, na última quarta-feira (12).
A deputada também falou que deve ser analisado como está sendo feito o processo de escolha das pessoas que estão trabalhando no atendimento às mulheres, e que isso é todo um conjunto de política que não pode reduzir somente ao atendimento da delegada.
“Precisa sim ser aberto um procedimento de administrativo para a investigação, não sei qual é o procedimento do Estado em relação, se afasta ou não, acredito que sim, mas a gente não pode focar esse caso especificamente na delegada, a gente tem que focar isso na política, a delegada é só parte da política, a gente precisa saber como está sendo o processo de escolha das pessoas que estão trabalhando atendimento às mulheres, como é feito o processo seletivo, tem capacitação, existe o planejamento, avaliação do planejamento, é todo um conjunto de política que a gente não pode reduzir isso somente ao atendimento da delegada. Então a gente vai cobrar, estou trabalhando em uma linha de que nós temos que cobrar do governo um funcionamento no atendimento de proteção às mulheres e a proteção às mulheres. Não se reduz ao atendimento da Deam, a Deam”, diz a deputada.
Vanessa relatou atendimento ‘frio’
Áudios de Vanessa Ricarte sobre atendimento mostram que o descaso e erros grosseiros seguem presentes na Deam.
Vanessa detalhou o atendimento na Delegacia Especializada: “bem fria e seca”. A jornalista buscou amparo e denunciou o ex-noivo, Caio Nascimento, pouco tempo antes de ser vítima de feminicídio na própria casa. Ela a facadas.
Neste domingo (16), a jornalista completaria 43 anos ao lado de amigos e familiares. Agora, deixa memória de carreira brilhante e independência, além das denúncias deixadas em gravação de voz.
Servidora pública que trabalhava no MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul), Vanessa morreu na Santa Casa de Campo Grande na noite do dia 12 de fevereiro, vítima de feminicídio.
Ela foi esfaqueada em casa, no Bairro São Francisco, pelo ex-companheiro, preso em flagrante logo após o crime. Vanessa recebeu três facadas no coração e depois levada em estado gravíssimo à Santa Casa. Contudo, não resistiu.
Após a morte e ampla divulgação dos áudios de denúncia de Vanessa, mulheres voltaram às redes sociais para relatar o atendimento na Deam.
Suposta inexperiência
A delegada que atendeu a jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, e registrou o boletim de ocorrência em que a vítima denuncia o ex-noivo é a delegada Riccelly Maria Albuquerque Donhas, que passou no último concurso da Polícia Civil, em Mato Grosso do Sul, e está em estágio probatório.
A suposta inexperiência da delegada é apontada pelos próprios colegas de profissão como um dos fatores determinantes para que Vanessa classificasse, em áudio enviado para uma amiga, que foi tratada de maneira ‘fria e seca’ na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), horas antes de ser assassinada pelo seu ex-noivo.
O local, que deveria ser de acolhimento à vítima, foi de orientações desencontradas. A jornalista ainda relata que uma delegada teria dito para ela ligar para Caio pedindo que ele deixasse a sua residência.