O vereador Ayrton Araújo (PT) anunciou nesta terça-feira (29) que deixou a presidência da comissão que analisa os contratos das empresas implicadas na investigação Cascalhos de Areia com a prefeitura de Campo Grande. Isso porque, por orientação do partido, Ayrton deverá insistir em pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para analisar os contratos, firmados na gestão de Marquinhos Trad (PSD).

“O pedido de abertura da CPI, proposta pelo vereador Marcos Tabosa (PDT), foi feito antes do recesso e não conseguimos assinaturas necessárias”. Na época, o professor André Luis (Rede), Tiago Vargas (PSD), Valdir Gomes (PSD) e Luiza Ribeiro (PT) assinaram a favor.

A Comissão era formada por Ayrton Araújo do PT como presidente e o relator Clodilson Pires (Podemos). Além dos dois parlamentares, o colegiado também conta com os vereadores Ademir Santana (PSDB), Dr. Jamal (MDB) e Silvio Pitu (PSD).

Empresas investigadas

As empresas relatadas na investigação seriam pertencentes ao empresário André Luiz dos Santos, o ‘Patrola’. São elas a Engenex Construções e Serviços (CNPJ 14.157.791/0001-72) e a A.L.S. Construtora (CNPJ 15.084.261/0001-04).

A investigação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) foi até os locais onde supostamente deveriam ocorrer obras, conforme detalhado nos contratos milionários. No entanto, foram encontradas ruas de terra.

O Midiamax detalhou os endereços apontados no procedimento, que foram vistoriados. Em quase todos os relatórios, o resultado foi de que não havia indícios de intervenção ou melhorias.

No máximo, algumas ruas foram niveladas. Porém, nem mesmo cascalho foi colocado e os moradores das regiões afetadas reclamavam da falta de obras. Os servidores da Sisep alvos da operação foram Medhi Talayeh, engenheiro e supervisor, Edivaldo Aquino Pereira, gestor de projetos, Erik Antônio Valadão Ferreira de Paula, Fernando de Souza Oliveira, e o ex-secretário Rudi Fiorese.

A Sisep foi alvo de buscas durante a operação. Nas investigações, o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) identificou que a Engenex Construções contratava pessoal meses antes de vencer as licitações com a Prefeitura de Campo Grande. O primeiro contrato teria acontecido em 2012.

Os contratos seguiram na gestão de Marquinhos Trad (PSD) em 2018. O primeiro contrato de 2012 teria sido para limpeza e manutenção de praças, conquistado 5 meses após a Engenex ser criada, na época pelo pai de Mamed Dib Rahim.

Os outros três contratos firmados com a prefeitura são para serviços relacionados com execução de manutenção de vias não pavimentadas e estão em andamento.

Ruas que não foram pavimentadas

Rua Cairiri – Jardim São Conrado

Rua Coronel Athos P. da Silveira – São Conrado

Rua Vitória Zardo – São Conrado

Rua Silvio Aiala Silveira – Trecho entre as ruas Avenida Cinco e rua sem saída

Rua Eliza Regina – Trecho entre as ruas Avenida Sete e Silvio Aiala Silveira

Rua Elizete Cardoso – Trecho entre as ruas Avenida Sete e Silvio Aiala Silveira

Rua Vaz de Caminha – Trecho entre as ruas Andrade Neves e Ataulfo Paiva

Rua Ataufo Paiva – Trecho entre as ruas Vaz de Caminha e Borborema

Rua Ataufo Paiva – Trecho entre as ruas Borborema e Brás Pina

Rua Ataufo Paiva – Trecho entre as ruas Brás Pina e Bartolomeu Mitre

Rua Osasco – Trecho entre as ruas Adventor Divino e Conquista

Intervenção em ruas já pavimentadas

Nas datas de 13 e 21 de janeiro de 2021, a Engenex teria realizado intervenções na Avenida Prefeito Lúdio Martins Coelho, nos trechos entre as ruas Panambi Vera e Angelo Marques Zafalon, rua Manoelita Alves da Silva e Maria Alves Coimbra.

O contrato nº 194/2018 previa a manutenção de vias não pavimentadas. Contudo, a Avenida Lúdio Martins possui pavimentação, “impossibilitando assim a intervenção da empresa Engenex no local”.

Logo, também não poderia ser realizada a manutenção prevista na planilha para a rua Avenida das Mansões, com trecho entre as ruas Maria Carlota Giordano e Armando Capriata — que também é pavimentado.