Após Magno Souza em 2022, PCO deve lançar candidatura indígena na disputa pela prefeitura de Dourados
Estratégia do partido é filiar mais de mil moradores de aldeias e retomadas
Marcos Morandi –
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A exemplo do que aconteceu nas últimas eleições majoritárias para o Governo do Estado, quando lançou Magno Souza, o PCO (Partido da Causa Operária) deve lançar um candidato indígena para a prefeitura de Dourados. O projeto é articulado com lideranças locais e conta com o aval da direção nacional da legenda.
A ideia já é colocada em prática pelo partido de esquerda, que na semana passada deflagrou uma campanha de filiação de indígenas nas retomadas (acampamentos) que ficam no entorno da Reserva Federal de Dourados e também em outras regiões. O objetivo é levar mais de mil moradores dessas comunidades para a legenda.
Caso o partido consiga lançar um nome das comunidades, Dourados terá pela segunda vez seguida uma candidatura indígena. Em 2020, a então prefeita Délia Razuk, que estava sem partido, desistiu da reeleição e lançou o advogado, Wilson Matos (PTB), de origem terena, como seu sucessor.
Sem empolgar o eleitorado douradense, Matos ficou em penúltimo lugar entre os sete candidatos, conquistando apenas 5.667 votos. Seu desempenho foi melhor que último colocado, Jeferson Bezerra (PMN), que obteve 344 votos.
Em 2022, o PCO lançou o indígena Magno de Souza e considera que sua participação na cena política, dominada pelo conservadorismo e também por candidaturas tradicionais, ganhou destaque. Em debate transmitido em rede estadual pelo Jornal Midiamax, o candidato fez duras críticas sobre a violência contra as comunidades dos povos originários da cidade.
“[…] Quero fazer uma denúncia de que os jagunços, seguranças privados, atiradores de elite estão perseguindo muitos indígenas, estão subindo numa caixa d’água da Sanesul, eles não têm direito de subir ali. Inclusive estou denunciando para o Ministério Público e estou denunciando também para o governador”, disse Magno durante o debate.
Para conquistar o eleitorado de Dourados, que é impulsionado pelo agronegócio, o diretório municipal do PCO acredita que é preciso evidenciar a independência política e ideológica da legenda durante a campanha.
“O PCO é um partido pequeno e com poucos recursos financeiros, por isso mesmo nossa perspectiva é diferente da perspectiva dos demais partidos. O PCO é um partido que tem uma grande independência política e ideológica. Nossa intenção principal nas eleições é dar voz à classe operária e aos grupos desfavorecidos, como é o caso dos índios”, explica Marcelo Salles Batarce, um dos dirigentes do partido em Dourados.
‘Não se trata de alegoria’
No entendimento do partido, o projeto para a prefeitura de Dourados não passa tão somente pelo lançamento de uma candidatura indígena qualquer. Segundo o diretório, não se trata de um nome para servir de alegoria, ou de cabo eleitoral para um partido.
“Em uma cidade com mais de 10% de indígenas, se o sistema eleitoral fosse democrático, seria natural que a comunidade indígena disputasse com grandes chances as cadeiras municipais. Mas os índios em Dourados e no Estado de modo geral, vivem em um regime de segregação”, justifica Batarce à reportagem do Jornal Midiamax.
As reuniões realizadas em Dourados e Amambai, na semana passada, foram acompanhadas pelo membro da Executiva Nacional do PCO, Antônio Carlos e resultou no ingresso de 100 novos filiados.
“Discutimos a criação de núcleos e diretórios do Partido da Causa Operária sob a liderança de representantes das comunidades indígenas em várias cidades, visando inclusive o lançamento de candidaturas a prefeitos vereadores das comunidades indígenas das aldeias e retomadas nas eleições deste ano”, explicou Antônio Carlos.
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