O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, autorizou a Força Nacional a acompanhar inspeção em aldeias no município de Naviraí e também operação na região da fronteira seca entre o Brasil e o Paraguai. A permissão foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) desta sexta-feira (16).
Segundo o texto, a análise será realizada no período de 30 dias na comunidade indígena Kurupi Santiago Kue. A fiscalização se deve em razão de uma ação movida pelos proprietários de terras ao entorno, sendo eles Miguel Alexandre e Valdecir Lunas Santos.
“Sem prejuízo, este juízo acredita ser relevante uma inspeção judicial no local antes da audiência, para conhecer com mais detalhes a região e, inclusive, conversar com ambas as partes”, sustentou a resolução.
No dia 27 de março deste ano, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e a organização indígena Aty Guasu denunciaram um ataque ilegal à comunidade Kurupi Santiago Kuê. Segundo a organização, o acesso à propriedade foi feito sob escolta da Polícia Militar do Estado junto de funcionários da Fazenda Balneário do Tejuí, que avançaram com tratores sobre a comunidade, destruindo barracos e instrumentos sagrados da retomada.
Duas semanas antes, no dia 16 de março, indígenas registraram, em vídeo, um helicóptero sobrevoando a comunidade enquanto pistoleiros atiravam sobre as casas. O imbróglio se arrasta desde 2014, quando o proprietário do imóvel, o fazendeiro Miguel Alexandre, moveu uma ação de reintegração de posse contra os indígenas.
O fazendeiro e o irmão Pedro, falecido em 2019, eram donos da cerealista Irmãos Alexandre e possuem, juntos, nove fazendas em Naviraí, totalizando 1.214 hectares.
