Biólogo, governador de MS quer usar ciência para salvar animais do Pantanal dos atropelamentos

Programa Estrada Viva está focado na construção de rodovias adaptadas para ultrapassagens de animais, pesquisas e sinalizações a condutores em MS

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Eduardo Riedel
Governador Eduardo Riedel (Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

Mato Grosso do Sul é rico em fauna e flora justamente por estar situado nos biomas Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado. Devido à grande quantidade de espécies que circulam diariamente entre as rodovias, muitos animais são vítimas de atropelamento. Para resolver esse problema, o Programa Estrada Viva focará as atividades de 2023 nas sinalizações de rodovias e investimentos em pesquisas científicas.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, o governador Eduardo Riedel (PSDB), que também é biólogo, relembrou que o Programa Estrada Viva é desenvolvido pelo Governo de Mato Grosso do Sul em parceria com o Centro de Estudo em Meio Ambiente e Áreas Protegidas da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Cemap/UEMS).

Em atividade desde 2021, o projeto tem como foco investir nas sinalizações das rodovias, adequar trajetos e promover ações de conscientização.

Estrada Viva é um projeto que começou a partir de conceito trazido por ONGs de proteção à vida animal selvagem, fruto de estudos que a UEMS, UFMS e Unesp possuem em relação ao índice de atropelamento de animais nas estradas de Mato Grosso do Sul e isso leva a possibilidade de ações por parte do Estado, principalmente da Agesul para fazer intervenções para buscar minimizar esses acidentes”, ressalta o governador.

Dessa forma, trata-se de um programa em construção para a implementação dessas medidas nas estradas já existentes. “Por um outro lado, foi realizado manual de construção para que qualquer projeto do Estado para que seja feita uma nova rodovia já contemple essas ações mitigatórias”, diz o gestor.

Atualmente as orientações técnicas para a elaboração dos projetos de pavimentação e revitalização de rodovias no Estado são colocadas em prática com o uso do “Manual de orientações técnicas para mitigação de colisões veiculares com a fauna silvestre nas rodovias de Mato Grosso do Sul”.

Assim, o documento é utilizado como base na contratação de projetos viários para que novas obras tenham dispositivos de segurança para os animais previstos em projetos executivos.

Estrada Viva: readequação de rodovias

Nas rodovias do Estado, Riedel pontua a construção de passagens subterrâneas para animais, passagens aéreas para primatas, grades de proteção onde há grande fluxo de capivaras e antas, por exemplo, além da sinalização. Dessa forma, novas estradas são construídas já contemplando a dinâmica do Estrada Viva.

Riedel ainda cita que a MS-040 já teve e terá investimentos nesse sentido por ter fluxo de passagens de antas. Além disso, a MS-345 e MS-245 também recebem adequações por estarem na região da serra da Bodoquena e serem pontos estratégicos de preservação animal.

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Obras na rodovia MS-345 (Foto: Divulgação/GOV MS)

A rodovia MS-345, por exemplo, é a primeira construída considerando as normas do programa, com seis pontos de passagem específicos ao longo da estrada, entre a Estrada do 21, saindo da BR-419, e Bonito. Dessa forma, o estudo das espécies é fundamental para pontuar onde medidas devem ser colocadas.

Importância da ciência

Durante a entrevista, Eduardo Riedel ainda comentou ter a primeira formação em biologia, algo que o influenciou para colocar os holofotes no Estrada Viva em 2023. Para ele, tudo é feito a partir da ciência. Por isso, deseja fomentar as pesquisas do Estado.

Eduardo Riedel fala sobre Estrada Viva
(Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

“O programa, a engenharia e a intervenção são ferramentas obtidas a partir do conhecimento que a ciência produz. A gente tem que fortalecer a relação com os grupos de pesquisa para ter informação correta, conhecimento técnico e científico para otimizar a aplicação desse recurso com o principal objetivo de proteger a vida animal e das pessoas”.

Além disso, por Mato Grosso do Sul ter fauna exuberante, o que acarreta nos grandes índices de atropelamento, a sinalização será outro ponto fundamental para alertar a população.

“A sinalização e o alerta ajudam a mudar o comportamento do usuário. A estrada de Bonito, por exemplo, vai ter uma sinalização totalmente voltada a atenção na condução, na cautela”.

Aplicativo MS Digital

Para ajudar no registro de acidentes, o governo disponibiliza o aplicativo MS Digital, onde existe a ferramenta ‘Estrada Viva’. Por ela, é possível comunicar casos de animais atropelados ou vistos nas pistas e acionar as autoridades competentes para fazer a retirada, em casos de óbitos, ou resgate até o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), de Campo Grande.

“Somos um dos poucos Estados que têm uma estrutura para poder receber os animais quepassem por um atropelamento e não venham a morrer. Temos aqui um dos principais hospitais veterinários de reabilitação de animais silvestres do Brasil, no Cras, e o hospital veterinário está ao lado. A gente tem todo o sistema de reabilitação desses animais, não é só a mitigação do atropelamento. É também um trabalho para que quando há o atropelamento, o animal possas ser atendido e levado para reabilitação”, pontua o governador.

O aplicativo já está disponível e passará por aprimoramento.

Monitoramento e ações

O Estrada Viva é um programa permanente de monitoramento e ações de redução de atropelamento de animais silvestres e já está presente nas MS-040, MS-178, MS-382, MS 339, MS-450, MS-345 e MS-245.

Por fim, Riedel reforça que o programa deve fazer campanhas de prevenção, cautela e mostrar os dados do trabalho para a população ter maior conscientização.

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