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Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados
Dândara Genelhú - Publicado em
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professora discurso
Professora afirmou que foi convidada a se fantasiar para receber crianças. (Reprodução, Kaique Andrade, Arquivo Midiamax)

A fantasia de ‘Barbie’ de professora trans para recepção de alunos na rede municipal de Campo Grande foi novamente assunto na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul). Nesta quarta-feira (12), o deputado Pedro Kemp (PT) pediu respeito à professora Emy Santos.

Assim, o parlamentar destacou o currículo da profissional apontada em discurso do deputado João Henrique Catan (PL) na terça-feira (11). “Ontem, no meu entendimento, o deputado João Henrique fez aqui um discurso enviesado, um discurso inadequado que expôs, atacou publicamente a professora e artista Emy Santos, uma mulher trans, profissional de educação e servidora pública”, disse Kemp.

Para o deputado do PT, é preciso se atentar aos discursos e exposições de terceiros. Kemp indicou que é preciso uma apuração prévia da situação. “A professora Emy, como tantas outras da sua escola que atuam na educação infantil, ela preparou a recepção de seus alunos com ludicidade, com festa, tornando aquele primeiro dia de aula de acolhimento”, comentou.

Logo, o deputado estadual afirmou que “era uma ação pedagógica pensada pelas professoras, uma ação responsável, acolhedora, que foi aqui distorcida e transformada nesta Casa numa falsa narrativa de cunho moralista. Esses discursos moralistas acabam cometendo injustiças muito grandes que precisam ser reparadas”.

Sem preconceitos

Por sua vez, o deputado Catan disse que não cometeu preconceitos e negou exposição da professora. “Eu não expus em momento nenhum, foi exposto na rede social do professor, da professora, vamos respeitar o jeito que ela quer ser chamada. Quem expôs foi ela as crianças, a imagem quando é disponibilizada na rede mundial de computadores, ela é imagem de domínio público”, disse.

Na sessão da terça-feira (11), o deputado do PL compartilhou na tribuna o vídeo de recepção das crianças. “Fantasiado de travesti. Essa é a vestimenta para ir na sala de aula dar aula para as crianças?”, disse.

Contudo, nesta quarta-feira (12), afirmou que foi preconceituoso. “Não há preconceito nenhum da minha parte, eu sou o deputado que propôs um projeto para que os homossexuais possam doar sangue. Aquilo que é efetivo, nós temos que caminhar e avançar sem preconceito nenhum”.

Assim, apontou que o objetivo era questionar as vestimentas da professora. “Qual é o meu grande ponto, eu não gostaria de jeito nenhum, independente de gênero, que recebesse um filho meu de traje inadequado”, opinou.

Para Catan, os questionamentos foram “puramente jurídicos”. “Não há nenhum preconceito, há respeito. Se o professor, professora, se sente mulher, tem que respeitar quem se sente incomodado ou não gostaria de ver aquela performance com os filhos naquela faixa etária”, finalizou.

Não houve exagero

Além disso, o deputado Zé Teixeira (PSDB) também comentou sobre o discurso, que acompanhou a sessão da terça remotamente. “O que foi discutido foi o traje que a pessoa estava usando, não o que a pessoa era ou não”, afirmou.

Contudo, destacou que as roupas não deveriam causar a discussão. “Não achei o traje exagerado ontem, achei muito mais exagerado o professor da universidade Federal de Pernambuco dar aula pelado, sem nenhuma vestimenta, balançando o chocalho”, comentou.

Assim, disse que não houve exagero no episódio em Campo Grande. “Achei muito mais deprimente do que a roupa que a professora estava usando”.

Discurso preocupante

Durante o uso da palavra, Kemp destacou que o discurso de Catan “reforça o preconceito estrutural na sociedade e a desinformação sobre pessoas transsexuais. Pode fazer aumentar ainda mais o discurso de ódio e ações contra essas pessoas”.

Neste sentido, a deputada Gleice Jane (PT) disse que as palavras usadas pelo deputado do PL podem incentivar a discriminação. “Discursos como esses, discursos nessa Assembleia, incentivam essas pessoas a cometerem esses crimes. Então nós temos que ter aqui muita responsabilidade com nosso discurso”.

A deputada afirmou que “o único crime que a professora cometeu aqui é o de existir”. Então, pontuou que Mato Grosso do Sul é um dos estados que mais mata mulheres trans, “porque não aceita a existência dessas mulheres. Se fosse uma mulher vestida de homem, teria tanta polêmica? Todo mundo com esse desespero?”, questionou.

Além disso, afirmou que o discurso de Catan conteve “machismo”. Assim, pediu um debate amplo sobre a vida de mulheres trans e cis no Estado.

Por fim, a deputada destacou que a Secretaria Municipal de Educação confirmou que o uso de fantasias é instrumento pedagógico. “Quem entende de educação sabe que nada demais aconteceu naquela escola”, afirmou.

Manifestação da professora

A professora Emy Matheus Santos se manifestou após críticas do deputado estadual João Henrique Catan (PL) sobre recepção de alunos em escola municipal de Campo Grande. “Fui convidada a me fantasias para receber as crianças de forma diferente para o primeiro dia de aula”, afirmou a profissional da terça-feira (11).

Emy usou a própria rede social para responder às críticas. “Sou uma profissional, uma educadora, estudei para isso, sou uma mulher trans, sou travesti, essa é minha identidade”, afirmou.

Jornal Midiamax acionou a Semed (Secretaria Municipal de Educação) sobre o vídeo no fim da manhã da terça-feira (11). Em nota, a pasta informou que o fato aconteceu na Escola Municipal Irmã Zorzi.

“A Secretaria Municipal de Educação informa que está ciente da situação mencionada”. Assim, a Semed afirmou que o fantasias são recursos pedagógicos.

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