O ex-governador e presidente da executiva estadual do PSDB, Reinaldo Azambuja, “jogou” a culpa sobre a troca do candidato à prefeitura de Anastácio para o diretório municipal. O ex-prefeito e até então pré-candidato, Douglas Figueiredo, foi preterido pela sigla e, na última quinta-feira (1), “desafiou” Azambuja a cumprir o acordo de ouvir as pesquisas, que teriam apontado Figueiredo como favorito. 

Isso vem depois que o partido tucano em Anastácio teria trocado Figueiredo por Manoel Aparecido da Silva, conhecido como Cido, para concorrer a cadeira do chefe do executivo municipal. Cido foi secretário de saúde do prefeito e presidente municipal do PSDB, Nildo Alves. A convenção partidária, marcada para domingo (4), já é anunciada com Cido como o escolhido da sigla. 

Em conversa com o Midiamax na quinta, Douglas Figueiredo afirmou que ainda não tinha conversado com Azambuja sobre o assunto, mas esperava que até esta sexta-feira (2), o ex-governador cumprisse o acordo sobre o critério de escolha do candidato à prefeitura. 

A reportagem entrou em contato com Reinaldo Azambuja para perguntar sobre quem seria o candidato do PSDB em Anastácio e se já teria conversado com Figueiredo. O presidente estadual do partido limitou-se a dizer que “esta decisão é do diretório de Anastácio e do prefeito Nildo”, jogando a responsabilidade para a sigla no município. 

Confira na íntegra a nota de Douglas Figueiredo em que “desafia” o cumprimento do acordo:

“Existe um acordo feito com o presidente da executiva estadual Reinaldo Azambuja e o presidente da municipal Nildo Alves, que o critério seria pesquisa para escolha do candidato a prefeito em Anastácio, o que achei justo e natural. Pesquisas foram feitas e mostrou eu liderando em todos cenários.

Espero que até sexta-feira o compromisso seja cumprido, até porque não entrei no partido pela porta do fundo, fui convidado pelos presidentes da estadual e municipal, e mudar a regra do jogo não seria correto. O presidente do PSDB estadual Reinaldo Azambuja ainda não me comunicou sobre essa situação criada pela executiva municipal de não cumprir o pactuado, inclusive a Executiva estadual poderá confirmar ou não a decisão local comandada pelo atual prefeito.

Estou no aguardo de que tudo seja resolvido com diálogo como se faz na boa política. Normal que haja essas movimentações nas vésperas das convenções e espero que tudo seja resolvido da melhor maneira possível internamente pelo partido”, finaliza Douglas. 

Dança das cadeiras

Após polêmicas envolvendo a morte de ex-vereador Dinho Vital e contas bloqueadas pela Justiça, Douglas Figueiredo pode não disputar as eleições de 2024 para a prefeitura de Anastácio pelo PSDB, a 137 km de Campo Grande. 

O partido tucano teria trocado o ex-prefeito Douglas Figueredo – que até então era o pré-candidato do partido – pelo ex-secretário de saúde da atual gestão, Manoel Aparecido da Silva, conhecido como Cido, para concorrer a cadeira do chefe do executivo municipal. 

Contas bloqueadas e lista do TCE

Douglas Figueiredo virou réu por improbidade administrativa e teve R$ 639.194,17 em bens bloqueados. A decisão foi do juiz Luciano Pedro Beladelli, da 1ª Vara de Anastácio.

O juiz aceitou a denúncia do Ministério Público, que se baseou em relatório de auditoria do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado) que apontou práticas de improbidade administrativa, com danos ao erário, enquanto era prefeito de Anastácio, no período referente ao exercício fiscal de 2015. Foram citadas as seguintes situações:

  • Permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
  • Ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
  • Celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei.

O ex-prefeito de Anastácio entre 2010 e 2016 acumulou multas e irregularidades constatadas pelo TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) que fizeram o nome do tucano constar na lista de contas julgadas irregulares com trânsito em julgado – não passível de recurso.

Dessa forma, o apadrinhado de Reinaldo Azambuja pode ser considerado inelegível pelo TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de MS).

No total, são 4 processos que implicam Douglas. Em um deles, o TC/18718/2016 refere-se a irregularidades encontradas durante auditoria do exercício de 2015 do tucano na prefeitura de Anastácio.

Assim, o referido processo condenou administrativamente Douglas Figueiredo a ressarcir os cofres municipais. Além disso, o processo foi encaminhado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) que acionou o ex-prefeito de Anastácio na Justiça em ação de improbidade administrativa.

O processo segue na Justiça e Douglas teve bens bloqueados (5 veículos) até o valor de R$ 639.194,17 para garantir que após sentença com trânsito em julgado os valores sejam ressarcidos ao município em caso de condenação. O valor apurado inicialmente era de R$ 183.238,52, mas foi corrigido com juros e correção monetária.

Em relação à lista do TCE-MS, Douglas afirma que vai entrar com pedido de nulidade, assim como fez seu correligionário Beto Pereira, pré-candidato do PSDB em Campo Grande.

“Vou exercer esse direito de petição garantido pela constituição. Não posso ser acusado de processos que nunca fui intimado e nada sabia de suas existências”, declarou Douglas.

Ainda conforme o pré-candidato do PSDB em Anastácio, ele não teria sido intimado e alega não ter tido a ‘oportunidade’ de se defender.

Preso em flagrante com pistola e carabinas

Durante operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que investiga a morte do ex-vereador Dinho Vital, em um suposto confronto com a PM após uma festa na cidade. Douglas foi preso em flagrante com uma pistola em casa, além de duas carabinas.

Quando os agentes cumpriram os mandados de busca e apreensão, encontraram duas carabinas, uma de calibre .38 e outra .22, sem numeração e marca aparente. Além de uma pistola 9mm, com um carregador e 14 munições. O armamento estava escondido em móveis dentro da casa de Douglas.

Dessa forma, ele acabou preso e levado para a delegacia de polícia. Ele foi solto após pagar fiança de R$ 15 mil.

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