A senadora Soraya Thronicke assume a presidência estadual do Podemos em Mato Grosso do Sul no próximo dia 30 de novembro, pouco mais de quatro meses após se filiar ao partido. A informação é da direção nacional do partido.

Atual presidente do Podemos em Mato Grosso do Sul, Sérgio Murilo disse ao Jornal Midiamax que os filiados estão revoltados com a decisão da direção nacional em colocar o partido ‘nas mãos’ de Soraya.

Nesta terça-feira (14), Murilo recebeu mais de 40 membros de diretórios municipais, vereadores e filiados que contestam a senadora Soraya Thronicke como presidente da sigla. Murilo afirma que há grande chance de ‘debandada’ na sigla, caso Soraya assuma.

A senadora, que se filiou em junho deste ano, está com a posse marcada com a presença de Renata Abreu, presidente nacional, que teria articulado para que a parlamentar assumisse o partido no Estado. Segundo Murilo, a pedido do PSDB.

“A grande preocupação dos filiados é que a senadora assuma o partido, que eu ajudei a construir, que hoje tem mais de 12 mil filiados, em um alinhamento com o PSDB. Hoje, a única alternativa que quem quer disputar encontra é o Podemos pelo Estado”, pontua Murilo.

O presidente explica que dos 79 municípios, 70 têm prefeitos filiados ao PSDB. “E em que condições isso se deu? Os preteridos buscam outra sigla hoje, que não seja o MDB, o PP, o Republicanos, que são partidos alinhados com os tucanos. E não querem perder isso que o Podemos oferece, estão preocupados com a vinda da senadora em possível acordo com o PSDB”, diz.

Murilo explica que os filiados entendem que “em partido que está ganhando não se mexe”.

O presidente lembra que o partido cresceu ‘com muito esforço’ após ele assumir a sigla. “Saltamos para 12 mil filiados. A gente tinha um vereador, hoje tem 35. Nenhum prefeito, e hoje temos dois”, contabiliza.

‘Debandada’

O presidente disse esperar que Soraya o procure, o que ainda não fez, para decidir o que fazer. “Temos que avaliar se ela assumir o partido será um movimento palatável, que venha para participar e construir algo como grupo. Se não for assim, se não for da vontade dela também que eu permaneça, eu saio. Mas os diretórios formados e esses 35 vereadores afirmaram que saem junto comigo e, juntos, vamos encontrar outra composição que nos ofereça suporte para traçar esse caminho eleitoral e alternativo que buscamos”, explica.

Murilo explica que quando houve a primeira abordagem da executiva nacional, ficou acertado que o posicionamento do partido não seria modificado. No entanto, a conversa mudou.

“Ouvi que deveria tirar férias, esperar a Soraya assumir e ver no que dava. Ouvi da nacional. E essa postura é o mesmo que dizimar o posicionamento de mais de 12 mil filiados. Eu trabalho pelo resultado democrático e estão… não chega a ser absolutismo, mas é uma gestão que consegue dissuadir uma oposição e colocar todos juntos. Com essa conversa de que ‘fica aqui que é bem melhor’, mas dissuadindo das disputas saudáveis da democracia”, pontua.

Murilo disse aguardar que a senadora o procure para conversar. A reportagem acionou Soraya Thronicke por ligação e pela assessoria, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para posicionamento.