O ex-diretor da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços), Odilon de Oliveira Júnior, revelou que o Consórcio Guaicurus repassou investimentos milionários para uma empresa que não compõe o grupo responsável pelo transporte coletivo em Campo Grande. Investigação da Agência teria constatado repasse de R$ 20 milhões para as empresas, que somam histórico de reclamação dos usuários. Oitiva da CPI do Consórcio desta quarta-feira (22) apontou o resultado das apurações.
Na oitiva, o advogado estimou que o levantamento aconteceu com base nos documentos de 2016 até 2022. “Durante esse período, as somas valem o equivalente a uns R$ 20 milhões”. Assim, explicou que eram investimentos a longo prazo.
“Investimentos que você faz para ter um retorno financeiro”, disse. Após apontamentos dos técnicos, formalizaram parceria com a Controladoria do município para apurar a situação a fundo. A pasta cedeu dois servidores na época para a Agereg.
Odilon destacou que a Agência tinha déficit de servidores e fiscais na época em que atuou. “Nós chegamos a conclusão ali, mais para o final, me apresentaram um relatório. Como a gente não tinha aberto um processo ainda, estava tudo na informalidade”, pontuou aos vereadores.
Então, disse que “quando oficiado, noticiado, o Consórcio não retornou, mas colocou um valor menor e depois deram baixa. Quem vai saber explicar esse valor melhor são os técnicos”.
Dinheiro ‘roda’
“Feito isso, eles apresentaram. O secretário da época fez um levantamento próprio do rol de empresas que compunham o Consórcio”, lembrou o advogado ouvido pela CPI.
Contudo, disse que havia fluxo entre outras empresas. “Ia esparramando as empresas correlatas que tinham vínculo. Pelo que entendi naquela época, seriam mecanismos que poderiam sair, entrar, o dinheiro. O dinheiro sempre circulava. Só que essa empresa que chamava Cidade dos Ipês não pertencia ao Consórcio”, afirmou.
Dono de contrato bilionário, o Consórcio tem as seguintes empresas na composição: Viação Cidade Morena Ltda, Viação São Francisco Ltda, Jaguar Transporte Urbano Ltda e Viação Campo Grande Ltda.
Ou seja, a Viação Cidade Ipês não integra o grupo oficialmente. Logo, a constatação foi levada até o Executivo de Campo Grande no meio de 2024. Contudo, a apuração não seguiu a diante “por causa do limite”, defendeu o ex-diretor.
O Jornal Midiamax abriu espaço para a Prefeitura de Campo Grande sobre o assunto. Até a publicação da matéria, não houve retorno.

Equívoco
Odilon, ex-vereador de Campo Grande, também apontou equívoco na fala do diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), José Mario Nunes da Silva. Em oitiva, o atual chefe da pasta disse que 300 ônibus precisam de troca ainda em 2025.
Contudo, o número é questionado pelo ex-diretor. Odilon pontuou que “300 seria quase a frota toda”. Em seguida, vereadores pontuaram que o dado é alarmante, reflexo das condições do serviço prestado.
Questionado pela vereadora Luiza Ribeiro (PT) sobre as providências que tomou sobre a frota velha, respondeu que houve processo interno. “Tem um processo administrativo que culminou na advertência e depois houve apresentação cronograma para a troca”.
O presidente da CPI, Lívio Leite (União), disse que haverá levantamento da própria Comissão sobre quantos veículos precisam de troca em Campo Grande.
Fiscalização
Ainda na oitiva, Odilon respondeu ao vereador Coringa (MDB) sobre as fiscalizações. Disse que os servidores da Agereg realizavam o serviço, já que a pasta teria passado por ‘desmonte’.
Depois voltou atrás e disse que não foi deliberada a situação, apenas “precisavam de mais gente”. O parlamentar do MDB questionou as penalidades aplicadas, se havia permissão para servidores atuarem desta forma.
“O senhor está confundindo os papeis da Agetran e Agereg”, disse Odilon. Além disso, relembrou de advertência que resultou na troca de 71 veículos.