Grupos de moradores de áreas que estão em regularização pela prefeitura de Dourados protagonizaram cenas de agressões com xingamentos e até empurrões nessa segunda-feira (10) na Câmara Municipal de Vereadores.

O clima ficou tão tenso que o presidente da Casa de Leis, Laudir Munaretto (MDB), teve que suspender os trabalhos por quase meia hora até os ânimos ficassem mais calmos. A confusão teria iniciado por um empurrão contra uma manifestante que apoia a prefeitura.

Mesmo sem ter nenhum ponto de pauta relacionado às regularizações das áreas consideradas de proteção ambiental, alguns moradores empunhavam faixas contra os procedimentos da administração municipal. Segundo eles, cerca de 35 famílias estão sendo desalojadas.

“Viemos aqui para mostrar que algumas famílias dos bairros Santa Felicidade e Santa Fé podem ser despejadas. Além disso, a área foi oferecida pela prefeitura é, na verdade, um brejo onde não dá para construir nenhum barraco”, explica Alexson dos Santos, da ONG (Organização Não Governamental) Caminhando com Jesus.

Segundo Alexson, alguns terrenos do Santa Felicidade foram ocupados nas proximidades das áreas de proteção ambiental e alguns moradores terão que desocupar esses lotes. “O que não estamos entendendo é o fato dessas famílias estar sendo removidas para um lugar que também corre risco de ser inundado”, justifica.

Por outro lado, no entendimento de lideranças ligadas a outro grupo, não existe nenhuma irregularidade no projeto que está sendo realizado pela prefeitura.

“A maioria dos moradores está de acordo com os remanejamentos que precisam ser feitos. Esse outro grupo aqui só quer tumultuar”, ressalta Rosimeire da Silva, coordenadora estadual do Movimento de Luta pela Moradia.

‘Não existe despejo coletivo’

Para o ex-presidente da Agehab (Agência de Habitação de Dourados) e assessor especial da prefeitura, Diego Zanoni, esse projeto de regularização em curso é fruto de um planejamento que vem sendo discutido há mais de três anos, para tirar as famílias de situações de risco.

“Queremos deixar claro que não se trata de um despejo coletivo como vendo alardeado nas redes sociais de forma equivocada. Caso essas notificações teriam que ser feitas pelo próprio Judiciário. Isso geraria um problema muito maior para própria administração municipal”, explica Zanoni.

Após o tumulto gerado entre os grupos divergentes de moradores, uma comissão formada pelos vereadores Rogério Yuri (PSDB, Jânio Miguel) PP), Liandra da Saúde (PSDB) e Marcio Pudim (PSDB) decidiu acompanhar de perto a situação nos bairros Santa Felicidade e Santa Fé.