O Consórcio Guaicurus terá que trocar 300 ônibus do transporte coletivo até o fim de 2025 em Campo Grande. A informação foi revelada na segunda oitiva da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Consórcio na Câmara de Vereadores, nesta segunda-feira (5). Usuários dos ônibus das empresas bilionárias relatam diariamente desafios no transporte público da Capital. Goteiras, portas que não funcionam, falta de acessibilidade e superlotação estão entre as reclamações sobre a frota velha do Consórcio.
Contudo, o diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), José Mario Nunes da Silva, considera o total de veículos suficientes para atender os usuários campo-grandenses.
“Com a pandemia houve a redução do número de usuários. Com essa redução, o que aconteceu? Tinha 575 ônibus, hoje 460, supre a necessidade”, considerou José Mario. O presidente da Agência reforçou que a quantidade é suficiente: “Não tem o que aumentar, tem o que repor, trocar, fazer a substituição dos ônibus atuais por ônibus novos”.
Frota sucateada
A idade média da frota do Consórcio é de pouco mais de 8 anos. Embora o contrato assegure média de idade dos ônibus de até 5 anos, basta sair na rua para conferir que essa está longe de ser a realidade. Isso porque o sucateamento existe mais da metade da frota — considerando que 65% dos ônibus precisam de troca.
Em 2024, o Consórcio deveria entregar 98 novos ônibus em substituição dos velhos. “Desde o ano passado ela [prefeita] está lutando para que essa frota nova, esses 300 ônibus sejam trocados. Por isso que eu acredito muito que ainda aconteça esse ano, inclusive ônibus com gás veicular”, explicou o presidente.
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“Tem muito a melhorar”, diz presidente
Aos vereadores, o diretor da Agereg respondeu se o Consórcio Guaicurus presta bom serviço aos usuários. “Não presta, todos nós sabemos, tem muito a se melhorar”.
Então, questionado sobre as ações da Agência, destacou que estão em tratativas. “Essas conversas estão acontecendo, buscamos um caminho para a troca desses veículos, acredito que até o fim do ano”.
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Ar-condicionado
Na oitiva, José Mario admitiu que a Agereg nunca questionou a falta de ar-condicionado nos ônibus do Consórcio Guaicurus em Campo Grande. Após conversa entre os vereadores não integrantes e o presidente da CPI, houve momento de fala para os parlamentares que acompanhavam a oitiva.
Marquinhos Trad (PDT), destacou que os equipamentos de ‘refresco’ não estão no contrato. “Foi generosidade do Consórcio a época, em entregar ônibus com ar”, disse.
O diretor confirmou que “não consta no contrato o ar-condicionado”. Porém, apontou que novos veículos poderiam ter por meio de aditivo.
Também presente na oitiva, Wilson Lands (Avante), defendeu a quebra de contrato com o Consórcio. “Temos todos os elementos, o maior elemento é quando a população está insatisfeita […] para rescindir o contrato, por que não fazemos?”, questionou.

Apreensão de documento
Durante oitiva na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), o diretor-presidente da Agereg, José Mario Nunes da Silva, se recusou a fornecer relatório atualizado sobre o serviço de transporte público em Campo Grande. Assim, a vereadora membro da Comissão, Luiza Ribeiro (PT), classificou a situação como um “show de horrores”.
O presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) informou aos vereadores que possui relatório elaborado na semana passada. Em 30 de abril, finalizaram o documento, com informações sobre o Consórcio Guaicurus e o serviço na Capital.
Inicialmente, disse que o documento foi encaminhado para o TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul). No entanto, corrigiu a informação no fim da oitiva, dizendo que ainda seria enviado.
Além disso, apontou que haverá notificação ao Consórcio. Logo após, vereadores solicitaram o relatório. Porém, José negou o acesso. Disse que a presidência deveria solicitar formalmente o documento.
Justificou que o envio ao TCE. No entanto, a vereadora Luiza disse que “o TCE-MS é acessório da Câmara”.
Assim, destacou que “não faria sentido não fornecer para eles [CPI]”. No mesmo sentido, o vereador Coringa (MDB) solicitou a apreensão do relatório.
Contudo, o presidente da Comissão, Lívio Leite (União), negou e considerou “desnecessário” o pedido de apreensão.
Assim, votaram sobre a solicitação do documento ou apreensão. O presidente sugeriu prazo de 24h para entrega do relatório.
Foram contrários ao prazo e favoráveis ao pedido de apreensão: Luiza Ribeiro e Coringa. Lívio Leite, Ana Portela (PL) e Maicon Nogueira (PP) votaram pelo prazo de 24h.