O município de Dourados registrou um número alarmante de casos de violência de gênero em 2025. Antes mesmo do final do segundo mês do ano, já foram 271 registros de violência doméstica contra mulheres e um feminicídio, segundo dados do SIGO (Sistema Integrado de Gestão e Ouvidoria).
Para intensificar as ações de conscientização e fortalecer a rede de apoio às vítimas, os vereadores da Câmara Municipal de Dourados buscam reativar a Casa Abrigo, estrutura que acolhia mulheres vítimas de violência doméstica, mas foi desativada em 2012 pela Prefeitura sob a justificativa de falta de demanda.
Atualmente, as vítimas são encaminhadas para a Casa da Acolhida, um local que, de acordo com setores da segurança pública, não oferece as condições ideais para garantir a segurança dessas mulheres. Além da reativação do local, os parlamentares também pedem mais servidores para agilizar os inquéritos da Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher).
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Para a presidente da Casa de Leis, vereadora Liandra Brambilla (PSDB), o cenário de violência vivenciado pelas mulheres no Estado é alarmante. Ela ressalta que o legislativo tem um papel fundamental no desenvolvimento e fiscalização de políticas públicas para combater esse fenômeno.
“Esse cenário é o mais lamentável possível. Somente uma mulher é capaz de compreender o quanto isso é assustador. Nosso estado está em quarto lugar no Brasil em casos de feminicídios”, afirmou.
A parlamentar lembra que o poder público tem a obrigação de estar preparado para acolher as vítimas e garantir atendimento imediato e de qualidade.
“A Casa Abrigo foi desativada em 2012, e precisamos entender os motivos que levaram ao fim desse serviço. Seja na Casa Abrigo, na Casa da Acolhida ou em qualquer outro lugar emergencial, o que não pode é deixar essa mulher sem suporte. Vamos avaliar todas as possibilidades, sejam as imediatas ou as de médio prazo. Unindo forças, conseguiremos enfrentar mais esse desafio”, afirmou Liandra, destacando que a reativação da Casa Abrigo é uma de suas lutas por Dourados.
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Segundo o vereador Inspetor Cabral (PSD), a gravidade da situação pede ações enérgicas. “Precisamos ir além do debate e agir de forma concreta para amparar as vítimas de violência doméstica. Diante do aumento dos casos, é fundamental discutir a necessidade de mais efetivo, atendimento humanizado e locais estruturados para acolher essas mulheres com segurança”, afirma.
Ainda de acordo com Cabral, que é Guarda Municipal há mais de 20 anos, a alternativa oferecida atualmente – o encaminhamento das vítimas para a Casa da Acolhida – é inadequada e coloca as mulheres em risco.
“No local, as vítimas podem passar por outros tipos de violência, visto que não é um espaço adequado. Além da falta de estrutura, há a presença de homens e usuários de drogas, o que compromete a segurança das mulheres e de seus filhos”, pontuou.
Violência em números
Em 2025, do total de casos registrados de violência doméstica contra mulheres, cerca de 53% envolvem vítimas adultas (20 a 59 anos), seguidas pela população jovem (até 19 anos), com 39% dos registros, e 8% contra mulheres idosas (60 anos ou mais).
Na série histórica, que leva em conta dados de 2015 a 2025, foram registradas 15.091 ocorrências na segunda maior cidade do Estado. Nesse mesmo período, ocorreram 27 casos de feminicídios.
Mais servidores para agilizar investigações na Delegacia da Mulher
Na última sexta-feira (21), os vereadores se reuniram para traçar ações e cobrar providências para corrigir falhas na rede de proteção às mulheres. O encontro foi proposto pelo vereador Sargento Prates (PL), em parceria com a coordenadora municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, Ana Caroline Prates.
Além da reativação da Casa Abrigo, outra questão preocupante foi destacada no encontro: a falta de profissionais de psicologia para o acolhimento das vítimas. Na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), por exemplo, além da carência de psicólogos, há um déficit de servidores para dar andamento a mais de mil inquéritos em aberto, conforme apuração dos parlamentares.
Prefeitura nega ambiente impróprio da Casa da Acolhida
Em nota, a Prefeitura de Dourados negou a afirmação dos vereadores de que a Casa da Acolhida não oferece um ambiente ideal para o acolhimento das vítimas. “A Casa da Acolhida proporciona um ambiente seguro, com assistência especializada às mulheres em situação de vulnerabilidade. A Secretaria de Assistência Social atende mulheres vítimas de violência por meio do projeto Viva Mulher, oferecendo suporte psicossocial e encaminhamentos necessários para reduzir os impactos da violência”.
A gestão municipal afirma que está traçando novas estratégias para ampliar o atendimento a mulheres vítimas de violência. “Para ampliar esse suporte, está em fase de implantação um projeto de atendimento psicológico e social, desenvolvido em parceria com a Coordenação de Direitos Humanos e Cidadania, instituições de ensino e voluntários, garantindo um acompanhamento mais qualificado”, conclui a nota.
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